jamal....
primeiro pensa assim......
o que é que são bens essenciais?
depois.....
se fosse criado o tal gasóleo profissional quem iria ter acesso a ele?
finalmente....
o que aconteceria à economia de qualquer pais europeu, se os combustíveis fossem todos taxados de forma igual?
o que é normal para ti, para mim pode ser um completo absurdo, por exemplo....
tu gostas de beber umas imperiais bem geladinhas a acompanhar um pires de caracóis e uma torradinha de pão alentejano com manteiga de vaca, como só tipo do café lá perto da tua casa sabe fazer, ao final da tarde quando sais do teu emprego.
já comigo a coisa é um pouco diferente, os caracóis são sem dúvida espectaculares, quanto à cerveja, a coisa complica-se, é que à segunda ou terceira imperial dá-me uma soneira do caraças e por isso prefiro beber um ice tea bem fresquinho, há quem prefira a coca-cola, mas eu acho a coca-cola demasiado doce para acompanhar os caracóis e as torradas.
temos então que o conceito de "essencial" depende do ponto de vista e das necessidades e da quantidade de dinheiro que cada individuo tem.
o governo português de forma muito geral acha que essencial é o pão, o leite e os géneros alimentícios em geral e ainda alguns medicamentos, por isso o iva que pagas é muito inferior ao que pagas por outro tipo de bens. assim em tom de brincadeira exagerando um nadinha, eu costumo dizer que além de comer e curar algumas doenças, nada mais é essencial para os governos pelas práticas que lhe têm sido habituais nas decisão do que são bens essenciais.
quanto ao gasóleo profissional a coisa se complica-se ainda mais.
sem pensar surge-me logo uma questão, e como não quero ser maçudo nem me atrevo a pensar
qual seria o critério de atribuição????
acho que devo alertar para o seguinte antes de desenvolver a questão.
tirando as áreas metropolitanas de lisboa e porto e de mais algumas sedes de distrito, os transportes públicos são quase inexistentes, por outro lado, com a melhoria das vias de comunicação e a facilidade em adquirir um automóvel, inegavelmente têm-se verificado algumas melhorias nas condições de vida das pessoas que moram exactamente nos sítios onde não existem transportes públicos, e é graças a esse facto também que as pessoas ainda se vão mantendo nessas vilas e aldeias a que me refiro, uma vez que é em muitíssimos casos essa mobilidade que vai permitindo aos seus habitantes, garantir um emprego que lhes sirva de sustento.
quanto ao critério de atribuição, se tomar-mos em conta que existem muitos trabalhadores por conta própria, a recibos verdes, ou com pequenos negócios, e que o conceito de "bens essenciais" é demasiado vasto para que seja esse o critério de atribuição,
resta-nos sectorizar a atribuição do dito gasóleo profissional, o que de resto já vem acontecendo em alguns sectores, nomeadamente o das pescas e da agricultura que como é do conhecimento geral tem uma redução no preço do chamado gasóleo agrícola para ser utilizado nas máquinas agrícolas, (a propósito sabem que há cerca de quatro anos o arroz rendia ao produtor um valor entre 0.08€ e 0,09€ o quilo? e que ainda há homens corajosos que se dedicam à cultura do arroz? dificílimo de compreender quando o preço do arroz chega ao consumidor final cerca de 1000% mais caro , mesmo tomando em consideração todo o processo de descascar, secar, embalar e transportar o produto final até ao supermercado.), o controlo do consumo desse gasóleo é feito através de um aditivo que lhe muda a cor a fim de as autoridades poderem detectar possíveis irregularidades no consumo como por exemplo em automóveis, embora não tenha a certeza, acho que os transportes rodoviários
os iates não iriam necessitar da atribuição, uma vez que já a têm pagam salvo erro 0.80€/l de gasóleo, exactamente o que paga uma embarcação de pesca. engraçado não é? eu acho....
nesses moldes a ser criado o gasóleo profissional, reduzindo a taxa de isp e aumentando essa mesma taxa nos restantes casos, estaria o governo a agravar o fosso existente entre quem mora nas grandes cidades, as tais que têm uma rede de transportes públicos capaz de servir eficazmente a sua população, e as aldeias, vilas e cidades pequenas, as tais que têm uma rede de transportes públicos quase inexistente como quase inexistente é o emprego que por lá existe, facto que torna absolutamente necessário que os seus habitantes tenham meios de transporte particulares para se deslocar para o seu local de trabalho. para esclarecimento, a criação de uma rede de transportes que satisfaça as necessidades das populações não é opção uma vez que o número de pessoas que iriam usufruir dessa rede de transportes é de tal maneira reduzido que qualquer empresa que tentasse implantar a rede de transportes entraria inevitavelmente em processo de falência à partida.
as hipóteses seriam, subsidiar uma empresa que criasse e disponibilizasse a rede de transportes nesses locais, ou incluir, os habitantes dessas localidades na lista dos sortudos que iriam beneficiar do gasóleo profissional. qualquer das hipóteses, se revela completamente absurda, se olharmos bem para a demografia de portugal, realmente as grandes densidades demográficas são realmente nas áreas metropolitanas de lisboa e do porto e de mais algumas outras cidades, sendo que as cidades mais pequenas do nosso pais têm efectivamente menores densidades populacionais, como de resto é óbvio, isto leva-nos a concluir que não existirá movimento de pessoas em quantidade que justifique a tal rede de transportes, ficará muito mais barato ao estado que essas pessoas se desloquem pelos seus próprios meios entre a sua habitação e o seu local de trabalho, por outro lado, essas mesmas pessoa são em número demasiado grande para que se possa atribuir um regime de excepção no isp, seria de tal forma que o que se pretendia ser uma excepção se tornaria em regra e por si só completamente descabido.
longo vai o texto, e peço desculpa por não conseguir dizer isto de forma mais rápida.
finalizando.....
face ao que descrevi tanto neste post como no meu testamento anterior, seriam catastróficas os efeitos que teria a cobrança de imposto de forma igual para todos os combustíveis, iria sem sombra de dúvida reflectir-se de forma insustentável no preço de todas as mercadorias sem excepção provocando um retrocesso gigantesco no crescimento económico.
actualmente o preço do gasóleo está quase ao nível do preço da gasolina sem chumbo de 95 octanas e os resultados estão à vista, com todas as manifestações de protesto que assistimos nos últimas semanas.
se tiverem um tempinho para ler, vão aqui e vejam o que penso sobre o assunto.
http://novaenergia.net/forum/viewtopic. ... a&start=40
jamal.....
tens de ter também em consideração que nem todas as pessoas têm carros só para passear ao fim de semana, há aqueles que também passeam nos dias de semana, e há também aqueles que pura e simplesmente não podem passear, porque se o fizerem estão a gastar combustível que lhe é indispensável para ir trabalhar.
desculpem lá mais este testamento mas, não estando a resolver os problemas de portugal, acho que tem interesse, na medida em que ainda que não sirva para mais é mais uma opinião.
um abraço
hilário