Maior central solar do mundo em ambiente urbano no MARL
Enviado: terça jan 29, 2008 8:09 pm
“maior central solar do mundo em ambiente urbano no marl (6 mw)
a maior central solar fotovoltaica em ambiente urbano do mundo deverá estar em funcionamento, no mercado abastecedor de lisboa (marl), em são julião do tojal, concelho de loures, até ao final do ano. com uma área de 45 mil metros quadrados, a estrutura, que produzirá energia para abastecer três mil casas, representará um investimento de 30 milhões de euros.
a central será instalada nas coberturas dos edifícios do mercado e explorada pela marl energia, cujo capital foi ontem adquirido em 95 % pelo consórcio fomentinvest e caixa capital. os parceiros foram os vencedores de um concurso iniciado em 2006 e que englobou nove projectos de cinco entidades. a energia produzida pelo equipamento, que terá uma potência de seis mega-watts, será comprada pela rede de média tensão da edp, o que fará com que, em cerca de seis anos, o investimento inicial do consórcio seja recuperado.
segundo ângelo correia, da fomentivest, o investimento da empresa deve-se à política seguida pelo ministério da economia, à "velocidade, rigor e transparência" da administração do marl e à vontade da fomentivest entrar no "primeiro projecto no mundo com esta dimensão".
lembrando que portugal é "o 18º país do mundo em qualidade ambiental e o 5º da europa nas energias renováveis", o ministro da economia, manuel pinho, disse que a central solar do marl é "não só uma boa aposta em termos ambientais, ecológicos e económicos" como na "imagem do país que transmitimos".
pois é, é mais um anúncio espectacular na área das energias renováveis, do qual deveríamos todos estar muito “satisfeitos e orgulhosos”. portugal está no “pelotão da frente”, obaaa!!!
este anúncio vem na sequência de outros como a outra maior central fotovoltaica do mundo em serpa (11 mw, quase o dobro do que a actual maior central situada na alemanha), além desta, estão anunciadas mais cinco novas unidades no nosso país aprovadas pela tutela e que deverão produzir um total de 93 mw de energia. de entre novas centrais projectadas e aprovadas pelo ministério da economia e da inovação constam as unidades de moura (62 mw que passa a ser a nova maior central do mundo, seis vezes maior que a maior até então, e que era a de serpa), ourique (2 mw) albufeira (10 mw) e freixo de espada à cinta (2 mw).
em resumo somos os máiores, carago! (com pronuncia do norte)
este meu artigo, como já devem ter reparado, não é propriamente uma apologia destes anúncios fantásticos e da maior importância para a nossa economia. pelo contrário, riu-me com desdém destas notícias na minha impotência a ver desfilar estas vaidades saloias que também servem para atirar areia aos nossos olhos.
mas a quem interessa estas megalomanias?
a nós portugueses não é concerteza, no meu modesto entender. a uma elite empresarial e politica (e aqui estão eles a legislar e a tirar os proveitos) será concerteza!
no passado recente, ainda antes do novíssimo d.l. 363/2007, nos tempos do 312/2001, as ligações á rede eram possíveis com instalações até 100 kw, e onde as instalações até 5 kw eram remuneradas a 0.54 €/kwh injectado, com contratos apenas limitados ao tempo de vida útil da instalação (estimada entre 25 e 30 anos).
como isto era bom demais, o d.l. 33-a/2005 alterou a remuneração para 0.44 €/kwh com um contrato de 15 anos de duração.
mas isto ainda era muito bom para o zé povinho que, apesar da enorme burocracia do processo de licenciamento destas instalações fotovoltaicas, meteu 3.698 processos de licenciamento totalizando 700 mva quando a potência disponibilizada para o efeito era apenas de 22 mva. por esta razão a dge decidiu suspender todos estes pedidos (passaram ainda alguns poucos) prometendo estudar e implementar um procedimento alternativo do género concursal.
pois é, estes pedidos foram suspensos para o zé, porque os grandes projectos foram depois anunciados. perguntarão, e então não é bom para nós produzir energia limpa em grandes centrais? e eu respondo que não. porquê?
porque as grandes centrais produzem grandes quantidades de energia onde ela não é precisa, necessito de a transportar à distância, necessito de investimentos na rede de transporte, tenho perdas nesse transporte, a energia é produzida quando o s. pedro quiser, não posso contar com a disponibilidade dessa energia na rede nacional da mesma forma com que conto com a das barragens ou das termoeléctricas que ligo e desligo conforme as necessidades do consumo, etc., etc.
qual a melhor maneira então de utilizar as energias renováveis?
é na microprodução, instalar pequenas centrais nos telhados de cada casa, descentralizar, produzir energia onde ela é consumida, não a transportar à distância, não ter assim perdas no transporte, não ter a preocupação de ter uma grande produção de energia num único ponto, que vai e vem conforme as nuvens passam.
isto no aspecto meramente técnico, agora vamos para o aspecto económico. a
s grandes centrais vão dar emprego a meia dúzia de técnicos (de espanador na mão para limpar o pó aos painéis) e a uma dúzia de administradores do conselho de administração. como nós sabemos, estes conselhos de administração acabam sempre por ser compostos por gente bem conhecida da nossa praça (olhem lá para cima, na notícia do marl e vejam se conhecem aquele sr. presidente da fomentinvest), normalmente aqueles que legislaram, lançaram concursos e escolheram as propostas vencedoras que depois passam a administradores dessas empresas (eu não disse! quem disse foi o bastonário!). portanto, os lucros ficaram nas grandes empresas e nos chorudos vencimentos dos seus administradores e dividendos aos seus accionistas. o zé ganhou alguma coisa?
se fosse feita uma verdadeira politica de microprodução, como na alemanha com os seus programas de “milhares de telhados fotovoltaicos” (eles estão-se nas tintas para as grandes centrais) teríamos a economia a mexer, com as pequenas empresas que comercializam e instalam estes equipamentos a desenvolverem-se, a criar empregos, de uma forma descentralizada (não é só em serpa ou na amareleja), a criar competências técnicas, a dar os lucros da venda de energia aos portugueses, a todos os zés deste país, no fundo a quem precisa.
estão a ver porque nos outros países da europa não existem as grandes centrais? pensavam realmente que nós éramos os maiores? com a nossa dimensãozinha e o nosso poderzinho económico conseguíamos ter as maiores centrais do mundo e os outros não? como diz o outro “e o burros sou eu?”, neste caso "e os burros são eles?".
não, não é por falta de massa cinzenta, não é por tacanhez, falta de senso, falta de informação ou formação dos nossos governantes (estes ou os outros, são todos iguais). eles sabem que a melhor solução é a descentralização da produção de energia eléctrica, através de sistemas de microprodução. então porquê os licenciamentos destas centrais? acho que a resposta ficou clara.
a maior central solar fotovoltaica em ambiente urbano do mundo deverá estar em funcionamento, no mercado abastecedor de lisboa (marl), em são julião do tojal, concelho de loures, até ao final do ano. com uma área de 45 mil metros quadrados, a estrutura, que produzirá energia para abastecer três mil casas, representará um investimento de 30 milhões de euros.
a central será instalada nas coberturas dos edifícios do mercado e explorada pela marl energia, cujo capital foi ontem adquirido em 95 % pelo consórcio fomentinvest e caixa capital. os parceiros foram os vencedores de um concurso iniciado em 2006 e que englobou nove projectos de cinco entidades. a energia produzida pelo equipamento, que terá uma potência de seis mega-watts, será comprada pela rede de média tensão da edp, o que fará com que, em cerca de seis anos, o investimento inicial do consórcio seja recuperado.
segundo ângelo correia, da fomentivest, o investimento da empresa deve-se à política seguida pelo ministério da economia, à "velocidade, rigor e transparência" da administração do marl e à vontade da fomentivest entrar no "primeiro projecto no mundo com esta dimensão".
lembrando que portugal é "o 18º país do mundo em qualidade ambiental e o 5º da europa nas energias renováveis", o ministro da economia, manuel pinho, disse que a central solar do marl é "não só uma boa aposta em termos ambientais, ecológicos e económicos" como na "imagem do país que transmitimos".
pois é, é mais um anúncio espectacular na área das energias renováveis, do qual deveríamos todos estar muito “satisfeitos e orgulhosos”. portugal está no “pelotão da frente”, obaaa!!!
este anúncio vem na sequência de outros como a outra maior central fotovoltaica do mundo em serpa (11 mw, quase o dobro do que a actual maior central situada na alemanha), além desta, estão anunciadas mais cinco novas unidades no nosso país aprovadas pela tutela e que deverão produzir um total de 93 mw de energia. de entre novas centrais projectadas e aprovadas pelo ministério da economia e da inovação constam as unidades de moura (62 mw que passa a ser a nova maior central do mundo, seis vezes maior que a maior até então, e que era a de serpa), ourique (2 mw) albufeira (10 mw) e freixo de espada à cinta (2 mw).
em resumo somos os máiores, carago! (com pronuncia do norte)
este meu artigo, como já devem ter reparado, não é propriamente uma apologia destes anúncios fantásticos e da maior importância para a nossa economia. pelo contrário, riu-me com desdém destas notícias na minha impotência a ver desfilar estas vaidades saloias que também servem para atirar areia aos nossos olhos.
mas a quem interessa estas megalomanias?
a nós portugueses não é concerteza, no meu modesto entender. a uma elite empresarial e politica (e aqui estão eles a legislar e a tirar os proveitos) será concerteza!
no passado recente, ainda antes do novíssimo d.l. 363/2007, nos tempos do 312/2001, as ligações á rede eram possíveis com instalações até 100 kw, e onde as instalações até 5 kw eram remuneradas a 0.54 €/kwh injectado, com contratos apenas limitados ao tempo de vida útil da instalação (estimada entre 25 e 30 anos).
como isto era bom demais, o d.l. 33-a/2005 alterou a remuneração para 0.44 €/kwh com um contrato de 15 anos de duração.
mas isto ainda era muito bom para o zé povinho que, apesar da enorme burocracia do processo de licenciamento destas instalações fotovoltaicas, meteu 3.698 processos de licenciamento totalizando 700 mva quando a potência disponibilizada para o efeito era apenas de 22 mva. por esta razão a dge decidiu suspender todos estes pedidos (passaram ainda alguns poucos) prometendo estudar e implementar um procedimento alternativo do género concursal.
pois é, estes pedidos foram suspensos para o zé, porque os grandes projectos foram depois anunciados. perguntarão, e então não é bom para nós produzir energia limpa em grandes centrais? e eu respondo que não. porquê?
porque as grandes centrais produzem grandes quantidades de energia onde ela não é precisa, necessito de a transportar à distância, necessito de investimentos na rede de transporte, tenho perdas nesse transporte, a energia é produzida quando o s. pedro quiser, não posso contar com a disponibilidade dessa energia na rede nacional da mesma forma com que conto com a das barragens ou das termoeléctricas que ligo e desligo conforme as necessidades do consumo, etc., etc.
qual a melhor maneira então de utilizar as energias renováveis?
é na microprodução, instalar pequenas centrais nos telhados de cada casa, descentralizar, produzir energia onde ela é consumida, não a transportar à distância, não ter assim perdas no transporte, não ter a preocupação de ter uma grande produção de energia num único ponto, que vai e vem conforme as nuvens passam.
isto no aspecto meramente técnico, agora vamos para o aspecto económico. a
s grandes centrais vão dar emprego a meia dúzia de técnicos (de espanador na mão para limpar o pó aos painéis) e a uma dúzia de administradores do conselho de administração. como nós sabemos, estes conselhos de administração acabam sempre por ser compostos por gente bem conhecida da nossa praça (olhem lá para cima, na notícia do marl e vejam se conhecem aquele sr. presidente da fomentinvest), normalmente aqueles que legislaram, lançaram concursos e escolheram as propostas vencedoras que depois passam a administradores dessas empresas (eu não disse! quem disse foi o bastonário!). portanto, os lucros ficaram nas grandes empresas e nos chorudos vencimentos dos seus administradores e dividendos aos seus accionistas. o zé ganhou alguma coisa?
se fosse feita uma verdadeira politica de microprodução, como na alemanha com os seus programas de “milhares de telhados fotovoltaicos” (eles estão-se nas tintas para as grandes centrais) teríamos a economia a mexer, com as pequenas empresas que comercializam e instalam estes equipamentos a desenvolverem-se, a criar empregos, de uma forma descentralizada (não é só em serpa ou na amareleja), a criar competências técnicas, a dar os lucros da venda de energia aos portugueses, a todos os zés deste país, no fundo a quem precisa.
estão a ver porque nos outros países da europa não existem as grandes centrais? pensavam realmente que nós éramos os maiores? com a nossa dimensãozinha e o nosso poderzinho económico conseguíamos ter as maiores centrais do mundo e os outros não? como diz o outro “e o burros sou eu?”, neste caso "e os burros são eles?".
não, não é por falta de massa cinzenta, não é por tacanhez, falta de senso, falta de informação ou formação dos nossos governantes (estes ou os outros, são todos iguais). eles sabem que a melhor solução é a descentralização da produção de energia eléctrica, através de sistemas de microprodução. então porquê os licenciamentos destas centrais? acho que a resposta ficou clara.