Central de biomassa em Sintra assusta moradores

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luimio
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Central de biomassa em Sintra assusta moradores

Mensagem por luimio »

na abrunheira, concelho de sintra, a população local não foi informada de que, em 2008, terá uma central de biomassa à porta, com capacidade para produzir três megawatts de energia térmica e eléctrica, através da queima de resíduos florestais e agrícolas. de acordo com a agência municipal de energia de sintra (ames), a central poderá abastecer quase cem mil pessoas.

alguns moradores dizem nunca ter ouvido falar do projecto. quando confrontada com a possibilidade de a zona industrial da abrunheira vir a acolher a central, uma moradora afirma: "estamos contra. vamos juntar o povo todo porque não queremos cá isso." nas conversas de café, uns mostram-se indiferentes, outros não.

a opinião geral é de que há falta de informação e de que a junta de freguesia de são pedro de penaferrim, a que pertence a abrunheira, devia organizar uma sessão de esclarecimento. segundo o autarca de são pedro de penaferrim, fernando cunha (psd), a ames dará um esclarecimento técnico em junho. até lá, os moradores podem enviar as suas dúvidas para o e-mail da junta.

recentemente, em assembleia de freguesia, o ps apresentou uma moção com o objectivo de submeter a discussão pública o projecto de instalação da central. a assembleia disse ter tomado conhecimento do assunto através da imprensa. para fernando cunha, "até ver, não há nada contra a central". o autarca aponta as vantagens que esta poderá trazer à abrunheira. desde logo a criação de postos de trabalho, numa localidade em que dos 4000 habitantes, mais de 230 estão desempregados. pedro ventura (cdu) adianta que a instalação da central, orçada em 15 milhões de euros, "é um investimento estruturante", já que promoverá a criação directa de 25 a 30 microempresas, um factor que "revitalizará a economia da zona".

de entre os impactes que a central poderá trazer à abrunheira, a moção socialista aponta o agravamento das condições de mobilidade, devido à passagem de veículos pesados, "que terão de atravessar a localidade, onde a circulação já é difícil e desordenada". pedro ventura refere, a este propósito, que as rotas de circulação estão ainda por definir.

a juntar às críticas dos socialistas está também o aumento "dos níveis de poluição atmosférica e sonora", como consequência da actividade da central. pedro ventura admite que esta poderá ser minimizada, dando a título de exemplo a central de mortágua, distrito de viseu, onde as chaminés têm sistemas de filtros.

na zona industrial da abrunheira, ainda não foi definido o local exacto para a instalação da central, mas luís fernandes, director da ames, adianta que "a direcção-geral da energia tem terrenos objectivados".

numa altura em que os protestos contra a colocação de postes de alta tensão têm aumentado de tom no concelho de sintra, alguns populares estão receosos quanto às estruturas adjacentes à central de biomassa. luís fernandes tranquiliza, explicando que não será efectuada a instalação de postes para fazer a distribuição de energia, já que "as ligações são feitas através de subestações", sendo as unidades industriais em torno da central, num raio de três quilómetros, alimentadas directamente, com energia eléctrica e térmica.

apesar de enumerar as vantagens deste equipamento - redução da factura eléctrica e da dependência face ao petróleo, protecção da floresta e dinamização da agricultura, através do incentivo às culturas energéticas -, pedro ventura defende a realização de um estudo de impacte ambiental, bem como a consulta da população local: "a câmara municipal de sintra deve promover o esclarecimento", afirma.

para o director da ames, uma coisa é certa: a população abrangida pela central só deverá ser informada "a partir do momento em que haja certezas".

sílvia nogal dias
rui coutinho
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