lisboa, 18 nov (lusa) - a assembleia municipal de lisboa chumbou hoje a abertura da contratação para a criação de uma rede de bicicletas partilhadas na cidade, com a maioria psd a afirmar que a proposta da câmara de maioria ps é "mal fundamentada".
o presidente da câmara, antónio costa, afirmou aos jornalistas que a autarquia vai "tentar por outras vias" concretizar o projecto, acusando o psd de estar "entrincheirado numa maioria artificial" na assembleia municipal a "impedir a realização do programa" do executivo de maioria socialista.
o deputado municipal social-democrata victor gonçalves afirmou na discusssão da proposta que "não há vontade da câmara municipal" em esclarecer como vai ser financiada a rede de bicicletas públicas, considerando que o executivo devia explicar como pretende que o sistema seja auto-financiado e considerando "um exagero" a estimativa de encargos para a autarquia de 50 milhões de euros nos primeiros dez anos.
o vereador socialista marcos perestrelo dispôs-se a alterar a proposta para que ficasse explícito que o projecto devia ser auto-financiado, eliminando assim a expectativa de encargos de 50 milhões, mas a maioria psd manteve a oposição, referindo a falta de tradição de tráfego de bicicletas em lisboa, as condições do relevo da cidade e a falta de infraestruturas para a circulação em duas rodas.
marcos perestrello remeteu para as receitas publicitárias o financiamento da rede de bicicletas partilhadas.
"passam-se dias sem ver alguém a andar de bicicleta", contrapôs victor gonçalves, que pôs ainda em causa a viabilidade de as bicicletas serem estandartes de publicidade: "como vai ser? o ciclista vai ter um cartaz às costas?", questionou.
antónio costa frisou que a câmara já aprovou um projecto para a construção de "quarenta quilómetros de ciclovias", já começou a instalar espaços de estacionamento para as bicicletas e que "não há tradição de andar de bicicleta enquanto não se der condições para isso".
"se [o deputado victor gonçalves] não quiser andar de bicicleta, ninguém o vai obrigar. agora, não queira impedir quem quer andar de o fazer", afirmou o autarca socialista.
o projecto acabou por ser chumbado com os votos negativos do psd e do pcp.
aquando da aprovação da abertura do concurso para a instalação da rede de bicicletas de uso partilhado em reunião de câmara, o executivo autárquico aprovou igualmente uma proposta adicional da cdu, que pedia a clarificação do conceito de "via ciclável", das condições de segurança do piso e eventuais alterações necessárias ao código da estrada para o funcionamento do serviço.
a rede a criar deveria funcionar com 2.500 bicicletas de uso partilhado em 2012, arrancando com mil bicicletas numa fase inicial.
em outubro, a comissão municipal de urbanismo, presidida por victor gonçalves, já tinha defendido que a assembleia precisava de ter "o conhecimento integral dos investimentos envolvidos e dos encargos resultantes para lisboa e para os lisboetas" com a aplicação deste sistema.
