Solos: Funerárias pedem legislação para evitar contaminação
Enviado: sábado mai 17, 2008 1:07 pm
solos: funerárias pedem legislação para evitar contaminação
especialistas em ambiente e profissionais do sector funerário defendem a necessidade de legislação a nível ambiental para proteger os solos da contaminação dos cemitérios.
a legislação «era essencial e fundamental para prevenir certos aspectos ambientais, não só da contaminação dos solos, dos aquíferos, mas também das emissões das incineradores e dos crematórios», disse à agência lusa carla caetano, do departamento do ambiente da câmara municipal de loures.
vários especialistas vão debater sábado e domingo em loures este e outros temas na ambifuner - conferência internacional sobre o sector funerário, ambiente e cemitério promovida pela associação nacional de empresas lutuosas (anel).
«não há legislação a nível ambiental para proteger os solos», afirmou a engenheira do ambiente carla caetano, defendendo que a contaminação dos solos tem de ser avaliada antes da implantação de um cemitério.
«tem de haver um estudo prévio porque os cemitérios não estão sujeitos a uma avaliação de impacte ambiental e deveriam estar como acontece no brasil», justificou.
o presidente da associação ambientalista quercus, hélder spínola, adiantou à lusa que, em portugal, não há «grandes registos» de contaminação dos solos.
«pode haver alguma situação mas como acontece longe dos olhares, no subsolo, às vezes é difícil de detectar», afirmou hélder spínola.
para o ambientalista, os cemitérios, principalmente os maiores e os novos, devem salvaguardar as questões ambientais, adoptando um conjunto de «boas práticas», ter cuidados no tratamento das águas originárias das gavetas e acautelar as infiltrações de produtos poluentes no solo.
«o problema está nas urnas de madeira tratada, com verniz sintético, que são colocadas na terra e que demoram muitos anos a decompor», disse, defendendo a utilização de material que se decomponha facilmente.
um passo já foi dado nesse sentido, segundo o director da associação portuguesa de profissionais do sector funerário, com a aprovação de uma norma pelo instituto português de qualidade (ipq) que recomenda que as madeiras das urnas sejam tratadas com vernizes aquosos.
além disso, o tecido utilizado no interior das urnas deve ser «100 por cento algodão», e não poliéster como é usual, os pregos de metal devem ser substituídos por colas e os acessórios de metal amovíveis.
«o problema que afecta os cemitérios é a ausência de práticas ambientais», disse paulo carreira, acrescentando que «os cemitérios estão lotados porque não fazem decomposição dos corpos» devido aos materiais utilizados que dificultam a decomposição e podem ser um foco de contaminação do lençol freático.
apesar de congratular-se com a norma do ipq, que reuniu o consenso de várias entidades, paulo carreira ressalvou que a norma é voluntária, mas «pode dar o mote ao legislador».
para o presidente da anel, nuno monteiro, esta norma manifesta que «já há uma pequena preocupação» pelas questões ambientais, mas «vale o que vale».
«há todo um conjunto de situações que desaceleram a decomposição dos cadáveres e pode contaminar os solos» e que deve ser prevenida através de legislação nacional, afirmou.
no concelho de loures, a autarquia tem vindo a tentar desde 2002 que os cemitérios não entrem em saturação, adiantou carla caetano, dando como exemplo o de camarate.
«a área do cemitério não estava toda ocupada e estamos a ampliá-lo com um novo conceito porque os solos não eram os mais adequados e não vamos continuar a insistir em sepulturas térreas porque não funciona», explicou.
como ficaria muito caro ao município substituir as terras, a autarquia optou por edifícios de decomposição aeróbia, que consiste num processo que permite a presença de ar na inumação.
«há mais mortes que nascimentos, segundo o instituto nacional de estatística, e não podemos estar constantemente a ampliar cemitérios», justificou, acrescentando que os cemitérios antigos já não têm capacidade de resposta porque muitos deles estão preenchidos com concessões perpétuas.
«é necessário mostrar o que são os cemitérios, porque ninguém tem essa noção», disse, acrescentando: «só se lembram que há mortos e que os cemitérios de lisboa estão saturados, mas não é só em lisboa, é a nível nacional».
carla caetano defende ainda medidas preventivas para o caso de ocorrer uma catástrofe, sublinhando que, em portugal, não há nenhum cemitério que consiga dar resposta no caso de ocorrer um desastre natural.
«é necessário existir terrenos específicos para uma situação de catástrofe que, a nível nacional, não existem», ramatou.
diário digital / lusa
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?s ... ews=332790
especialistas em ambiente e profissionais do sector funerário defendem a necessidade de legislação a nível ambiental para proteger os solos da contaminação dos cemitérios.
a legislação «era essencial e fundamental para prevenir certos aspectos ambientais, não só da contaminação dos solos, dos aquíferos, mas também das emissões das incineradores e dos crematórios», disse à agência lusa carla caetano, do departamento do ambiente da câmara municipal de loures.
vários especialistas vão debater sábado e domingo em loures este e outros temas na ambifuner - conferência internacional sobre o sector funerário, ambiente e cemitério promovida pela associação nacional de empresas lutuosas (anel).
«não há legislação a nível ambiental para proteger os solos», afirmou a engenheira do ambiente carla caetano, defendendo que a contaminação dos solos tem de ser avaliada antes da implantação de um cemitério.
«tem de haver um estudo prévio porque os cemitérios não estão sujeitos a uma avaliação de impacte ambiental e deveriam estar como acontece no brasil», justificou.
o presidente da associação ambientalista quercus, hélder spínola, adiantou à lusa que, em portugal, não há «grandes registos» de contaminação dos solos.
«pode haver alguma situação mas como acontece longe dos olhares, no subsolo, às vezes é difícil de detectar», afirmou hélder spínola.
para o ambientalista, os cemitérios, principalmente os maiores e os novos, devem salvaguardar as questões ambientais, adoptando um conjunto de «boas práticas», ter cuidados no tratamento das águas originárias das gavetas e acautelar as infiltrações de produtos poluentes no solo.
«o problema está nas urnas de madeira tratada, com verniz sintético, que são colocadas na terra e que demoram muitos anos a decompor», disse, defendendo a utilização de material que se decomponha facilmente.
um passo já foi dado nesse sentido, segundo o director da associação portuguesa de profissionais do sector funerário, com a aprovação de uma norma pelo instituto português de qualidade (ipq) que recomenda que as madeiras das urnas sejam tratadas com vernizes aquosos.
além disso, o tecido utilizado no interior das urnas deve ser «100 por cento algodão», e não poliéster como é usual, os pregos de metal devem ser substituídos por colas e os acessórios de metal amovíveis.
«o problema que afecta os cemitérios é a ausência de práticas ambientais», disse paulo carreira, acrescentando que «os cemitérios estão lotados porque não fazem decomposição dos corpos» devido aos materiais utilizados que dificultam a decomposição e podem ser um foco de contaminação do lençol freático.
apesar de congratular-se com a norma do ipq, que reuniu o consenso de várias entidades, paulo carreira ressalvou que a norma é voluntária, mas «pode dar o mote ao legislador».
para o presidente da anel, nuno monteiro, esta norma manifesta que «já há uma pequena preocupação» pelas questões ambientais, mas «vale o que vale».
«há todo um conjunto de situações que desaceleram a decomposição dos cadáveres e pode contaminar os solos» e que deve ser prevenida através de legislação nacional, afirmou.
no concelho de loures, a autarquia tem vindo a tentar desde 2002 que os cemitérios não entrem em saturação, adiantou carla caetano, dando como exemplo o de camarate.
«a área do cemitério não estava toda ocupada e estamos a ampliá-lo com um novo conceito porque os solos não eram os mais adequados e não vamos continuar a insistir em sepulturas térreas porque não funciona», explicou.
como ficaria muito caro ao município substituir as terras, a autarquia optou por edifícios de decomposição aeróbia, que consiste num processo que permite a presença de ar na inumação.
«há mais mortes que nascimentos, segundo o instituto nacional de estatística, e não podemos estar constantemente a ampliar cemitérios», justificou, acrescentando que os cemitérios antigos já não têm capacidade de resposta porque muitos deles estão preenchidos com concessões perpétuas.
«é necessário mostrar o que são os cemitérios, porque ninguém tem essa noção», disse, acrescentando: «só se lembram que há mortos e que os cemitérios de lisboa estão saturados, mas não é só em lisboa, é a nível nacional».
carla caetano defende ainda medidas preventivas para o caso de ocorrer uma catástrofe, sublinhando que, em portugal, não há nenhum cemitério que consiga dar resposta no caso de ocorrer um desastre natural.
«é necessário existir terrenos específicos para uma situação de catástrofe que, a nível nacional, não existem», ramatou.
diário digital / lusa
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?s ... ews=332790