Governo tailandês luta para evitar inundação de Bangcoc
21 de outubro de 2011
A Tailândia anunciou na sexta-feira que conseguiu desviar as águas das enchentes ao redor da capital Bangcoc para o mar, mas a ameaça de inundação permanecia, com canais cheios até a borda e fortes chuvas previstas para a próxima semana.
Na quinta-feira o governo abriu alguns canais para permitir que a água escoasse pelo centro da cidade, correndo o risco de inundar alguns bairros, mas aliviando a pressão sobre os diques.
As piores enchentes da Tailândia em cinco décadas, que mataram pelo menos 342 pessoas desde julho e devastaram áreas industrializadas ao norte de Bangcoc, são o primeiro teste real para a inexperiente primeira-ministra Yingluck Shinawatra, cujo governo teve que formar alianças com militares e rivais políticos para coordenar os esforços de ajuda.
O risco de inundação começou antes de ela assumir o cargo, no início de agosto, e deve custar à indústria mais de 3 bilhões de dólares, abatendo o crescimento econômico este ano. A primeira-ministra de 44 anos vem resistindo aos pedidos de declarar situação de emergência, afirmando que as autoridades são capazes de gerenciar o caso.
"Isso arruinaria a confiança dos investidores, que já está um tanto fraca", disse a repórteres no centro de crise. "Neste momento podemos ver que (o governo e as pessoas) estão cooperando muito bem para nos ajudar a vencer o problema. Se eu declarar situação de emergência, estaria dizendo ao mundo que não podemos nos ajudar".
Milhares de pessoas no norte de Bangcoc estavam movendo itens de valor para locais elevados, enquanto pessoas retiradas de suas casas lotavam tendas no aeroporto da cidade de Don Muang.
A água cobre um terço das províncias de Tailândia, cerca de 1,6 milhão de hectares no norte, nordeste e centro do país, e um grande estado industrial foi inundado na noite de quinta-feira quando as barreiras contra enchentes no parque Bang Kadi, em Pathum Thani, foram rompidas.
Os esforços do governo para desviar a água ao redor do leste e oeste da capital tiveram algum sucesso, disse o centro de crise, mas as pessoas nos distritos ao norte de Don Muang e Lak Si foram colocadas em alerta, prontas para se deslocar.
A expectativa era de que o tempo melhorasse na sexta-feira, com condições similares previstas para sábado, mas o domingo deveria ter chuva leve, seguido por tempestades nos dias posteriores, de acordo com o Departamento Meteorológico.
O banco central calculou os danos à indústria em mais de 3,3 bilhões de dólares na quinta-feira e o presidente do BC, Prasarn Trairatvorakul, disse que o crescimento econômico de 2011 será próximo a 3 por cento, contra a previsão anterior de 4,1 por cento. O Ministério do Comércio, por sua vez, disse que as exportações poderão cair 13 por cento no quarto trimestre em comparação a 2010.
A Tailândia é um grande centro regional para as montadoras mundiais e muitas sofrem com interrupções na produção, seja porque as fábricas estão inundadas ou porque as fabricantes de peças tiveram que fechar e a cadeia de abastecimento foi interrompida.
A Tailândia é a maior exportadora mundial de arroz. Operadores e analistas disseram que ainda é muito cedo para avaliar os danos, mas estimaram que cerca de 2 milhões de toneladas de arroz podem ter sido arruinadas, com atrasos no embarque de 100.000 toneladas do produto.
http://www.estadao.com.br/noticias/inte ... 8510,0.htm