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DURÃO BARROSO E A COMISSÃO EUROPEIA ATACAM A RECICLAGEM

Enviado: quinta ago 24, 2006 8:40 am
por Fry
durão barroso e a comissão europeia atacam a reciclagem



portugal pode ser seriamente prejudicado



a comissão europeia apresentou uma proposta de estratégia para a prevenção e reciclagem que mais não é do que um apelo à incineração.



o presidente da comissão, o português durão barroso, tem particulares responsabilidades nesta matéria e revela uma total incoerência, uma vez que enquanto político em portugal sempre defendeu a opção pela reciclagem, tendo mesmo apresentado nesse sentido propostas no parlamento. agora, à semelhança do que se passou na política europeia sobre químicos, parece estar também muito permeável a determinados grupos económicos.



se esta proposta for aceite pelos governos europeus, portugal pode ser seriamente afectado, uma vez que a substituição da reciclagem pela incineração, irá dificultar a concretização dos diversos projectos de unidades de reciclagem que estão a ser desenvolvidos no nosso país.



os aspectos mais relevantes da estratégia em causa são os seguintes:



1 - comissão reconhece que a reciclagem é de longe o processo de tratamento de resíduos que gera mais emprego

segundo a comissão europeia a gestão de 10 000 toneladas de resíduos gera os seguintes postos de trabalho em função do tratamento escolhido:



- reciclagem: 250 empregos

- incineração: 30 empregos

- aterro: 10 empregos



2 - comissão esquece a prevenção dos resíduos

a comissão reconhece que o crescimento dos resíduos é um problema, sendo igual ou superior ao crescimento do pib na média na união europeia, mas apenas diz que os países deverão estabelecer planos nacionais de prevenção, não estabelecendo quaisquer metas e remetendo para 2010 a reavaliação dos resultados dos planos nacionais. em 20 páginas de texto desta estratégia de prevenção e reciclagem, só 1/2 página é dedicada à prevenção.



3 - durão barroso quer co-incinerar óleos usados

o presidente da comissão, durão barroso, que enquanto líder político em portugal defendeu a regeneração dos óleos lubrificantes, agora quer retirar da directiva sobre os óleos a prioridade estabelecida para a regeneração, equiparando-a assim à co-incineração em cimenteiras. esta decisão é tomada supostamente com base em estudos de análise de ciclo de vida, mas os últimos estudos disponíveis (fev/2005) indicam exactamente o contrário, favorecendo a regeneração de forma inequívoca.



4 - comissão diz que a incineração é igual à reciclagem

esta estratégia confunde sistematicamente incineração com reciclagem, pretendendo-se assim meter tudo no mesmo saco, com o objectivo claro de misturar os conceitos. é referido expressamente que a incineração de resíduos orgânicos é igual à sua reciclagem através da compostagem ou da digestão anaeróbia, o que é um erro técnico grave, demonstrando claramente o espírito que está por detrás deste documento.



5 - comissão pretende dificultar a reciclagem e facilitar a incineração

toda a estratégia procura criar barreiras à reciclagem, quer através da proposta de ausência de metas, da sua equivalência à incineração ou da criação de regulamentos mais apertados para esta actividade. para a incineração é só facilidades, tal como o aligeirar da legislação sobre resíduos tratados para queima ou o considerar como valorização a operação de incineração de resíduos em incineradoras de resíduos urbanos, quando há uma decisão do tribunal europeu de justiça justamente no sentido contrário.



6 - trinta anos de trabalho pela prevenção e reciclagem que podem ir para o lixo

esta estratégia põe claramente em causa o trabalho realizado ao longo dos últimos 30 anos, no sentido de construir um modelo europeu de gestão sustentável dos resíduos com base na politica dos 3 rs (redução, reutilização e reciclagem).



7 - estratégia é mau exemplo para fora da união europeia

o documento reconhece que muitos países de fora da união europeia têm seguido o bom exemplo europeu no estabelecimento de metas de reciclagem e de responsabilização do produtor pelo destino dos resíduos, no entanto esquece que ao seguir agora pelo caminho da desregulação, a europa vai dar um péssimo exemplo para todo o mundo.



8 - comissão europeia quer demitir-se das suas funções

em diversos temas como as políticas de prevenção, o estabelecimento de metas de reciclagem ou a opção entre a reciclagem e a incineração, a comissão europeia parece querer passar essa responsabilidade para os países membros, deixando-os à mercê de fortes lobbies, como é o caso do constituído ontem em portugal através de uma associação entre as três empresas que incineram resíduos urbanos.



9 - princípio da responsabilidade do produtor posto em causa

ao arrepio de todo o edifício que tem estado a ser construído ao longo dos últimos anos, a comissão quer agora deixar cair o princípio da responsabilidade do produtor de resíduos, segundo o qual as empresas que colocam os produtos no mercado são responsáveis por financiar a sua gestão quando chegam à fase de resíduos. esta política permitiu construir sistemas de gestão para diversos fluxos importantes, como as embalagens ou o equipamento eléctrico e electrónico. agora a comissão quer apenas estabelecer metas por materiais independentemente do produto que lhe deu origem, perdendo-se assim o rasto do produtor, sendo muito difícil depois responsabilizar quem quer que seja por eventuais falhas no alcançar das metas estabelecidas.



10 - portugal será penalizado

portugal que tem feito um investimento meritório na criação de sistemas de gestão de resíduos com metas de reciclagem razoáveis e com base na responsabilização do produtor, poderá assim ver posta em causa essa política e o esforço dispendido. para o nosso país a questão do emprego gerado pela reciclagem de resíduos, pode ser uma alavanca para o desenvolvimento económico e social.

portugal é neste momento um dos países que possui mais sistemas de gestão de fluxos específicos de resíduos, muitos dos quais ainda não são obrigatórios a nível europeu como é o caso das pilhas, dos pneus ou dos óleos lubrificantes.



11- quercus apela ao governo português para defender a polícia dos 3 rs

na sequência da divulgação desta proposta da comissão, a quercus já apelou ao governo português, através do ministério do ambiente para ter uma posição forte nas discussões que vão ocorrer sobre este assunto, sendo a primeira já no dia 10 de janeiro em bruxelas, no sentido de defender a política dos 3 rs (reduzir, reutilizar e reciclar) uma vez que essa é a política que mais vantagens pode trazer a portugal quer do ponto de vista ambiental quer de desenvolvimento económico e criação de emprego.





lisboa, 6 de janeiro de 2006

quercus – associação nacional de conservação da natureza

contactos: rui berkemeier - 934256581, pedro carteiro - 934285343, susana fonseca – 936603683

Enviado: quinta ago 24, 2006 10:41 am
por escalavardo
fry, este assunto já vem sido debatido algum tempo, e as duas partes, quanto a mim parecem-me muito extremistas.

o governo alega que os óleos minerais regenerados não têm a qualidade dos novos e por isso iriam ser um fiasco a nível comercial (em parte têm alguma razão, pois os portugueses não aderem a produtos reciclados, mesmo de qualidade igual aos outros), logo a solução mais "proveitosa" será usá-los como combustível nas cimenteiras.

ora este aspecto tem muito que se lhe diga. as cimenteiras, para o queimar, iriam adicioná-lo ao combustível actual em cerca de 20%. o óleo usado tem um pci (poder calorífico inferior) menor do que o combustível usado actualmente, logo um menor desempenho.

por essa razão, o governo irá pagar para que as cimenteiras queimem o óleo. agora não esqueçer, que mesmo com um pci menor, trata-se de combustível, de borla, e ainda recebem dinheiro por ele.

o outro revés é que o óleo ao ser incinerado, não vai deixar qualquer tipo de resíduo, logo não vai poluir mais o ambiente.

quanto à regeneração, a quercus alega que é possível regenerar 100% dos óleos minerais.. aí já não concordo, pois possível é, mas só é viável a regeneração de 80% a 90% dos óleos, os restantes, para serem regenerados com qualidade, seria necessário dispender de tratamentos mais caros.

depois de serem regenerados, iriam ser colocados no mercado, onde a aceitação do público é uma incógnita (podem vender-se muito bem, ou ser o fiasco total...). e se forem colocados no mercado, a hipotese de irem poluir o ambiente continua.

depois o processo de regeneração não é como uma varinha de condão, onde há bocado tinhamos óleo usado e primpimpim, temos óleo novo.. existe consumo de energia e todos os contaminantes que se encontravam no óleo, são agora um resíduo altamente perigoso (ainda mais do que antes, pois estão muito mais concentrados), para o qual não há destino ainda, a não ser armazenar e esperar pela conclusão dos cirver.

no final, ambas as partes têm razão e não têm.. de qualquer forma, tanto a quercus como o governo acho que não estão a ser muito correctos, pois quando defendem as suas posições, nunca contam a missa toda.

Enviado: quinta ago 24, 2006 1:14 pm
por madeira
incrivel!
è o que faz haver pessoas de fraca categoria em cargos perponderantes para a gestão da europa.enoja-me coisas como esta.

Enviado: quinta ago 24, 2006 4:07 pm
por mariumm
ao ler o titulo da mensagem pensei que ia encontrar uma boa noticia, afinal encontro a continuação do contrasenso que é a história de vida do ex primeiro ministro nacional, o tal homem que enquanto tem um discurso de protecção ambiental, continua a mover-se num majestoso veiculo ultra poluidor no meio dos seus pares, que nalguns casos se deslocam para a comissão de bicicleta, ou ainda de forma mais frequente de transportes publicos colectivos.

passando no entanto ao tema em causa, eu gostava que este titulo tivesse como desenvolvimento um corpo de noticia dizendo que após o sucesso conseguido pelas campanhas de sensibilização para a reciclagem, estava na calha a fase seguinte em que a meta seria a mentalização das populações para o segundo mais importante dos rs da triologia reduzir, reutilizar, e em caso de impossibilidade de cumprir os dois anteriores reciclar, afinal saimos do ciclo que começou cegamente a tentar tapar o sol com uma peneira incentivando a reciclagem sem fomentar devidamente os 2 primeiros e mais importantes pilares da sustentabilidade do consumo versus ambiente, a redução da utilização de bens e embalagens sempre que tal seja viavel, e a reutilização de objectos.

afinal voltamos a sucumbir perante o extremismo de dois pontos de vista tão distintos que jamais conseguirão obter entendimentos, os lobies financeiramente muito possantes e corrompedores cuja missão é apenas utilizr os seus meios financeiros para os aumentar, mesmo que isso implique colocar em causa a sustentabilidade ambiental a médio prazo, e por outro lado temos, tal como se de um combate de boxe se tratasse, as associações ambientalistas que na sua maioria são tão dogmáticas que nem aceitam negociar sériamente as concessões a fazer em troca de objectivos futuros de consenso.

Enviado: sábado dez 15, 2007 5:56 pm
por ajosemor
realmente nunca se deu o valor devido aos dois primeiros rs como mostra o que se passa com as simples garrafas. recordo-me perfeitamente de o vasilhame de cervejas e refrigerantes serem transportados pelas mesmas viaturas da distribuição o que não tinha impacto ecológico.
a moda da reciclagem aqui, teve a meu ver, o seu exagero. é por certo muito mais dispendioso separar, transportar, seleccionar, triturar, fundir, formatar e transportar para os fabricantes, do que o sistema anterior. excepção feita aos fabricantes de longa distância (importação) onde a partir de uma certa distância esses custos passam a ser inversos, ou seja justificam a reciclagem.

- no caso dos óleos confesso-me com muitas dúvidas. compreendendo bem os prós e contras de cada opção mas parece-me haver necessidade de trabalhos de campo que mostrem sem lugar a dúvidas qual a melhor opção. reciclar ou queimar. parece-me que pode perfeitamente acontecer haver resultados diferentes para povos diferentes e que portanto a ue devería ter instrumentos apenas indicativos e não normativos.
á boa maneira europeia a ue dá indícios de estar a ser excessivamente normativa o que poderá fazer rebentar o colete que não se pretende de forças.