
a descarga para o braço sul do rio mondego de diversos agentes poluentes está a preocupar as associações ambientais pró-fauna e aquamondego. mas a situação parece já não ser nova, como explicou ao nosso jornal josé luís ribeiro, da pró-fauna. «da nossa parte, há anos que andamos a denunciar as descargas permanentes junto às conserveiras, de óleos e cargas enormíssimas de matéria orgânica, com temperaturas elevadas, poluentes que, em maré enchente entra para dentro do estuário prejudicando as áreas mais sensíveis».
mas aquele responsável vai mais longe e fala ainda de «lixeiras a céu aberto com peixe em putrefacção, sendo que estão permanentemente a abrir novas lixeiras, o que é um verdadeiro escândalo», afirma, recordando que a associação a que pertence tem dado conta da situação a diversos organismos, mas «as instituições oficiais, quando tomam conhecimento não surte qualquer efeito, não estão sensibilizadas, é um processo burocrático que não se traduz em nada por parte dos prevaricadores».
«continuam a fazer o mesmo, apesar de serem produtos altamente poluentes», frisa o professor universitário, com diversos trabalhos efectuados sobre os impactos negativos do estuário «que têm a ver com esta situação». mais, «prejudica de forma incrível, toda a aquacultura a montante, sal e piscicultura, com diminuição drástica da qualidade da água»., adianta.
mas não é só esta associação que está preocupada. também os elementos da aquamondego têm estado atentos e manifestam-se inquietos com a situação. «a semana passada aconteceu algumas vezes, e hoje na ponte, vi a mancha bastante grande pela margem do rio e a sair muita espuma da tubagem, supostamente de uma estação de tratamento que deveria existir e parece que não existe», frisou, focando que os detritos poderão ter origem na(s) conserveira(s). «era espuma e água gordurosa a sair da fábrica», disse, preocupado até porque têm existido «problemas com as obras da ponte e morreu muito peixe, continuam-se a fazer descargas e não há fiscalização», adiantou.
atendendo ao foco de alegada poluição e ao «mau» cheiro que se sentia, no local esteve uma equipa de protecção da natureza e ambiente da gnr, do destacamento de montemor-o-velho. «houve uma denuncia de mau cheiros e face à situação a equipa efectuou a recolha de água do local em causa, que foi entregue no laboratório para ser analisada», explicou fonte daquele destacamento, adiantando que a actuação irá depender do resultado das análises. no entanto, sustentou, «há duas firmas que eventualmente estarão na origem das descargas, uma tem etar (estação de tratamento de águas residuais) e a outra não. relativamente à que tem, se os parâmetros estiverem normais, nada será feito, quanto à outra, será levantado um auto de notícia por contra-ordenação», disse.
entretanto, ainda segundo apuramos, ontem ao longo de todo o dia, uma equipa da asae esteve nas fábricas conserveiras, mas o resultado só hoje será conhecido. da assessoria de imprensa daquele organismo, veio a confirmação de que a operação decorreu a nível nacional, numa «acção efectiva às indústrias conserveiras», que passou pela figueira, toda a região centro e algarve.
fonte: diário de coimbra