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Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quinta mar 04, 2010 10:24 pm
por Bubas
pois sr cali, diz e muito bem, que não são apresentados resultados dos últimos meses. será óbvio que não serão os melhores, bem pelo o contrário. mas, é curioso que o senhor, não mencionou as taxas de juro praticadas actualmente pelos bancos. algumas nem a 1% chegam. são cinzentonas como o tempo .

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quinta mar 04, 2010 11:49 pm
por gpn
boa noite,

não percebo o alarido do impacto da microgeração nos custos da electricidade.
em portugal, a potência instalada de origem renovável é superior a 8.151 mw (dados de 2008).
o total de sistemas de microgeração ligados à rede é inferior a 20 m, o que corresponde a 0,24%.

o impacto dos grandes parques eólicos no custo da tarifa da electricidade é incomparavelmente superior. com desvantagem da produção eólica ocorrer principalmente nas horas de vazio, isto é, paga-se uma tarifa bonificada quando o custo de produção é baixo.

just my two cents.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: sexta mar 05, 2010 11:02 am
por Cali
olá bubas, olá gpn, obrigado pelo feedback. embora não seja minha intenção reavivar agora as diferenças de opinião ocorridas á 6 meses, não deixarei de vos responder.
as taxas de juro que refere são as das tradicionais aplicações a prazo, para montantes reduzidos. mas ainda é possivel encontrar depósitos a prazo tradicionais com taxas brutas á volta dos 2.5%. mas nem era a isso que eu me referi no passado, quando exemplificava possiveis aplicações a 3% anuais. há várias outras formas de rentabilizar capital para alem dos depósitos a prazo.

o meu interesse em saber os resultados de um inverno como este que temos tido nada tem a ver com o querer mostrar que tenho razão. tem a ver com curiosidade efectiva sobre o desempenho de um sistema fotovoltaico nestas condições climatéricas.
alem disso, e como explicação adicional, admito que estou a ficar convencido que vamos entrar num periodo de vários anos de invernos assim como este, em que os dias de sol serão muito mais raros do que aquilo a que temos estado habituados nos ultimos 30 ou 40 anos. aliás, os proprios verões tambem deverão tender a ser menos luminosos e quentes. não estou a agoirar. é apenas a minha opinião, baseada em alguma pesquisa e leitura acerca da tese da recente entrada do planeta numa nova mini-idade do gelo, um novo ciclo de temperaturas baixas que pode durar vários anos.
respondendo ao gpn, é claro que o 'alarido' não era apenas relativamente aos custos da microgeração, mas aos de todos os novos sistemas eólicos e fotovoltaicos, todos eles muito deficitários. li algures que no ultimo ano a intensidade do vento desceu cerca de 30% relativamente ao normal (tentei reencontrar essa informação na net, mas não consegui, ponrtanto...vale o que vale). a ser verdade, eis mais um factor incontrolável que deve estar a dar alguma preocupação a quem investiu nessa vertente. moro no concelho de sintra, tradicionalmente (e desagradávelmente) muito ventoso no verão, e constatei que o verão passado foi muito mais agradável do que os anteriores, precisamente por haver menos vento. por acaso tenho reparado que vejo, por esses montes fora, muitos geradores parados. será por isso? será por outros motivos? não sei... mas sei que, parados, só servem para arruinar paisagem.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: sexta mar 05, 2010 1:15 pm
por ciclone
cali Escreveu:olá bubas, olá gpn, obrigado pelo feedback. embora não seja minha intenção reavivar agora as diferenças de opinião ocorridas á 6 meses, não deixarei de vos responder.
as taxas de juro que refere são as das tradicionais aplicações a prazo, para montantes reduzidos. mas ainda é possivel encontrar depósitos a prazo tradicionais com taxas brutas á volta dos 2.5%. mas nem era a isso que eu me referi no passado, quando exemplificava possiveis aplicações a 3% anuais. há várias outras formas de rentabilizar capital para alem dos depósitos a prazo.

o meu interesse em saber os resultados de um inverno como este que temos tido nada tem a ver com o querer mostrar que tenho razão. tem a ver com curiosidade efectiva sobre o desempenho de um sistema fotovoltaico nestas condições climatéricas.
alem disso, e como explicação adicional, admito que estou a ficar convencido que vamos entrar num periodo de vários anos de invernos assim como este, em que os dias de sol serão muito mais raros do que aquilo a que temos estado habituados nos ultimos 30 ou 40 anos. aliás, os proprios verões tambem deverão tender a ser menos luminosos e quentes. não estou a agoirar. é apenas a minha opinião, baseada em alguma pesquisa e leitura acerca da tese da recente entrada do planeta numa nova mini-idade do gelo, um novo ciclo de temperaturas baixas que pode durar vários anos.
respondendo ao gpn, é claro que o 'alarido' não era apenas relativamente aos custos da microgeração, mas aos de todos os novos sistemas eólicos e fotovoltaicos, todos eles muito deficitários. li algures que no ultimo ano a intensidade do vento desceu cerca de 30% relativamente ao normal (tentei reencontrar essa informação na net, mas não consegui, ponrtanto...vale o que vale). a ser verdade, eis mais um factor incontrolável que deve estar a dar alguma preocupação a quem investiu nessa vertente. moro no concelho de sintra, tradicionalmente (e desagradávelmente) muito ventoso no verão, e constatei que o verão passado foi muito mais agradável do que os anteriores, precisamente por haver menos vento. por acaso tenho reparado que vejo, por esses montes fora, muitos geradores parados. será por isso? será por outros motivos? não sei... mas sei que, parados, só servem para arruinar paisagem.
olá viva. nao sei qual é a sua profissao, mas se nao é metereologista digo-lhe que voce passou ao lado de uma grande carreira, como é que voce consegue prever o tempo futuro? sim senhor!destes como voce é que o instituto de metereologia lá precisava,mas penso que ainda está a tempo ,envie para lá o seu corriculo e penso que tera grandes hipotses de entrar.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: sexta mar 05, 2010 1:38 pm
por jmal
vamos lá a ser cordiais e deixar as xalaças para mais logo.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: sexta mar 05, 2010 3:37 pm
por Cali
ciclone Escreveu:
olá viva. nao sei qual é a sua profissao, mas se nao é metereologista digo-lhe que voce passou ao lado de uma grande carreira, como é que voce consegue prever o tempo futuro? sim senhor!destes como voce é que o instituto de metereologia lá precisava,mas penso que ainda está a tempo ,envie para lá o seu corriculo e penso que tera grandes hipotses de entrar.
caro ciclone, enquanto andaram durante anos a enganá-lo com a teoria do aquecimento global, o sr. tambem desconfiou da qualidade dos meteorologistas que lha vendiam? já reparou como, subrepticiamente, esses manda-chuvas deixaram de falar em aquecimento global para passarem a usar a expressão "alterações climáticas" ? já se perguntou porquê? e já se perguntou porque é que os verões dos ultimos 3 ou 4 anos têm sido sucessivamente menos quentes e mais curtos do que dantes? e porque é que os invernos estão cada vez mais frios e mais longos? pois então... sugiro-lhe que pesquise e investigue. está tudo ao alcance dos seus dedos e da sua curiosidade. habitualmente, o rebanho vai para onde o pastor o leva. de vez em quando há umas ovelhas que resolvem olhar para o lado e percebem que nem sempre o pastor está certo, e por vezes até erra de proposito. eu admito que fui uma ovelha do rebanho durante muito tempo. um dia, com a ajuda de mais alguem, olhei para o lado e comecei a reparar que as coisas não eram bem como as estavam a contar. e depois... procurei saber mais sobre o assunto. mas adiante, que eu não quero mais polémicas.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: segunda mar 08, 2010 9:32 am
por Cali
quero agradecer a todos aqueles que não se incomodaram em me responder. afinal, encontrei aqui, e quase debaixo do nariz, no subforum "projectos" (que me havia passado despercebido) alguma da informação que procurava.
agradeço em particular ao valter silva, que leva a sério a recolha e divulgação de informação util, e que mantem os dados estatisticos do seu sistema na curia actualizados e disponiveis diáriamente. assim todos o fizessem, e decerto tambem todos teriam muito mais a ganhar, com a partilha de dados e experiências. não é só quando a facturação nos empolga que interessa 'largar postas de pescada' para cima da malta. é muito mais importante partilhar os desenvolvimentos menos positivos e inesperados com um espirito construtivo, pois isso torna mais forte a comunidade dos micro-geradores fotovoltaicos.
lá por eu ter desistido por agora, não significa que no futuro não volte a pensar em sê-lo, em função da evolução de diversos factores.
pergunto ao valter silva se não será possivel alargar a sua informação estatistica para uma base mensal (portanto, com os acumulados mensais dos diversos gráficos) de forma a tornar a leitura e interpretação dos gráficos mais util e imediata. obrigado!

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: segunda mar 08, 2010 12:06 pm
por CrOhN
podes tambem seguir, na mesma area de projectos, o sistema com seguidor do spartacus. ele tem postado valores da produção.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: segunda mar 08, 2010 2:16 pm
por Cali
obrigado crohn. o do spartacus é ainda muito recente, e pelo facto de ter um seguidor, acaba por ser pouco representativo da generalidade dos sistemas, que não tem seguidor. ainda assim, e óbviamente, é informação util, e incentivo o spartacus a manter os seus relatos.
espero tambem que o valter silva venha a fazer com o seu segundo sistema o mesmo que está a fazer com o primeiro. eu sei que, tanto o valter como o spartacus, ou qualquer outro que divulgue graciosa e regularmente as suas estatisticas não ganham nada com isso, a não ser o potencial gosto de o fazerem. mas é da partilha graciosa que nasce a troca de experiencias e de conhecimentos que fortalece uma comunidade com o interesses comuns.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quarta mar 31, 2010 6:19 pm
por Cali
ao ler esta noticia divulgada hoje, no 'ionline' não pude deixar de me lembrar de imediato desta nossa conversa já com barbas. é que, pela primeira vez em portugal levantam-se vozes dos mais diversos quadrantes (excepto dos socialistas, claro) contra a alegadamente exagerada e financeiramente duvidosa aposta em massa nas energias renováveis. os argumentos são deles, não são meus (embora, como sabem os meus apontavam no mesmo sentido), mas levam-me a questionar de imediato o que poderá suceder com o programa de incentivo financeiro á instalação de energia eólica e fotovoltaica, assim que o ps sair do governo. não estou a dizer com isto que está posto em causa o subsidiamento de todos os sistemas já instalados ao abrigo da respectiva legislação. digo é que não ponho as mãos no fogo por eles (os politicos no governo, sejam lá eles de que cor sejam).
não quero que agora me venham cair em cima, por acharem que eu estou a meter areia na engrenagem do vosso optimismo generalizado. o que eu acho é que faz falta por aqui alguem que vez em quando procure ver ... o outro lado.

fica aqui a noticia:

"é mais um manifesto da sociedade civil que junta personalidades políticas, economistas, engenheiros e empresários contra opções do governo ps. depois das obras públicas, é a política energética e a aposta nas energias renováveis, uma das principais bandeiras de josé sócrates, que vai ser posta em causa. os argumentos serão apresentados em conferência de imprensa e vão ser pedidas audiências ao governo e ao presidente da república. a expressão "energia nuclear" não aparece no documento, mas os subscritores contactados pelo i reconhecem que são favoráveis à discussão ao mais alto nível desta opção, em linha com o debate na europa, mas sobretudo em sintonia com espanha.

o manifesto, que tem em mira amaral um dos seus subscritores, nasceu no instituto superior técnico, onde também começou a contestação ao aeroporto da ota. mas na lista dos subscritores, soube o i, estão mais ex-ministros dos governos de cavaco silva (miguel cadilhe, valente de oliveira, cardoso e cunha e joão salgueiro) e personalidades da área do psd, como antónio borges e os gestores alexandre relvas e alexandre patrício gouveia. no entanto, os subscritores com quem o i contactou descartam uma leitura política e, em particular, uma colagem ao novo líder do psd. pedro passos coelho, defende no seu livro "mudar" que portugal não deve ficar alheio ao debate europeu sobre o nuclear, ideia também apoiada pelo seu conselheiro, nogueira leite (ver págs. 22 e 23).

mira amaral, que apoiou o actual líder do psd, descarta a ligação política. "este manifesto começou a ser feito há dois ou três meses, por mim e outros professores do técnico. não tem nada a ver com o psd, nem foi feito com passos coelho". aliás, o ex-ministro da indústria não reconhece "grandes diferenças entre o ps e o psd nesta área".

campos e cunha, ex-ministro das finanças de sócrates mas muito crítico das políticas do governo ps, afasta igualmente a leitura política e diz que está preocupado com a "forma disfarçada" como os custos da produção de electricidade estão a subir, devido aos subsídios para estimular a energia renovável. o economista, que foi um dos pivots do manifesto contra os grandes investimentos públicos, diz que agora é apenas subscritor.

outro ex-ministro das finanças, mas do psd, miguel cadilhe, diz que "é preciso reavaliar a política energética do país. os preços estão a ser altamente subsidiados e esse facto terá graves implicações nas contas públicas. alguém vai ter de pagar este investimento". em causa está o sobrecusto do regime especial de produção, um subsídio pago nas tarifas eléctricas à energia eólica, fotovoltaica e cogeração industrial (que não é renovável), e que é um prémio face ao preço do mercado. esse sobrecusto, que em 2010 é de 611 milhões de euros, contribuiu para o défice tarifário e está a crescer com a expansão da energia verde.

a elevada factura energética (medida em energia primária e não apenas em electricidade) e a imprevisibilidade das renováveis são outras preocupações. estes 33 economistas, ex-ministros do psd e ps, mas também figuras de esquerda como demétrio alves, além empresários, gestores e professores, querem a reavaliação da política de energia em portugal. o que está em causa são o que consideram ser os elevados custos da aposta nas renováveis, que contribuíram para o défice tarifário, e os seus efeitos na competitividade do sector exportador - que todos dizem ser fundamental para a retoma da economia, sintetiza pedro sampaio nunes. o empresário e técnico que esteve ligado ao projecto de patrick monteiro de barros de construir uma central nuclear em portugal, admite que esta é uma oportunidade para voltar a colocar o tema na agenda política.

pedro clemente nunes, professor do técnico, defende a elaboração de um novo plano de energia. o último foi aprovado pelo governo de balsemão no início dos anos 80 e aposta no carvão e gás. o consultor, que colaborou como técnico em iniciativas de pedro passos coelho, alerta para os riscos da do custo da energia para a sustentabilidade da economia nacional e competitividade das empresas portuguesas.

fernando santo, bastonário da ordem dos engenheiros, propõe, a título pessoal, a criação de uma comissão de técnica independente que faça a avaliação dos vários modelos de produção de energia. sampaio nunes diz que é preciso fazer contas ao custo-benefício de cada alternativa. o objectivo é relançar a discussão do nuclear. o ex-presidente da confederação da indústria portuguesa, francisco van zeller responde: "o nuclear é como as marés ou como o vento. é uma alternativa a analisar."


http://www.ionline.pt/conteudo/53361-ex ... renovaveis

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quarta mar 31, 2010 6:31 pm
por jmal
concordo contigo, devemos ver ambos os lados, mas fico sem entender o porquê dos custos estarem a aumentar, visto que o financiamento é feito em portugal, claro que grande parte dos equipamentos vêm de fora, mas cria por cá emprego, empresas e energia. certo que tem um custo alto, mas não somos os primeiros nem seremos os últimos.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quinta abr 01, 2010 10:37 am
por CrOhN
pelo menos na factura da edp já se nota o aumento dos custos. estamos a usar cada vez mais energias renováveis, tudo bem, mas como sabem, apesar de serem grátis, os custos de instalação não o são.

e não é preciso fazer grandes contas para se chegar à conclusão que, por exemplo os sistemas fotovoltaicos, sem subsidiação (que em ultima análise sai dos nossos bolsos), teriam um retorno de investimento de pelo menos uns 30 anos. isto partindo do principio que não existem contratempos, avarias e outros.

uma coisa é certa, na minha opinião, é preferível que o dinheiro investido nas renováveis, do que andarem a esturrar em carros de luxo, viagens, etc.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quinta abr 01, 2010 12:05 pm
por Cali
jmal, os custos aumentam exponencialmente com o rápido crescimento das instalações de renováveis, especialmente das eólicas (já que as fotovoltaicas, apesar de muito mais deficitárias, ainda representam menos de 1% da produção geral do país), que representam já uma fatia muito importante do consumo nacional. houve alguns dias no ultimo ano em que as eólicas já produziram quase metade da energia consumida no país. o mercado das éolicas já está a ficar maduro, em portugal. o potencial de crescimento é já bastante limitado, ou seja, já meteram aerogeradores em quase todos as serras, montanhas, montinhos e planaltos que estavam disponiveis para tal.
agora, usando o exemplo das eólicas, e sabendo que cada kw é pago pela edp ao dobro do preço a que é vendido aos consumidores, imagina o estrago que isto representa nas contas publicas.

em condições normais, e sem subsidios ás renováveis, a edp teria custos de (suponhamos) 80€, para produzir resultados de 100€ na venda da energia produzida (é claro que isto não é assim, é apenas um exemplo simples, porque a edp dá lucro a sério, e quem paga os défices é o estado, ou seja, nós). agora, se as eólicas produzirem metade da energia consumida num dia em portugal, esses custos sobem para 120€ , para os mesmos resultados de 100€ na venda. torna-se portanto, uma actividade deficitária, que dá prejuizo. e esse prejuizo cresce brutalmente á medida que mais aerogeradores e fotovoltaicas são instaladas. já estamos a falar de muitos milhões. e são esses milhões que nos começam a sair do bolso, a todos, agora.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quarta abr 07, 2010 5:05 pm
por jmal
cali Escreveu:jmal, os custos aumentam exponencialmente com o rápido crescimento das instalações de renováveis, especialmente das eólicas (já que as fotovoltaicas, apesar de muito mais deficitárias, ainda representam menos de 1% da produção geral do país), que representam já uma fatia muito importante do consumo nacional. houve alguns dias no ultimo ano em que as eólicas já produziram quase metade da energia consumida no país. o mercado das éolicas já está a ficar maduro, em portugal. o potencial de crescimento é já bastante limitado, ou seja, já meteram aerogeradores em quase todos as serras, montanhas, montinhos e planaltos que estavam disponiveis para tal.
agora, usando o exemplo das eólicas, e sabendo que cada kw é pago pela edp ao dobro do preço a que é vendido aos consumidores, imagina o estrago que isto representa nas contas publicas.

em condições normais, e sem subsidios ás renováveis, a edp teria custos de (suponhamos) 80€, para produzir resultados de 100€ na venda da energia produzida (é claro que isto não é assim, é apenas um exemplo simples, porque a edp dá lucro a sério, e quem paga os défices é o estado, ou seja, nós). agora, se as eólicas produzirem metade da energia consumida num dia em portugal, esses custos sobem para 120€ , para os mesmos resultados de 100€ na venda. torna-se portanto, uma actividade deficitária, que dá prejuizo. e esse prejuizo cresce brutalmente á medida que mais aerogeradores e fotovoltaicas são instaladas. já estamos a falar de muitos milhões. e são esses milhões que nos começam a sair do bolso, a todos, agora.

cali, não te esqueças que essa mesma energia não tem custos para a edp, entendes, é energia que não têm de pagar pela produção, certo que existe um défice.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quinta abr 08, 2010 12:41 am
por Cali
quem dera que a análise fosse assim tão simples, jmal. os custos existem, são os da instalação, que demoram décadas a cobrir.
entretanto, o 'cerco' á politica do sócrates para as renováveis aperta-se. as noticias são diárias. aqui ficam mais algumas:

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fontes de energia subsidiadas já custaram dois mil milhões de euros

a factura acumulada na última década de sobrecustos com a produção de energia em regime especial (pre), ou seja, com tarifas subsidiadas, ultrapassa os dois mil milhões de euros. o número, calculado pelo negócios, é a soma dos sobrecustos registados entre 2000 e 2009 pela entidade reguladora dos serviços energéticos (erse).
miguel prado
[email protected]


a factura acumulada na última década de sobrecustos com a produção de energia em regime especial (pre), ou seja, com tarifas subsidiadas, ultrapassa os dois mil milhões de euros. o número, calculado pelo negócios, é a soma dos sobrecustos registados entre 2000 e 2009 pela entidade reguladora dos serviços energéticos (erse).

a pre inclui a cogeração, mas a maior fatia diz respeito a fontes de energia renovável. "é inevitável que o sobrecusto destas energias venha a crescer nos próximos anos", vaticinou ontem luís mira amaral, que lidera um grupo de 33 defensores de uma mudança de política.

in http://www.jornaldenegocios.pt/index.ph ... &id=418633



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luís mira amaral, um dos rostos do manifesto que defende uma nova política energética, menos assente nas fontes renováveis, já pediu uma audiência à presidência da república, para apresentar formalmente o documento, depois de esta quarta-feira já o ter entregue ao secretário de estado da energia, carlos zorrinho.

do encontro com este governante os autores do manifesto trouxeram a promessa de que o documento seria lido. "foi uma conversa muito coloquial, em que chamámos a atenção de que isto não tem nada de oposição ao governo", explicou mira amaral, durante a apresentação pública do manifesto, que decorreu na associação comercial de lisboa.

mira amaral sublinhou por diversas vezes que "na energia é preciso um planeamento de médio e longo prazo". o mesmo responsável, que já foi ministro da indústria num governo psd, assegurou que o grupo de 33 personalidades que subscreve o manifesto "não tem conotações partidárias", já que o documento nasceu no instituto superior técnico.

nas linhas gerais do manifesto, conforme tem sido noticiado há vários dias, está uma crítica à aposta nas energias renováveis, especialmente por causa do sobrecusto que implicam ao terem uma tarifa subsidiada. a pressão que essa tarifa exerce nos custos dos consumidores particulares e das empresas foi um dos aspectos destacados pelos autores do manifesto.

"um apoio governamental prolongado no tempo distorce as regras do mercado", referiu mira amaral, cuja preocupação é partilhada por joão duque. este último, que é presidente do instituto superior de economia e gestão, sublinhou que a sua adesão ao manifesto é apenas pessoal.

lembrando que o défice tarifário português na electricidade ultrapassa, em termos acumulados, os 2 mil milhões de euros, joão duque manifestou os seus receios. "preocupa-me porque eu sou co-responsável por garantir o pagamento integral daquela dívida", afirmou o economista.

na apresentação do manifesto joão duque disse que "subsidiar uma investigação faz todo o sentido, subsidiar a ineficiência em massa é um disparate".

na associação comercial de lisboa marcaram presença alguns dos subscritores do documento, como o antigo ministro das finanças luís campos e cunha e o empresário henrique neto. o ex-presidente da cip, francisco van zeller, foi uma das ausências.

in
http://www.jornaldenegocios.pt/index.ph ... &id=418547

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quinta abr 08, 2010 12:45 am
por jmal
acho que não entendeste o que disse, para a edp não existe custo de produção dessa energia, já que o custo é suportado pelo micro-produtor. agora é um défice, no futuro a edp vai lucrar com isso, porque vende energia sem custos de produção.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quinta abr 08, 2010 12:47 am
por Cali
e aqui fica o texto integral do tal manifesto que promete ainda vir a dar que falar. fiquem atentos.

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leia aqui, na íntegra, o manifesto que juntou empresários e economistas contra a política energética que está a ser seguida pelo actual governo.

1. a energia encontra-se na base do desenvolvimento económico de qualquer país.

no caso de portugal, em que a situação económica se tem vindo a degradar de forma vertiginosa nos últimos anos, com crescimentos insignificantes do pib, sempre abaixo da média da união europeia, a política energética carece de uma profunda revisão, na medida em que os custos associados à energia podem ter reflexos extremamente negativos nas condições de vida dos cidadãos e na actividade das empresas.

existe um consenso alargado de que o nosso país terá de fazer uma aposta importante na sua competitividade internacional e, para isso, é necessário que as nossas empresas disponham de energia a preços internacionalmente competitivos.

os efeitos da actual política energética, principalmente no sector da electricidade, são particularmente graves, pois perdurarão negativamente mesmo que sejam eliminados os outros factores de atraso económico e condicionarão qualquer possibilidade de atracção de investimento, seja ele nacional ou estrangeiro. todas as estratégias de saída da crise se baseiam na necessidade de aumento da competitividade empresarial, que o custo da energia irá prejudicar.

2. tem-se procurado convencer a opinião pública do pretenso sucesso da actual política energética, chegando ao ponto de tentar passar a ideia de que portugal está a dar lições ao mundo em termos de tecnologias da energia, uma originalidade que, alegadamente, permitiria ao país dispor de uma economia extremamente competitiva no século xxi.

esta mensagem não podia estar mais longe da realidade.

a actual política energética tem vindo a ser dominada por decisões que se traduzem pela promoção sistemática de formas de energia "politicamente correctas", como a eólica e a fotovoltaica, mas que apenas sobrevivem graças a imposições de carácter administrativo que garantem a venda de toda a produção à rede eléctrica a preços injustificadamente elevados.

3. a natureza intermitente e incontrolável das energias eólica e fotovoltaica torna-as incapazes de satisfazer, não só a totalidade do consumo, como a potência necessária em determinadas horas do dia e épocas do ano, o que exige que se continue a dispor de centros produtores controláveis de substituição e a recorrer com frequência a importações de espanha.

assim sendo, apesar das melhorias decorrentes do dl 33-a/2005, que impôs o aumento da incorporação de valor nacional nas eólicas e a redução das tarifas a praticar pelos novos operadores, a verdade é que a corrida a estas energias não tem tido um efeito sensível na redução do endividamento externo.

por outro lado, a multiplicação de fontes primárias intermitentes dificulta cada vez mais o controlo global do sistema eléctrico. tanto pode forçar alguns dos centros produtores tradicionais a regimes de funcionamento limitados e ineficientes, como, em certas épocas do ano, pode obrigar a dissipar, ou a exportar a preço nulo (!) a produção renovável em excesso.

4. a subsidiação concedida aos produtores destas formas de energia é ainda excessiva e tem contribuído para agravar de forma injustificada os preços da energia eléctrica ao consumidor final, em particular às famílias, sobre as quais a legislação faz recair o sobrecusto da produção em regime especial (pre).

o sobrecusto da pre, se reflectido de imediato nas tarifas de electricidade, daria origem a aumentos incomportáveis, uma perspectiva eleitoralmente inconveniente e razão pela qual tem vindo a ser dissimulado numa conta controversa, o chamado "défice tarifário".

este défice não é mais do que uma dívida que as famílias vão ter de pagar, ao longo de vários anos, juntamente com os juros decorrentes da dívida junto das instituições bancárias. na verdade, face à garantia dada pelo estado através do dl 165/2008, o défice tarifário constitui já uma forma de dívida pública oculta.

em 2009 o défice tarifário acumulado atingiu um valor assustador, superior a 2000 milhões de euros. e, a manter-se a actual política, é inevitável que o sobrecusto destas fontes de energia venha a crescer nos próximos anos, o que conduzirá a um aumento brutal do preço da electricidade para os consumidores, agravando inexoravelmente não só as condições de vida de todos os portugueses como a competitividade exportadora nacional.

5. para tornar o panorama mais sombrio, está em curso a construção de empreendimentos hidroeléctricos dotados de equipamentos reversíveis, alegadamente destinados a "armazenar o excesso de produção eólica" mediante bombagem hidroeléctrica, um projecto a que foi dada a designação de "complementaridade hídrica-eólica".

embora se reconheça a vantagem destes empreendimentos na melhoria da gestão global do sistema eléctrico, bem como na constituição de reservas estratégicas de água, a bombagem hidroeléctrica é um processo que enferma de perdas inevitáveis de energia, pelo que acabará por redundar no desperdício da energia eólica e fotovoltaica utilizada na bombagem.

além disso, sendo a energia dos parques eólicos actualmente em exploração vendida à rede eléctrica nacional a preços que frequentemente triplicam o valor corrente de mercado, a complementaridade hídrica-eólica não faria qualquer sentido para as empresas concessionadas se não fossem os consumidores a suportar os sobrecustos da produção eólica.

6. a subsidiação do sobrecusto das energias renováveis não pode constituir uma prática permanente. apenas se poderá justificar por períodos limitados de tempo e em fases iniciais próprias dos processos de desenvolvimento tecnológico. em portugal tem sido uso corrente tentar viabilizar à força mesmo aquelas que uma análise económica rigorosa teria eliminado à partida.

todas as formas de produção de energia eléctrica que são privilegiadas pela política de preços administrativos revelam valores várias vezes superiores ao de mercado. para além da energia de origem eólica, a um preço médio de aquisição em 2010 de 91 euros/mwh, a fotovoltaica tem um preço de 344 euros/mwh e no caso da micro-geração doméstica, para quantidades garantidas e já comercialmente relevantes, o preço é de 587 euros/mwh. tudo isto constitui uma verdadeira aberração económica cujas consequências dramáticas para a economia do país são já evidentes a partir dos dados publicados pela erse.

7. o governo português assumiu, como inquestionável, que seria possível conseguir uma substituição progressiva e eficaz das fontes térmicas tradicionais (petróleo, carvão e gás) pelas fontes renováveis (hídrica, eólica, solar e outras). todavia, não obstante o esforço observado nas tentativas de diversificação, em que se incluíram opções irrealistas à mistura com muito voluntarismo, os resultados foram vincadamente negativos, e darão origem a um enorme aumento dos preços da electricidade para as famílias e as empresas.

por outro lado, não tem havido o cuidado de esclarecer devidamente a opinião pública acerca da discrepância entre as potências instaladas nos parques eólicos e fotovoltaicos e os valores da energia efectivamente produzida. de facto, em virtude da sua intermitência, estas fontes primárias apenas poderiam ser complementares dos centros produtores tradicionais, mais controláveis e muito mais disponíveis.

8. para ilustrar a incapacidade da actual politica para reduzir a nossa dependência energética, bastará referir que em 2008, último ano de que existem dados publicados pela dgeg, o saldo liquido da factura energética portuguesa atingiu o valor de 8219 milhões de euros, ao passo que em 1998 não ultrapassava 1464 milhões de euros .

a valores constantes de 1998 o aumento verificado nestes dez anos atingiu 322 % e foi devido, sobretudo, ao enorme incremento da factura relativa a combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás natural, cuja importação a actual política energética não conseguiu reduzir.

e, não obstante os enormes subsídios entretanto concedidos aos investimentos nas "novas energias renováveis", o total conjunto da rubrica "eólica, geotérmica e fotovoltaica" em 2008 representou apenas 2,11 % do consumo total de energia primária em portugal, tendo-se mantido a dependência energética em redor de 83 % ao longo dos últimos dez anos.

assim, os signatários consideram fundamental exigir uma avaliação técnica e económica, independente e credível, da política energética nacional, de forma a ter em conta todas as alternativas energéticas actualmente disponíveis, com o objectivo inequívoco de reduzir os preços da energia com que são confrontados os cidadãos e as empresas, a par de garantir uma maior segurança energética e uma verdadeira redução do défice da balança comercial.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quinta abr 08, 2010 12:56 am
por Cali
jmal Escreveu:acho que não entendes-te o que disse, para a edp não existe custo de produção dessa energia, já que o custo é suportado pelo micro-produtor. agora é um défice, no futuro a edp vai lucrar com isso, porque vende energia sem custos de produção.
não entendo a coisa dessa forma, jmal. pelo menos no caso das fotovoltaicas, a edp paga a instalação aos micro-produtores nos primeiros anos, depois ainda lhes promete um potencial prémio adicional durante mais algum tempo, e por ultimo estará mais uma década (salvo erro) a comprar-lhes a energia ao mesmo preço a que a venderá aos consumidores. a edp não ganha rigorosamente nada com isto durante 20 ou 25 anos. aliás, feitas as contas... só haverá prejuizo (mas esse pagamos nós, e não a edp). a edp deixa de ter clientes a quem vende energia, e que lhe dão lucro, para passar a ter clientes-fornecedores, que no saldo global das duas vertentes dão prejuizo. é por isso que considero este 'negócio' insustentável, e duvido da manutenção do mesmo no médio e longo prazo, pelo menos nos termos em que está feito.

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quinta abr 08, 2010 2:38 am
por mauri
talvez dentro do tópico só queria que me esclareçam como é que a edp só dá lucros, (é o que dizem neste tópico) e é a empresa mais endividada do mercado de capitais português com 14,007 mil milhões de euros http://novaenergia.net/forum/viewtopic.php?f=21&t=12524

Re: Uma nova inflação denominada EDP?

Enviado: quinta abr 08, 2010 10:16 am
por Cali
do mesmo modo que isso acontece com a generalidade das empresas, grandes e pequenas, e até com os particulares, mauri. ter dividas não significa ser inviável (a não ser quando as mesmas atingem montantes que as/os colocam em situação de incumprimento, ou porque as dividas subiram, ou porque os rendimentos desceram). tu podes ter (e provávelmente tens) dividas, mas podes tambem ter claras condições para as pagar dentro dos prazos contratados, e no entretanto prosperares, viveres bem, e até enriquecer. a maioria dos milionários só lá chegaram porque começaram por se endividar, e muitos até continuam endividados depois de ricos. no caso da edp até é melhor porque existe quem assuma parte dos desvarios: o estado.