os contadores vão mudar em portugal e espanha devido à harmonização energética.

a factura não pára de subir. são cerca de 600 milhões de euros, em portugal, a que se juntam agora mais de quatro mil milhões de euros do outro lado da fronteira, só para pagar a harmonização e substituição dos contadores de electricidade por outros que permitam a telecontagem.
ou seja, um sofisticado sistema de facturação e transmissão de dados que irá dispensar desde a visita periódica de técnicos para a leitura dos contadores até à possibilidade de micro-produção de electricidade por parte dos pequenos consumidores.
esta obrigatoriedade, que envolve seis mil clientes nacionais e 22 mil espanhóis, está associada à criação do mercado ibérico de electricidade, operacional desde 1 de julho passado.
a operação, cujo valor final ainda não está totalmente fechado e que deverá ser suportada financeiramente, em parte, pelos operadores eléctricos, sendo depois repercutida no consumidor, é encarada, não só pelo governo, como pelo mercado como uma oportunidade para a indústria nacional.
a própria entidade reguladora dos serviços energéticos (erse) já começou a auscultar os fabricantes de contadores para avaliar, não só o grau de maturidade das tecnologias, como a necessidade de normalização ou as funcionalidades e aplicações dos contadores.
e o tempo urge. o plano de compatibilização regulatória refere expressamente que os governos de portugal e espanha decidiram que todos os novos contadores a instalar, a partir de julho de 2007, são digitais com telecontagem. mas antes de se avançar com este processo é preciso fazer um levantamento exaustivo junto de todas as entidades interessadas no sector energético. razão pela qual a erse iniciou esta etapa antes de lançar, na segunda quinzena de setembro, uma consulta pública sobre esta matéria.
o conselho de reguladores do mibel, entidade que reúne a erse e a homóloga espanhola, bem como as comissões de valores dos mercados imobiliários dos dois países terá que apresentar, até outubro um plano e um calendário harmonizado de substituição de todos os contadores e uma proposta para as especificações e funcionalidade mínimas.
se para a edp, que controla cerca de seis milhões de clientes domésticos e pequenas empresas (baixa tensão e baixa tensão especial), a questão é relativamente pacífica enquanto aguarda a clarificação deste processo, em espanha o sector está ao rubro. há um verdadeiro braço de ferro entre os operadores eléctricos e o executivo de madrid. as empresas queixam-se que o governo está a trabalhar à sua revelia e que não quer transferir para a tarifa estes encargos, nem usar dinheiros públicos.
candidatos na corrida ao novo mercado
a lista de potenciais candidatos à exploração do negócio da telecontagem no sector eléctrico não pára de aumentar. a efacec, empresa líder na área da electromecânica liderada por luís filipe pereira, está entre as mais recentes interessadas na futura operação de mudança de contadores. a procurar posicionar-se encontra-se também o grupo edp, mais precisamente a sua participada edp inovação que não quer ficar à margem do negócio. só neste segmento, a maior eléctrica nacional já investiu mais de 40 milhões de euros em investigação. até porque os clientes do segmento industrial, há muito que dispõem desta solução. outro empresário atento é pedro sampaio nunes, um dos maiores defensores do nuclear em portugal e parceiro de negócio de patrick monteiro de barros. constituiu um consórcio, o suit (sistema universal e independente de telecontagem), a qual se propõe instalar um sistema universal de leitura inteligente de consumos de electricidade, gás e água.
ana maria gonçalves
