O flagelo ambiental do carvão

Energia Nuclear
Responder

Autor do tópico
bcarmona
Membro Silver
Membro Silver
Mensagens: 112
Registado: terça jun 14, 2011 9:55 am

O flagelo ambiental do carvão

Mensagem por bcarmona »

O Público noticiou que no passado dia 10 de Agosto os níveis de ozono no ar nas zonas de Palmela, Almada e Barreiro ultrapassaram os limites legais. A formação de ozono ao nível do solo é potenciada pela emissão para a atmosfera de óxidos de azoto (NOx). Os óxidos de azoto são alguns dos produtos libertados para a atmosfera pela queima de carvão em centrais termoeléctricas. Portugal não foge a este flagelo dado que, em média, 20% da nossa electricidade é produzida recorrendo a esse combustível fóssil.
Não estou a insinuar que a presença destes valores elevados de ozono na atmosfera da margem sul é culpa exclusiva da central a carvão que opera em Sines mas também não se pode escamotear o contributo decisivo que ela tem.
Produção eléctrica portuguesa 2009 e 2010 (REN)
O carvão é, de longe, a fonte de energia eléctrica mais poluidora mas também a mais usada no mundo. Erradicá-la da face da Terra devia ser o primeiro desígnio no combate da humanidade contra o seu impacto no ambiente. Mas não é, em nenhuma parte do mundo. Nem mesmo na Europa, auto-proclamada pioneira na defesa do meio ambiente.
O compromisso europeu de combate às alterações climáticas e políticas energéticas é conhecido como metas “20-20-20”:
- 20% de redução de consumo de energia primária através de eficiência energética
O objectivo reúne consenso mas a meta é algo utópica e dificilmente será atingida. Se vier a acontecer acredito que será mais um mérito de contracção da actividade económica do que de ganhos substanciais ganhos de eficiência no consumo. A redução do consumo eléctrico é uma das grandes apostas dos defensores das renováveis simplesmente porque as energias renováveis sozinhas não serão capazes de cobrir a procura.
- 20% de redução de emissão de gases de efeito de estufa abaixo dos níveis de 1990
O efeito de estufa antropogénico é o menos perigoso dos efeitos provocados pela libertação de gases na produção energética. Ainda assim, para o sector eléctrico, podia deduzir-se que isso representaria o phase-out das centrais a carvão. Isto porque as centrais a carvão emitem o dobro dos gases de efeito de estufa (GEE) do gás natural. As restantes fontes são quase neutras na emissão de GEE. Por arrasto haveria redução de todos os outros danos para a saúde pública associados à queima do carvão, tal como o já discutido aumento dos níveis de ozono ao nível do solo. Mas em 2009 ficámos a saber que a EU vai perseguir esse objectivo desenvolvendo a captura e armazenamento de CO2 (CCS) nas centrais termoeléctricas. Porém esta é uma técnica que está longe de estar tecnologicamente dominada, que coloca sérias questões ambientais de estanquicidade dos depósitos de CO2 e que aniquila a competitividade económica das centrais termoeléctricas. A energia nuclear é neutra em emissão de gases, segura, economicamente competitiva e amplamente dominada. Não existirá aqui algum tipo de contradição? Quer-se apostar numa tecnologia não confirmada e mais cara do que uma que é mais eficaz e barata a obter os resultados e que já deu provas disso.
- 20% de integração de fontes renováveis na geração de energia
Qual é o maior inimigo da saúde pública? Qual é o maior emissor de GEE? Qual é a fonte de energia que mais radioactividade emite? O carvão. Não faria sentido que a terceira meta fosse reduzir em 20% o contributo desta fonte? E não faria sentido trocar a mais nociva das fontes de electricidade de base pela mais benigna delas? Se faz, a energia nuclear devia ser a nossa aposta. As energias renováveis, como não me canso de dizer, pela sua intermitência e incontrolabilidade, não asseguram produção fiável de electricidade de base. Não são alternativa ao carvão.

http://luzligada.blogspot.com/2011/08/o ... arvao.html


Ferra
Membro Gold
Membro Gold
Mensagens: 1223
Registado: quinta fev 15, 2007 7:39 pm
Localização: terras de oureana

Re: O flagelo ambiental do carvão

Mensagem por Ferra »

Os oxidos de azoto também são expelidos pelos escapes dos veiculos a gasoleo
Só sei que nada sei. Mas estou a aprender! :-)

Avatar do Utilizador

Dínamo verde
Membro
Membro
Mensagens: 20
Registado: sábado mar 26, 2011 8:43 pm

Re: O flagelo ambiental do carvão

Mensagem por Dínamo verde »

Sorte que aqui no Brasil a maior parte da energia gerada é de centrais hidroelétricas. Aqui em casa a energia vem de Itaipu!

Avatar do Utilizador

sergiomms
Membro Gold
Membro Gold
Mensagens: 1351
Registado: quinta nov 15, 2007 1:05 pm
Localização: Almada

Re: O flagelo ambiental do carvão

Mensagem por sergiomms »

Olá Bruno, estiveste desaparecido :)

Também concordo que a redução do consumo seja algo utópico, e a eficiencia energética não chega para cobrir as ineficiencias.

O carvão também tem os seus lobbies, já ponderaste para onde vai a cinza? Existem contratos de fornecimento de cinza que não podem ser quebrados, e já aconteceu estar a queimar apenas para satisfazer esse compromisso ocultando a produção renovavel.

A energia hidroelectrica, não é imprevisivelmente variavel como referes, e pode muito bem servir de energia de base como alternativa ao carvão e/ou ao nuclear.

A nuclear é cara e muito polémica!
Mas gostei de ver num canal de cabo (não me lembro se era o Odisseia, Nat Geo ou outro) que em chernobil, houve um casal que depois do acidente, se recusou a sair da area afectada e ainda hoje lá andam e falam pelos cotovelos, conseguiram ter electricidade gratuita :)

Ainda espero o teu estudo sobre a capacidade hidrica do pais ;)
sergiomms

Responder

Voltar para “Energia Nuclear”