21.08.2007
lusa

o deputado socialista miguel ginestal defende que portugal deve "assumir erros" do passado e apoiar a plantação das espécies florestais mais adequadas. o deputado falava depois de ter visitado o vale do guadiana.
"é preciso ver se, em portugal, o conjunto dos instrumentos financeiros para a reflorestação e arborização foi bem direccionado e se foram correctas as apostas em determinadas espécies florestais", disse o deputado.
miguel ginestal falava depois de uma visita de dois dias ao vale do guadiana, da comissão eventual de acompanhamento e avaliação da política nacional de defesa da floresta contra incêndios, que integra.
os ministérios da agricultura e do ambiente devem avaliar as políticas de arborização desenvolvidas desde 1986 em portugal com apoios comunitários, defendeu o deputado, que preside ainda à subcomissão parlamentar de agricultura, desenvolvimento rural e pescas.
"já hoje propus a responsáveis dos ministérios esta avaliação, nomeadamente sobre os apoios que incidiram sobre a reflorestação de terras agrícolas", disse.
isto porque, no terreno, "há muita gente que defende que as espécies florestais autóctones, como o montado de sobreiros e azinheiras, neste caso do alentejo, deviam ser mais valorizadas".
"as espécies resinosas, como os pinheiros, funcionam como combustível em caso de fogos e, em várias áreas do país, dizem-nos que o equilíbrio destas com as espécies autóctones não terá sido devidamente acautelado", frisou.
montado é "a primeira barreira à desertificação"
para aproveitar o actual período de fundos comunitários, que vigora até 2013, e depois de "assumir os erros cometidos", portugal tem que definir, para aí concentrar o investimento na floresta, "quais as espécies mais adequadas, consoante as regiões e as condições dos solos e tendo em atenção as alterações climáticas".
para contrariar a desertificação dos solos, que "entra em portugal, precisamente, pelo vale do guadiana", nas zonas de moura, serpa e mértola, miguel ginestal também realçou a importância do montado.
"o montado tem diminuído devido aos fogos e ao declínio das árvores mas é a primeira barreira à desertificação. é uma prioridade nacional e tem que se apostar em projectos para a sua protecção e valorização", disse, aludindo ao impacto económico desse ecossistema, de onde se extrai a cortiça, em que portugal é líder mundial.
em jeito de balanço da visita da comissão, que se deslocou à herdade da contenda, em moura, e ao parque natural do vale do guadiana, em mértola, o deputado do ps salientou ainda que, no ordenamento territorial, tem de haver "partilha de responsabilidades" entre a administração pública, aos vários níveis, e privados.
"nestes dois dias, vimos exemplos dessas boas práticas, designadamente na herdade da contenda - gerida pela direcção-geral dos recursos florestais e município — em que os diversos actores se aliam para a valorização de um bem comum", elogiou.
in: ecosfera público.pt