Boas práticas com a Vectrix, a verdade incómoda
Enviado: sexta set 11, 2009 12:20 pm
este artigo é longo mas merece ser lido pelos donos das vectrix…
a parte mais complexa e cara da vectrix é a sua bateria e a sua saúde depende em muito desta. as nimh estão actualmente muito estudadas e sabe-se perfeitamente o que é bom e o que é mau para estas.
como se sabe, o toyota prius tem as suas baterias com a mesma tecnologia e alguns já duram há mais de 300.000km sem qualquer problema com estas. eles mantêm a carga das baterias entre os 40% e 80%, sem descargas completas e sem se preocuparem com o efeito de memória (pelo menos ainda não vi referência a estas duas).
o pessoal com vectrix mais interessado em tentar prolongar a vida das suas baterias, está a adoptar a experiência positiva do prius à sua mota. as recomendações da vectrix vão no entanto noutro sentido... um sentido que acautela mais a performance que a durabilidade, razão pela qual uma das alterações mais pretendidas ao software desta mota seja uma opção de escolha entre carregamento rápido e lento.
como boa prática a marca recomenda e implementa:
- um descarregamento superficial todas as semanas, ou seja, até um conjunto de células se queixar de falta de capacidade de resposta à marcha;
- um descarregamento profundo todos os meses, ou seja, até ela não conseguir andar mais (a direito) do que 24km/h, quer isto dizer que se desceu ao limite de 20% acima da carga perigosa, a qual pode provocar inversão de polaridade nas células;
- o software implementa uma equalização de 3a durante uma hora, após um carregamento completo para combater a falta de equilíbrio nas células que não são controladas individualmente pelo (mau) bms;
- a cada 10 horas de condução, o software implementa um processo longo que demora cerca de 10 horas a ser completado, nele observa-se uma equalização de 4 horas de duração para garantir que não existem mesmo desequilíbrios entre as células.
porque é que a temperatura é tão importante?
ora, a maior causa do desequilíbrio de carga nas células, é a temperatura que difere entre estas, ou seja, a temperatura condiciona a resposta e carregamento, pelo quando estas diferem alguns ºc isto significa que carregam ou descarregam de forma diferente, o que leva a desequilíbrios. é sabido que a ventilação actual é pouco eficiente e de forma desigual entre células, ou seja, é deficiente quer pela falta de cuidado no desenho dos espaços entre as células, quer pela falta de ventilação forçada. já há intenções de produzir para venda um sistema (chamado de abcool ) para combater esse efeito, que já opera há algum tempo nalgumas motas com bons resultados. prevê-se que ele esteja disponível para venda em breve.
sabe-se também que a temperatura acima dos 30ºc faz mal às baterias (diminui-lhes a vida) e que estas não devem trabalhar acima dos 40ºc, sabendo-se que há danos irreversíveis a partir dos 50ºc. recebi no entanto uma comunicação da vectrix através da masac que diz que as baterias da vectrix são especiais e que estes valores são alterados para: a temperatura acima dos 50ºc faz mal às baterias, estas não devem trabalhar acima dos 60ºc e têm danos irreversíveis a partir dos 80ºc. porém ainda não consegui confirmar a veracidade disto por outra fonte (e já muito tentei) pelo que coloco reservas nesta informação. portanto (jogando à defesa) podemos concluir que devemos evitar ter temperaturas acima dos 30ºc, sabendo que quando mais elevada estiver, mais influencia a sua longevidade.
mas porque é que o desequilíbrio entre células é tão perigoso?
o desequilíbrio entre células é perigoso porque quando se faz uma descarga completa, se houver diferenças de carga entre células superiores a 20%, isso poderá provocar que as com menor carga fiquem sujeitas à inversão de polaridade, o que significa ficarem irrecuperavelmente estragadas.
ok, mas a mota faz equalizações para que isso não aconteça, não é?
é, porém e porque o bms não controla as células individualmente dá uma carga excessiva a todas, carregando as que ainda não estão “cheias” e fazendo transpirar as que já estão. este processo é sabido que aumenta dramaticamente a temperatura da bateria porque as células “cheias” transpiram toda a carga que lhes é enviada e isso reduz-lhes a vida. chama-se a este factor, célula em stress.
então se por um lado não queremos correr riscos e por outro diminuímos a vida das baterias, o que fazer?
é no meio que está a virtude, dependendo da autonomia que necessitamos, devemos ter especial cuidado, principalmente em dias quentes.
então o que faço? não a deixo fazer a equalização? então e as descargas que a marca recomenda?
o software arranca com a equalização depois de ventilar (de forma insuficiente) a bateria durante 1 hora, sempre depois de um carregamento completo, sendo uma fase desnecessária (que lhe diminui a vida) para uma bateria equilibrada. actualmente a maneira mais saudável parece ser fazer uma descarga superficial intermédia a cada 500km (até a luz vermelha da bateria aparecer) e uma completa (até velocidade inferior a 24km/h) a cada 1000km.
que grande chatice! isto dá muito trabalho a controlar! há algum cuidado mais a ter?
sim! até 80% da carga a conversão eléctrica em química tem uma eficiência de cerca de 95%, o que liberta muito pouco calor. de 80% a 100% o processo gera muito mais calor porque a recepção da energia deve ser mais lenta e como tal, isso não acontece porque o carregador força a mesma carga. significa isto que também não é recomendável utilizar a travagem regenerativa com carga acima dos 80%.
ok, então dito tudo isto o que se aconselha como melhor prática para a longevidade da bateria?
- normalmente manter a carga da bateria entre os 40% e 80%, o que só é possível para distâncias na prática inferiores a 30km;
- fazer uma descarga superficial a cada 500km seguida de equalização;
- fazer uma descarga profunda a cada 1000km seguida de equalização (provavelmente a longa terá aqui lugar);
- uma vez que a equalização longa cria uma enorme quantidade de energia e consequentemente, calor, se possível fazer o carregamento refrigerado (procurar noutro tópico) quando a temperatura ambiente estiver acima dos 26ºc.
- procurar que a temperatura nos carregamentos nunca passe dos 30ºc e procure ainda com maior atenção que ela não passe dos 35ºc. recorra ao carregamento refrigerado (que envolve o arrefecimento do ar junto das entradas de ventilação da mota), caso a temperatura ambiente lhe inviabilize o carregamento dentro dos valores de segurança.
tens a certeza que vale a pena assim tanto trabalho para na volta se ganhar apenas um pouco mais?
não é apenas um pouco mais. por exemplo, só tendo em linha de conta a redução do nível de descarga, verifique-se o quanto se pode prolongar a vida da bateria: leia-se que com descargas até 20% da carga é espectável uma vida de 1.000 carregamentos, e para 40% uma vida de 10.000! são 10 vezes mais!
que grande treta, comprei uma mota eléctrica porque é o futuro e tenho de ter assim tanto trabalho?
ter não tem, mas se quiser que ela dure 300.000km tem de a tratar bem, caso contrário ela não durará sequer os 80.000km que a marca apregoa. este é o preço de estar na vanguarda da tecnologia, na realidade, as paixões pagam-se mas são elas que mudam o mundo.
porém haverá sempre contestatários ao processo, como por exemplo este dono de uma vectrix a quem garantiram que dava para ir para o trabalho que fica a 50km e que ficou muito indignado com o que escrevi aqui:
Link
a parte mais complexa e cara da vectrix é a sua bateria e a sua saúde depende em muito desta. as nimh estão actualmente muito estudadas e sabe-se perfeitamente o que é bom e o que é mau para estas.
como se sabe, o toyota prius tem as suas baterias com a mesma tecnologia e alguns já duram há mais de 300.000km sem qualquer problema com estas. eles mantêm a carga das baterias entre os 40% e 80%, sem descargas completas e sem se preocuparem com o efeito de memória (pelo menos ainda não vi referência a estas duas).
o pessoal com vectrix mais interessado em tentar prolongar a vida das suas baterias, está a adoptar a experiência positiva do prius à sua mota. as recomendações da vectrix vão no entanto noutro sentido... um sentido que acautela mais a performance que a durabilidade, razão pela qual uma das alterações mais pretendidas ao software desta mota seja uma opção de escolha entre carregamento rápido e lento.
como boa prática a marca recomenda e implementa:
- um descarregamento superficial todas as semanas, ou seja, até um conjunto de células se queixar de falta de capacidade de resposta à marcha;
- um descarregamento profundo todos os meses, ou seja, até ela não conseguir andar mais (a direito) do que 24km/h, quer isto dizer que se desceu ao limite de 20% acima da carga perigosa, a qual pode provocar inversão de polaridade nas células;
- o software implementa uma equalização de 3a durante uma hora, após um carregamento completo para combater a falta de equilíbrio nas células que não são controladas individualmente pelo (mau) bms;
- a cada 10 horas de condução, o software implementa um processo longo que demora cerca de 10 horas a ser completado, nele observa-se uma equalização de 4 horas de duração para garantir que não existem mesmo desequilíbrios entre as células.
porque é que a temperatura é tão importante?
ora, a maior causa do desequilíbrio de carga nas células, é a temperatura que difere entre estas, ou seja, a temperatura condiciona a resposta e carregamento, pelo quando estas diferem alguns ºc isto significa que carregam ou descarregam de forma diferente, o que leva a desequilíbrios. é sabido que a ventilação actual é pouco eficiente e de forma desigual entre células, ou seja, é deficiente quer pela falta de cuidado no desenho dos espaços entre as células, quer pela falta de ventilação forçada. já há intenções de produzir para venda um sistema (chamado de abcool ) para combater esse efeito, que já opera há algum tempo nalgumas motas com bons resultados. prevê-se que ele esteja disponível para venda em breve.
sabe-se também que a temperatura acima dos 30ºc faz mal às baterias (diminui-lhes a vida) e que estas não devem trabalhar acima dos 40ºc, sabendo-se que há danos irreversíveis a partir dos 50ºc. recebi no entanto uma comunicação da vectrix através da masac que diz que as baterias da vectrix são especiais e que estes valores são alterados para: a temperatura acima dos 50ºc faz mal às baterias, estas não devem trabalhar acima dos 60ºc e têm danos irreversíveis a partir dos 80ºc. porém ainda não consegui confirmar a veracidade disto por outra fonte (e já muito tentei) pelo que coloco reservas nesta informação. portanto (jogando à defesa) podemos concluir que devemos evitar ter temperaturas acima dos 30ºc, sabendo que quando mais elevada estiver, mais influencia a sua longevidade.
mas porque é que o desequilíbrio entre células é tão perigoso?
o desequilíbrio entre células é perigoso porque quando se faz uma descarga completa, se houver diferenças de carga entre células superiores a 20%, isso poderá provocar que as com menor carga fiquem sujeitas à inversão de polaridade, o que significa ficarem irrecuperavelmente estragadas.
ok, mas a mota faz equalizações para que isso não aconteça, não é?
é, porém e porque o bms não controla as células individualmente dá uma carga excessiva a todas, carregando as que ainda não estão “cheias” e fazendo transpirar as que já estão. este processo é sabido que aumenta dramaticamente a temperatura da bateria porque as células “cheias” transpiram toda a carga que lhes é enviada e isso reduz-lhes a vida. chama-se a este factor, célula em stress.
então se por um lado não queremos correr riscos e por outro diminuímos a vida das baterias, o que fazer?
é no meio que está a virtude, dependendo da autonomia que necessitamos, devemos ter especial cuidado, principalmente em dias quentes.
então o que faço? não a deixo fazer a equalização? então e as descargas que a marca recomenda?
o software arranca com a equalização depois de ventilar (de forma insuficiente) a bateria durante 1 hora, sempre depois de um carregamento completo, sendo uma fase desnecessária (que lhe diminui a vida) para uma bateria equilibrada. actualmente a maneira mais saudável parece ser fazer uma descarga superficial intermédia a cada 500km (até a luz vermelha da bateria aparecer) e uma completa (até velocidade inferior a 24km/h) a cada 1000km.
que grande chatice! isto dá muito trabalho a controlar! há algum cuidado mais a ter?
sim! até 80% da carga a conversão eléctrica em química tem uma eficiência de cerca de 95%, o que liberta muito pouco calor. de 80% a 100% o processo gera muito mais calor porque a recepção da energia deve ser mais lenta e como tal, isso não acontece porque o carregador força a mesma carga. significa isto que também não é recomendável utilizar a travagem regenerativa com carga acima dos 80%.
ok, então dito tudo isto o que se aconselha como melhor prática para a longevidade da bateria?
- normalmente manter a carga da bateria entre os 40% e 80%, o que só é possível para distâncias na prática inferiores a 30km;
- fazer uma descarga superficial a cada 500km seguida de equalização;
- fazer uma descarga profunda a cada 1000km seguida de equalização (provavelmente a longa terá aqui lugar);
- uma vez que a equalização longa cria uma enorme quantidade de energia e consequentemente, calor, se possível fazer o carregamento refrigerado (procurar noutro tópico) quando a temperatura ambiente estiver acima dos 26ºc.
- procurar que a temperatura nos carregamentos nunca passe dos 30ºc e procure ainda com maior atenção que ela não passe dos 35ºc. recorra ao carregamento refrigerado (que envolve o arrefecimento do ar junto das entradas de ventilação da mota), caso a temperatura ambiente lhe inviabilize o carregamento dentro dos valores de segurança.
tens a certeza que vale a pena assim tanto trabalho para na volta se ganhar apenas um pouco mais?
não é apenas um pouco mais. por exemplo, só tendo em linha de conta a redução do nível de descarga, verifique-se o quanto se pode prolongar a vida da bateria: leia-se que com descargas até 20% da carga é espectável uma vida de 1.000 carregamentos, e para 40% uma vida de 10.000! são 10 vezes mais!
que grande treta, comprei uma mota eléctrica porque é o futuro e tenho de ter assim tanto trabalho?
ter não tem, mas se quiser que ela dure 300.000km tem de a tratar bem, caso contrário ela não durará sequer os 80.000km que a marca apregoa. este é o preço de estar na vanguarda da tecnologia, na realidade, as paixões pagam-se mas são elas que mudam o mundo.
porém haverá sempre contestatários ao processo, como por exemplo este dono de uma vectrix a quem garantiram que dava para ir para o trabalho que fica a 50km e que ficou muito indignado com o que escrevi aqui:
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