http://www.quercus.pt/scid/webquercus/d ... cleid=3279
consumo de electricidade até agosto:
muitas renováveis; poucas emissões grande aumento no consumo; pouca eficiência
a quercus recorreu aos dados das redes energéticas nacionais (ren) relativos ao período entre 1 de janeiro e 31 de agosto de 2010 e ao período homólogo de 2009 para avaliar a produção de energia eléctrica a nível nacional.
menos 3,4 milhões de toneladas de co2 emitidas este ano
portugal este ano, devido ao inverno muito chuvoso e com o aumento verificado na potência eólica instalada, atingiu uma produção de energia eléctrica de origem renovável muito significativa (cerca de 50% no período anual entre julho de 2009 e junho de 2010, de acordo com a direcção geral de energia e geologia), o que constitui um recorde desde 2002.
nas barragens produziram-se mais 6250 gwh do que em 2009 (comparando o mesmo período entre janeiro e agosto). nas eólicas a produção também aumentou 1700 gwh em relação a 2009 e até a co-geração contribuiu com mais 1000 gwh. a produção de energia eléctrica por fontes renováveis, de acordo com as regras de contabilização das emissões de co2, é considerada zero.
no que respeita às centrais termoeléctricas, embora a produção tenha descido 20%, as emissões caíram 30%. as centrais a carvão diminuíram em 60% a produção de energia eléctrica, que se reflectiu nas emissões associadas. estas centrais (sines e pego), com um rendimento muito inferior às centrais mais recentes de ciclo combinado a gás natural, têm uma emissão de gases com efeito de estufa cerca de 2,5 vezes superior, dada a natureza do combustível e o processo de aproveitamento da energia.
as contas gerais entre janeiro e agosto deste ano e o período homólogo de 2009 efectuadas pela quercus, mostram que se emitiram menos 3,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono (co2) para atmosfera. comparando com as emissões de 1990 (ano base para as contas de cumprimento do protocolo de quioto), esta redução corresponde a 5,6% das emissões desse ano.
crescimento insustentável - aumento do consumo de electricidade atinge máximos
numa altura em que ainda atravessamos uma crise económica, o consumo entre janeiro e agosto de 2010 aumentou 5,5% em relação ao período homólogo em 2009. numa avaliação mês a mês, em março de 2010, o aumento em relação ao mês homólogo de 2009 foi de 12,3%.
portugal está a aumentar de forma avassaladora a sua insustentabilidade, dado que o produto interno bruto tem tido um incremento reduzido, havendo assim um aumento muito significativo da intensidade energética na electricidade (consumo a dividir pela geração de riqueza), o que é um péssimo indicador.
pelo menos desde 2007, inclusive, que não se verificavam aumentos de consumo de electricidade tão elevados em relação aos períodos homólogos do ano anterior.
assim, o esforço no aumento da potência para produção de energia eléctrica renovável, que este ano foi rentabilizado por um clima particularmente favorável, arrisca-se a não ter o impacte esperado, face ao enorme aumento do consumo.
a quercus recomenda que haja um esforço sério e imediato de avaliação das medidas de eficiência energética em implementação e acima de tudo uma identificação da natureza dos consumos e dos desperdícios existentes. áreas como a iluminação pública ou serviços como a televisão por cabo ou internet, merecem medidas imediatas.
outras notas
a enorme produção de energia eléctrica de origem renovável nos primeiros meses de 2010 levou a que o nosso balanço fosse positivo em termos de exportação. porém, desde junho (e considerando o período desde o início do ano), que o balanço já voltou a ser desfavorável, isto é, o total de energia eléctrica importada é superior à exportada, apesar de uma diminuição grande da importação em relação a 2009.
até final de agosto nenhum fuel-óleo (petróleo) foi utilizado na produção de electricidade pelas grandes centrais termoeléctricas (a central de setúbal esteve sempre parada).
os níveis das barragens encontram-se 6% abaixo (56% versus 62%) em relação a 2009.
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lisboa, 8 de setembro de 2010