Portugal pode reproduzir o lince-ibérico

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luimio
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Portugal pode reproduzir o lince-ibérico

Mensagem por luimio »

portugal pode reproduzir o lince-ibérico em cativeiro a partir de 2009
31.08.2007
helena geraldes


o primeiro centro de reprodução de lince-ibérico (lynx pardinus) em portugal deverá abrir as portas no início de 2009, em silves. a ministra espanhola do ambiente, cristina narbona, e o ministro português francisco nunes correia, assinaram hoje em lisboa um acordo de cooperação, no âmbito do qual espanha se compromete politicamente a ceder animais a portugal.

hoje vivem nos três centros existentes – todos em espanha –37 linces, membros de uma espécie que, em todo o mundo, não tem mais de 150 indivíduos. em portugal, está “virtualmente extinta”.

o centro, a construir na herdade das santinhas, pode receber 16 animais. a equipa responsável pelo centro terá cerca de nove pessoas, incluindo veterinários e tratadores. nunes correia disse que o centro será aberto ao público.

rodrigo cunha serra, coordenador do projecto, salientou que o centro vai receber linces com idades entre os seis meses e os dois anos. os animais que serão enviados para portugal são aqueles que nasceram em cativeiro, que foram capturados no campo enquanto juvenis ou que estão em centros de recuperação, depois de terem sido encontrados feridos. “mas estaremos sempre dependentes da disponibilidade de linces em espanha”, contou.

o centro, orçado em perto de quatro milhões de euros, é uma medida de compensação pela construção da barragem de odelouca e será financiado pela empresa águas do algarve. os custos estão integrados nos custos de construção da barragem. nunes correia salientou que “não teríamos condições para reintroduzir o lince se esta barragem não fosse feita”.

o governo quer também recuperar os habitats para poder reintroduzir o lince em quatro sítios rede natura, como a serra da malcata. nunes correia salientou que portugal não quer um “jardim zoológico com linces, nem linces em gaiolas”.

cristina narbona considerou que este acordo “é uma aposta na vida. de todas as espécies do planeta e dos seres humanos”.

também presente na cerimónia, o secretário de estado espanhol para o território e biodiversidade, antónio serrano, defendeu que “a conservação não é uma moda nem um luxo; é uma necessidade”.

espanha tem em funcionamento três centros de reprodução e em setembro um quarto entrará em funcionamento, na extremadura. “o objectivo é que em 2011 consigamos reintroduzir linces no seu meio”.

para jorge palmeirim, investigador da faculdade de ciências e uma das pessoas que lançou a primeira campanha nacional pela defesa do lince da malcata, no final da década de 70, este “é um passo muito importante” porque significa “um compromisso do governo espanhol em ceder animais”. desde a década de 50 se sabe que a população de lince-ibérico estava a diminuir. “mas as medidas tomadas nunca tiveram a escala necessária”.
in: http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1303763
em todo o mundo existem cerca de 150 indivíduos
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sem dúvida um animal muito bonito e com muito encanto.

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EnergiaDiesel
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Mensagem por EnergiaDiesel »

excelente notícia luimio por coincidência ia agora mesmo colocar essa noticia aqui no subfórum ambiente

uma pequena introdução ao tema em http://www.naturlink.pt/canais/artigo.a ... &ilingua=1


introdução

em 1500 a.c. o lince-ibérico (lynx pardinus) ocupava toda a área entre portugal e o cáucaso, confinando-se posteriormente à península ibérica, que ocupava na totalidade em meados do séc. xix, sendo ainda muito comum no sul no início do séc. xx. actualmente é o carnívoro mais ameaçado da europa e o felídeo mais ameaçado do mundo.

lince-ibérico é uma espécie especializada, dependente dos bosques e matagais densos com pouca presença humana para abrigo, e do coelho-bravo, o qual constitui 80-100% da alimentação. o habitat ideal de ambas espécies é o mosaico de matagal denso e pequenas clareiras fomentado pela agro-pecuária tradicional. a escassez de coelhos impede o lince de se reproduzir e provoca o seu desaparecimento progressivo.

entre 1960 e 1990, perdeu-se 80% da sua área de ocorrência, tendo algumas populações perdido até 75% dos efectivos em 10 anos. da actual população ibérica, extremamente fragmentada, de 800-1000 indivíduos, apenas existem em portugal (segundo dados anteriores a 1998) 40-53, distribuídos por 5 pequenas populações: algarve/odemira (19-23 indivíduos), vale do sado (6-8), malcata (7-9), s. mamede (4-6) e guadiana (4-7), as últimas três em contacto com populações espanholas. ocorre também com estatuto indeterminado no gerês, montesinho, pinhais de mira e serra de ossa. dados recentes indicam que o declínio prossegue, pelo menos na malcata, onde se encontra quase extinto.

conservação

em portugal, a presente situação resultou da perseguição activa (anos 40-70); da destruição do habitat pela agricultura, em especial na "campanha do trigo" (anos 30-50); das epidemias de mixomatose (anos 60-70) e doença hemorrágica viral (dhv) (anos 90) no coelho-bravo; do declínio da agricultura e pecuária tradicionais (1960-70) e da "eucaliptização" (1970-80).

as ameaças actuais incluem:

- as alterações, destruição e fragmentação do habitat provocadas pela remoção indescriminada do coberto arbustivo por incorrecta aplicação dos fundos para florestação, a que se juntam as barragens e as rodovias de alta velocidade;

- a escassez do coelho-bravo induzida pelas doenças, degradação e perda de habitat e caça excessiva;

- a mortalidade não-natural pelo abate ilegal em coutos de caça e em batidas a raposas e javalis, e pelo atropelamento em rodovias.

plano de acção para a conservação do lince-ibérico na europa (conselho da europa/wwf) e as bases para a conservação do lince-ibérico em portugal (icn) expressam claramente o caminho para evitar a extinção do lince-ibérico:

- definir uma "região do matagal mediterrânico (rmm)" coincidente com a distribuição potencial do lince, onde deverão ser desenvolvidos programas de conservação de longo-termo;

- corrigir as políticas florestais, focando a conservação, gestão sustentada e revalorização económica do matagal mediterrânico;

- declarar sítios natura 2000 em todas as áreas de ocorrência e respectivos corredores de ligação e prevenir a sua degradação;

- evitar a construção de barragens e rodovias em áreas de lince;

- impor estudos de impacto ambiental a novas actividades em áreas de lince;

- promover usos do solo e prácticas venatórias que fomentem o coelho-bravo;

- fiscalizar eficazmente a caça, reduzindo o abate ilegal e banindo o uso de métodos não-selectivos de captura de carnívoros;

- dirigir campanhas de divulgação a grupos prioritários: gestores, técnicos florestais, proprietários rurais, caçadores;

- promover a investigação sobre o lince, o bosque e matagal mediterrânico e o coelho-bravo.

entretanto, o que se passa em portugal?

- só uma ínfima parte da população de lince se inclui em áreas protegidas, e só na malcata têm sido aplicadas, de forma sectorial e descontínua, medidas de melhoramento do habitat;

- foram desprezadas na proposta de rede natura 2000 áreas importantes para a recuperação das populações de lince, como a área de luzianes (odemira) e a serra de penha garcia, entre outras.

- não há planos de gestão dos sítios natura 2000 nem medidas preventivas da sua degradação, que se tem agravado significativamente.

- não avançou o plano nacional de conservação do lince nem tentativas de correcção da aplicação dos fundos comunitários, nomeadamente ao nível florestal;

- não existem medidas significativas de recuperação do coelho-bravo;

- não existem acções de divulgação dirigidas a grupos-alvo prioritários;

- não se prevêm incentivos, nomeadamente através de planos zonais, eficazes para promover a conservação do lince e do seu habitat;

- a actual proposta de traçado da auto-estrada do sul (a2) na serra do caldeirão, continua a atravessar habitats sensíveis;

- a construção da barragem de odelouca destruirá uma área importante de habitat, sem medidas compensatórias aceitáveis;

- as prácticas ilegais dentro das zces continuam em agravamento;

- a investigação sobre o bosque e matagal mediterrânico é incipiente, demasiado sectorial ou inexistente, sendo duvidosa a continuidade da investigação sobre o lince e o coelho-bravo.


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luimio
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Mensagem por luimio »

obrigado energiadiesel!
ainda estou com muita esperança que um dia existam novamente linces selvagens em portugal, sem ser em cativeiro.

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EnergiaDiesel
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Mensagem por EnergiaDiesel »

em todo o mundo existem cerca de 150 indivíduos
só 150!

esperemos que o processo de reprodução e reintegração da espécie resulte.

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