Materiais termoelétricos têm eficiência aumentada em 40%
Enviado: quarta mar 26, 2008 10:16 am
in inovação tecnológica
e-boletim - ano 8 - 26 de março de 2008
e-boletim - ano 8 - 26 de março de 2008
nota: foi mantida a grafia original. por isso aparecerem termos como electróns que escrevemos electrões e fónons que me parece serem os fotões.materiais termoelétricos têm eficiência aumentada em 40%
da redação
24/03/2008
seção da liga termoelétrica nanocristalina vista por meio de um microscópio eletrônico[imagem: boston college]
pesquisadores conseguiram o maior avanço em mais de 50 anos lidando com materiais termoelétricos. agora estas ligas, capazes de transformar diretamente calor em eletricidade, tiveram sua eficiência aumentada em 40%.
ineficiência energética
quando se fala em eficiência energética, é fácil constatar que a maioria da energia dos combustíveis hoje utilizados se perde na forma de calor: dos motores de automóveis às caldeiras industriais, passando pelos chips de computador, apenas uma parte da energia utilizada é realmente transformada em trabalho - a maior parte é dissipada na forma de calor.
os materiais termoelétricos têm potencial para gerar uma gama inteiramente nova de produtos, capazes de transformar o calor desperdiçado em eletricidade aproveitável. desde sua descoberta, no século xix, porém, essas ligas metálicas têm sido responsáveis por grandes frustrações dos engenheiros, devido à sua eficiência muito baixa.
liga termoelétrica de baixo custo
o maior entrave técnico acontece porque os materiais termoelétricos são capazes de gerar tanto eletricidade a partir do calor, quanto calor a partir da eletricidade. só que a maioria dos materiais que transportam bem a eletricidade também são bons condutores de calor. desta forma, sua temperatura se equaliza rapidamente e o processo deixa de funcionar.
os pesquisadores das universidades mit e boston college, ambas nos estados unidos, construíram minúsculas nanoestruturas que são boas condutoras de eletricidade mas não tão boas condutoras de calor. elas funcionam como micro-exaustores e geradores de energia elétrica.
eles utilizaram a já tradicional liga telureto de bismuto-antimônio. ao invés de estruturá-la pelos processos-padrão com que são feitas as ligas metálicas, os pesquisadores geraram nanopartículas do material e então o reconstruíram de baixo para cima. em termos bem simples, eles moeram o material até reduzí-lo a nanopartículas e depois o refundiram.
o resultado é uma liga barata, fácil de ser fabricada e que opera desde temperaturas ambientes até 250º c.
elétrons e fónons
o fenômeno da termoeletricidade junta os lados "quente e frio" da física. quando se aquece uma das extremidades de um fio, os elétrons se deslocam para o lado frio, gerando uma corrente elétrica. da mesma forma, ao se aplicar uma corrente elétrica no fio, o calor se deslocará de uma seção mais quente para uma seção mais fria do fio.
os fónons - um modo quântico de vibração - desempenham um papel crucial nesse processo, porque é através deles que o calor é conduzido nos sólidos isolantes. as nanopartículas reconstituídas na forma de liga metálica restrigem a passagem dos fónons através do material, alterando radicalmente seu desempenho termoelétrico ao bloquear o calor e deixar permitir passar a eletricidade.
para conhecer outra pesquisa recente sobre materiais termoelétricos, veja gerador do futuro: moléculas orgânicas convertem calor em eletricidade.