15.11.2007
lurdes ferreira

três naves com 300 metros de comprimento, 100 metros de largura, erguidas e equipadas em nove meses, numa área equivalente a três campos de futebol, constituem a primeira fábrica de pás de torres eólicas do país que o primeiro-ministro, josé sócrates, inaugura hoje, em viana do castelo.
a unidade fabril, parte central do (também) primeiro projecto industrial integrado do país, e que o consórcio eneop ganhou, arranca um ano antes da obrigação contratual com o estado, de forma a “aproveitar uma oportunidade de mercado”, segundo o presidente do consórcio, aníbal fernandes.
apresenta também preocupações ambientais invulgares para os padrões portugueses. por exemplo, vai funcionar com um sistema de iluminação natural e com um tanque subterrâneo de cerca de 1000 metros cúbicos para armazenar água das chuvas para utilizar no processo produtivo e para uma reserva permanente contra incêndios.
a fábrica, da responsabilidade dos alemães da enercon que são o parceiro tecnológico do consórcio, começou a laborar no mês passado e está agora a finalizar a fase de testes, com 140 trabalhadores recrutados. arranca com a produção em série até dezembro e em março de 2008 deverá funcionar já em cruzeiro, com 540 trabalhadores distribuídos por dois turnos.
a antecipação da sua entrada em funcionamento em cerca de um ano deve-se a uma opção da enercon, face à existência de encomendas de equipamento por parte de clientes portugueses (extraconsórcio), “uma oportunidade”, de acordo com o mesmo responsável, que “vai evitar importações da alemanha”.
neste primeiro ano, vai produzir 450 pás. depois, a partir de 2008 e até 2010, produzirá integralmente para os parceiros do consórcio (enernova, da edp, finerge, da endesa, generg, da electrabel e fundação oriente, e sodesa, da endesa e sonae). a partir desse ano, está obrigada a exportar 60 por cento do total da sua produção.
a fábrica de pás de rotor é a segunda de seis novas unidades do cluster industrial eólico a ser inaugurada – a primeira foi a das torres metálicas, da a. silva matos, no mês passado –, um projecto que conta ainda com a ampliação de 12 unidades industriais existentes e a promessa de mais de 1500 milhões de euros de investimento, no total.
hoje, será também assinalado o lançamento da primeira pedra das fábricas de torres de betão, em viana do castelo, e de geradores e mecatrónica, em lanheses, representando um investimento superior a 41 milhões de euros.
com o pólo industrial eólico a desenvolver em viana do castelo, a enercon vai construir integralmente os geradores pela primeira vez fora da alemanha e terá na cidade minhota a sua unidade mais avançada.
a fábrica de pás, pela qual é responsável, custou- lhe 2,5 milhões de euros acima dos quase 35 milhões de euros previstos, pelo facto de as prospecções geológicas terem revelado um terreno menos propício do que o previsto e obrigado à construção de fundações do edifício mais complexas.
o custo da fábrica, cuja construção arrancou em janeiro, é suportado pela enercon, sendo que o incentivo para o consórcio vem por via da tarifa que lhe será paga pela produção de energia eléctrica nos parques eólicos dos seus parceiros.

in:
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1310710