Como não sou só eu a dizê-lo, aconselho a visualização da sempre útil, extraordinariamente certa, simples e resumida opinião deste excelente comunicador (Robert Llewellyn) que faz o Fully Charge (são 9 minutos bem gastos):
Link
Este SUV pode andar em modo normal (1), modo Save (2) e modo Charge (3). Estes modos são escolhidos pelo condutor, graças a dois botões que se encontram entre os bancos da frente (junto à "manete").
Apresentando os modos:
1. O modo normal (0 litros/100km) é puramente eléctrico até aos 120 km/h e enquanto durarem as baterias (cerca de 40 a 50 km de autonomia). Quando se passa dos 120 km/h ou a carga da bateria acaba (eu acho que ela nunca acaba completamente pois deve haver uma reserva de 2 ou 3 kWh [adenda: acho que é reservado 15% da capacidade]) o motor a gasolina começa a trabalhar nas rodas (e gasta o mesmo que no modo Save);
2. O modo Save (5l/100) é um modo quase totalmente a gasolina. Chama-se Save porque se destina a guardar a carga eléctrica para "mais tarde". Assim, o carro anda normalmente a gasolina, tendo apenas o apoio dos motores eléctricos quando se exige mais potência (nos arranques e recuperações);
3. O modo Charge (11l/100) é um modo a gasolina (como o Save), mas carregando a bateria.
Apresentado que está o carro, vamos ao test-drive (realizado neste fim-de-semana de 18/19 de Outubro):
Agora vou falar um pouco deste veículo específico que foi usado para o teste:
A versão testada foi a "full extras" de 48 mil euros (mais 5 mil que a versão base). Esta versão tem o sistema de navegação (é um extra útil), o safety pack (é uma treta que trava por nós e poucas são as pessoas que gostam dela), o aquecedor catalítico (é uma inovação com piada, pois o carro pode aquecer silenciosamente graças a uma espécie de "termoacumulador automóvel", mas duvido da sua necessidade no "nosso" clima ameno) e o WiFi para controlo remoto (o meu Leaf usa o 3G e a verdade é que raramente lá vou, daí que "dispenso" a funcionalidade).
Resumidamente, para mim, 5 mil euros por estes extras é demasiado. Vivo bem sem eles. Mesmo o GPS podemos optar por um aparelho móvel e ficarmos quase tão bem servidos como o de origem.
Por fora, já vi carros mais bonitos, mas também não tem um aspecto desagradável (e gostos não se discutem). Por dentro, achei que os acabamentos são bons, gosto do material dos assentos mas não gostei da cor (o branco suja-se muito) nem do tecto (pela mesma razão). Gostei do espaço. O carro é muito espaçoso e a bagageira então, é brutal. Para ajudar, abre e fecha por si, não é preciso estar "à estalada à porta".

Este SUV tem dois motores eléctricos (um em cada eixo, este carro é um 4x4!) e um a gasolina (2000cc). Podem ver no site as especificações e performances. Para mim, este conjunto de 200 e picos cavalos é mais do que suficiente, já para os aceleras, tenho-vos a dizer que ele está limitado a 170 km/h no mostrador (e como é óbvio, isto foi testado fora da via pública num local legalizado para o efeito :--)).
Havia na lista de informações a recolher, algumas perguntas para responder:
1. Quais os reais consumos do carro nos vários modos?
2. Compensa carregar a bateria toda durante a viagem para depois gastá-la a seguir? Quanto gasta carregar em andamento?
3. Qual a opção mais económica (entre os vários modos) para uma viagem longa?
1. Quais os reais consumos do carro nos vários modos?
R: Os consumos reais foram:
- Em modo normal, o consumo de gasolina variou entre os 0 e 2 litros aos 100. Zero, porque o carro anda quase sempre em modo eléctrico. Dois, porque quando se anda mais rápido ou com a carga das baterias em baixo, o carro começa a trabalhar num modo "misto", com o gerador/motor CI a trabalhar. O consumo eléctrico é cerca de 14/15 kWh aos 100;
- Em modo Save, o consumo de gasolina é de 5 litros aos 100 em andamento normal, 8,5 litros aos 100 em andamento desportivo ou 11,5 se exageradamente desportivo. O consumo eléctrico é próximo de zero;
- Em modo Charge, o consumo de gasolina será entre os 8,5 e os 11,5 litros aos 100. Creio que 6l/100 são para carregar as baterias e os restantes 2,5 a 5,5 litros para "andar". O consumo eléctrico é, obviamente, próximo de zero.
2. Compensa carregar a bateria toda durante a viagem para depois gastá-la a seguir? Quanto gasta carregar em andamento?
R: Não. Como devem calcular, à medida que as baterias vão enchendo, o carregamento vai sendo cada vez menos eficiente. Como podem ver nas conclusões do carregamento a combustão (imagem seguinte), os primeiros 26 quilómetros de autonomia estimada foram aparecendo a cada minuto e 15 segundos aproximadamente. Já os 6 seguintes, demoraram 23 minutos (quase 3 minutos e meio cada!). Logo, quando não temos possibilidade de ligar à tomada, a meu ver, devemos usar o modo Charge apenas até termos 25 a 30 km de autonomia em modo eléctrico (cerca de 60% da capacidade) e depois mudar para o modo normal.
3. Qual a opção mais económica (entre os vários modos) para uma viagem longa?
R: A meu ver, a opção mais económica será o modo normal arrancando com baterias no máximo, visto que ao terminar a carga passará a um modo misto, ou seja, o veículo faz a gestão da combustão e carga consoante a disponibilidade da bateria (que irá sendo recarregada com a regeneração). O modo Charge também poderá ser útil quando sabemos que vamos ter alguma subida a realizar (uma serra por exemplo), sendo que, neste caso, após termos carga suficiente, devemos colocar em Save, de forma a iniciar a subida no modo normal.
A teoria de "andar até gastar a bateria" e depois mudar para Charge (de forma a poder voltar a "andar até gastar a bateria"), creio que não se justifica, pois o consumo do tal modo "misto" no final da carga eléctrica, parece-me ser mais eficiente.
Agradecimentos:
- Aos co-autores do test-drive e respectiva "reportagem" (Paulo e Paula);
- Ao concessionário XANAUTO (Mitsubishi de Loures) pela cedência do Outlader PHEV (especialmente ao senhor António).