Olá,
Não tenho conseguido actualizar o diário com a frequência que queria mas hoje obrigei-me a vir aqui e a actualizá-lo
Já estamos em Vila Real de Santo António, e o percurso até aqui tem corrido bem, as motas não apresentaram nenhum problema até agora e já fiz os 3000 kms. Tenho tido alguns episódios giros e outros que embora hoje ache 'piada' na altura foram de alguma ansiedade....
Num percurso entre Mogadouro e V.N de Foz Côa, deixo aqui o meu diario desse dia:
"A manhã começou bem, saímos de Mogadouro e viemos pelas estradas das aldeias a conhecer o melhor que por ali há. Estradas de alcatrão, sem movimento, boas para andar devagar e desfrutar as vistas…O destino era Vila Nova de Foz Côa. O GPS indicava a estrada e nós seguíamos, tínhamos colocado o percurso tipo "Pedestre" para poder ir pelas estradas menos frequentadas das aldeias. À saida de Meirinho, este indicava o desvio da estrada nacional como o caminho a seguir e nós claro, aceitámos a indicação…poucos metros à frente apanhamos uma descida de terra batida, confiando que seria uma descida curta de apenas alguns metros fomos descendo.
No entanto, mais uma curva e mais uma descida. Outra curva, para o outro lado e outra descida. Ao fim de algum tempo percebemos que já estávamos demasiado embrenhados no meio da descida e que voltar para trás deixou de ser opção...as descidas tinham sido cada vez mais íngremes e agora precisávamos de continuar em frente. Numa das descidas, a minha mulher resvala numa pedra solta e cai com a mota. Felizmente, não se magoou e foi só pó que se levantou, mas ficou o alerta, de que estávamos a exceder os limites da segurança. As scooters não foram concebidas para estradas de terra batida nem para fazer TT.
Continuámos a descida, agora à menor velocidade possível, os travões já se queixavam e o cheiro a ferodo sentia-se. Necessitavamos de parar a cada 5 min para os deixar arrefecer. No pensamento, só havia a ideia de querer sair dali o quanto antes. O GPS dizia que faltava ainda 13km…
Mais à frente, encontrámos uma bifurcação que parecia sair desta estrada mas parecia que levava à travessia do rio Sabor, no entanto, um pequeno "fio" de água. Não podíamos voltar para trás. Não queríamos seguir o resto da estrada e passar o rio, incrivelmente, parecia ser a melhor opção...
Saímos das motas, investigámos qual o melhor local para passar o rio e uma a uma, à mão, lá passámos o rio com elas.
Encontrámos do outro lado do rio, uma aldeia com 3 casas....desertas e sem vida. Ao longe um jeepe aproximava-se e logo tratei de abordá-lo com o sentido de pedir direcções. O sr. Henrique Guerra, o presidente de uma associação local que visitava um amigo, foi de uma ajuda enorme, deu-nos as indicações para sair dali e com as novas indicações pusemo-nos à estrada...mas outra vez terra batida e agora a subir. As baterias das motas já estavam para baixo de meio e já se queixavam das subidas...
Mais curvas e mais subidas e mais uma queda da minha mulher, desta vez um pé torcido...mas sem gravidade, alguma dor mas aguenta-se. Sair dali era a única coisa em que pensávamos, algumas subidas foram feitas à mão para poupar as baterias. Era importante que após sairmos dali, tivessemos carga para as levar até algum sitio com tomada.
Conseguimos sair dali após mais 3km de subidas. Apanhámos a nacional de novo e voltámos a Meirinhos, onde descánsamos e as motas carregaram...tinham passado cerca de 4h, desde que estivemos ali.
Olhámos para trás e nem queríamos acreditar onde nos metemos..."
Deixo-vos aqui algumas fotografias da situação, felizmente não houve danos nenhuns nas motas e tirando o pé torcido da minha mulher, não houve mais nada:
Depois deste episódio, todas as estradas que fizémos eram de alcatrão e quando havia dúvidas, perguntávamos. Não houve mais acontecimentos deste género e a viagem decorre às mil maravilhas
