
Obrigado à FFM pelo privilégio de poder testar este excelente VE de duas rodas.
A Vectrix dispensa apresentações. Já todos a conhecemos. É uma excelente maxiscooter, muito bem conseguida. Espero que a marca regresse em grande.
Vou apresentar este teste dividido em 3 categorias: Performance, Rotina, Autonomia. A autonomia por ser das mais relevantes questões que se colocam aos VE; A rotina, porque uma maxiscooter é, na sua essência, uma mota do dia-a-dia; A performance, porque a dita é sempre relevante na escolha, quer seja racional ou irracional (no sentido apaixonante do termo).
Recebi a Vectrix Premium de serviço com a carga no máximo, o que dava muito jeito, visto estar atrasadíssimo para um evento ao qual não podia faltar. Eram 21:15, estava na Quinta do Conde (Margem-Sul) e o evento era às 21:50 na Brandoa (Amadora). Estava decidido que o primeiro teste seria de:
Performance.
Temi não conseguir chegar ao meu destino a horas ou, chegando, não ter autonomia para regressar. Revelou-se efémero. Temer não fazia sentido. Cheguei às 21:40, diverti-me imenso pelo caminho e fiquei com mais de meia carga disponível.
A mota parecia já me conhecer. A confiança foi mútua e imediata.
O modo de condução usado foi o Dinâmico. Permite usar a mota ao máximo. O ponteiro da velocidade vai aos 120 kph (e fixa-se por lá). Nota-se que a mota tem força para superar este limite. No sétimo dia de teste, fiz o percurso A5 (entrada em Caxias) até à Avenida da Ponte, de punho trancado nos 120 kph e depois A2 (até ao Fogueteiro) com a mesma "tranca". Fosse a descer, ou a subir, ela não saía dos 120 kph. Impressionante!
A primeira aceleração está limitada (nota-se). Tal como as outras Vectrix, isto não é novidade. Para proteger a mota do pico do arranque, é necessária essa precaução. Daí que, saímos nos semáforos acompanhados pelas outras scooters, mas passado pouco tempo conseguimos que nos "deslarguem".

Fiz uma outra viagem de punho trancado, no décimo segundo dia de teste, mas menos agradável, pois estava muito vento e foi na Ponte Vasco da Gama. Ainda por cima levava pendura e, não fosse o facto de querer testar a performance da Vectrix nessas condições, não faria esta viagem deste modo. Guardo apenas a nota que, depois de uma viagem destas, de 55 km, 33 dos quais com o "punho trancado" nos 120 kph (Ponte VG + A12 + A33), ainda sobraram 5 barras das 17 que compõem o "depósito".
Outra nota importante, que (apesar de darmos por garantida) não convém esquecer, é o facto da mota não ter perdido a potência mesmo quando já estava no último quarto de carga.
Fazendo a mesma viagem no dia seguinte, mas com mais calma/suavidade (e bem mais agradável, especialmente para a pendura), gastei menos uma barra de carga e demorei quase o mesmo tempo.
Os pneus que equipam esta mota de serviço não são do mesmo conjunto (nem da mesma marca). Isto não deve fazer diferença a muita gente, mas, para as condições que impus ao teste, fez-me. Notei que o pneu da frente agarrava muito mais que o traseiro. Esta é a principal alteração que eu fazia a esta mota.
As outras alterações são a colocação do descanso central, a reposição da mola da bagageira no lado esquerdo e a colocação da topcase (pois normalmente levo um capacete e casaco [da pendura], mais alguma bagagem tecnológica útil no emprego, e a respectiva mala [da pendura]).
A grande potência na roda de trás apenas incomoda em duas situações. Uma quando estamos aos "saltinhos" (por exemplo: na Ponte 25 de Abril, se andarmos a acelerar, a roda traseira perde o contacto a cada junta e, quando apanha o alcatrão, derrapa). A outra é em descida acentuada numa estrada de alcatrão vidrado e com areia ou outro tipo de piso menos aderente. A regenerativa é muito forte e o controlo de tracção/bloqueio não é 100% eficaz (nem com 4 rodas, quanto mais com duas).
Nada disto acontece nos outros modos de condução. Mas isso é tema para o teste de:
Rotina.
Adorei o modo de condução Normal. O Dinâmico é muito bruto, com aceleração e regenerativa muito fortes. Já o Normal, parecia que estava de regresso aos comandos da minha VX-1 Li+. O doseamento da aceleração e regeneração é excelente e já familiar. Apenas difere no limite de velocidade (110 kph na Li+, 105 kph nesta). Gostei muito de conduzir neste modo. Apenas trocava para o Dinâmico devido à necessidade (e falta de paciência na AE) de levar a mota aos 120 kph no regresso a casa (em que já não apanho muito trânsito).
Os outros modos não tive muita paciência para eles, honestamente. Quer o modo Eco, quer o Rain, limitam ainda mais a potência e, "quem dela é sedento, fica em segundos com cieiro".

Para mudar de modo, podemos aceder ao menu (com a tracção desligada) ou, em alternativa (e muito bem conseguida na minha opinião), podemos pressionar o botão E/M (à direita, por baixo da zona dos mostradores) e vemos no mostrador direito as "bolinhas" a indicar a escolha. Foi muito bem pensado e programado.
Quando aceleramos ou regeneramos, deixamos de ver a carga no mostrador da direita, e passamos a ver a potência da aceleração/regeneração. É giro, e se quisermos voltar a ver o estado da carga, basta desacelerar ou, carregar no botão M (lado esquerdo por baixo dos mostradores).
Aquela funcionalidade que eu nunca soube o nome e comecei a tratar como "modo debug", também está presente nesta versão. No entanto, tem a nuance de termos de manter pressionado o travão esquerdo quando religamos o corte-corrente. Depois de nos habituarmos, é fácil de apanhar o jeito.
Tem mais novidades. Os menus têm muitas opções de grande utilidade (como horas e timers para as cargas, entre outras coisas). O "shutdown" e seus "delays" personalizados são interessantíssimos (bem como o apoio da luz frontal, quando à noite precisamos dela, já depois da mota desligada).
Acho que já falei de quase tudo (e se me esqueci de alguma coisa estou sempre a tempo de cá voltar), excepto da parte que mais gente quer saber. Mas, como acho que esta mota me pôs à-vontade, isso originou um resumo bastante pragmático sobre o teste de:
Autonomia.
Na minha opinião, a autonomia devia ser dada em quatro condições (especialmente as últimas): Condução bruta, condução despreocupada, condução rotineira e condução económica.
Em condução bruta (de uma forma tal que, acredito, os leitores destas palavras dificilmente o irão fazer) a carga dura cerca de 70 km;
Em condução despreocupada, com AE no caminho e atingindo frequentemente velocidades de 120 kph, será já próximo dos 100 km;
Em condução rotineira, teremos entre 130 e 150 km;
Em condução económica, não fiz o teste, mas acredito que ultrapassará os 200 km com facilidade.
Sei que haverá este fim-de-semana uma oportunidade para esse teste, visto que esta Vectrix Premium 2016 vai ao ENVE a Coimbra. Deixo esse relato para o sugarstorm.

No meio de tanta conversa, esqueci-me de falar sobre o carregamento dela. É bastante flexível, pois podemos carregar entre 100 e 2200 Wh. É útil termos os tais "delays" de que falei, em que é possível colocar a carregar imediatamente, ou escolher um delay personalizado (configurável no menu), ou então não fazer nada e ficar com o delay por defeito (uma hora de espera antes de começar a carga).
