Bali: Os pescadores que cultivam os corais

Para assuntos relacionados com o meio ambiente que não tenham nenhuma relação com energias.
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luimio
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Bali: Os pescadores que cultivam os corais

Mensagem por luimio »

bali: os pescadores que cultivam os corais

10.12.2007
ricardo garcia


em muitas partes do mundo, as alterações climáticas estão a devastar recifes de corais. mas aqui na localidade de serangan, na ilha indonésia de bali, os pescadores convenceram-se, há alguns anos, de que eles próprios é que estavam a destruir o fundo do mar. hoje, estão empenhados precisamente no contrário, em reabilitá-lo. o método: "replantar" os corais.

como em outras partes da indonésia, durante anos os corais de serangan foram explorados sem qualquer cuidado. eram extraídos em massa do fundo do mar, para uso na construção de casas e de templos. e os peixes ornamentais, um dos seus mais valiosos tesouros, eram capturados com recurso a técnicas suicidas, como a utilização de cianeto.

os próprios pescadores de serangan explicam como é que se fazia. borrifava-se uma solução com o veneno sobre os corais e os peixes, atordoados, não conseguiam esconder-se e eram apanhados. com o tempo, os corais foram morrendo.

um terceiro factor veio agravar a situação. nos anos 1990, serangan -uma pequena ilha então separada de bali - mais do que duplicou de tamanho à custa de sucessivos aterros para a construção de um pólo turístico promovido pelo governo. na dragagem das areias do fundo do mar, os corais vinham junto e acabavam pulverizados.

o empreendimento não chegou a ir adiante, mas o efeito da devastação foi sentido pela comunidade local. "há cinco anos a pesca estava muito mal", afirma made rampug, um dos residentes locais. para inúmeras espécies de peixes, os corais serviam de berçário, cantina e refúgio. sem eles, a abundância transformou-se em escassez. fala-se de uma quebra de 50 por cento na actividade.

agora, a situação está a mudar. desde 2002, serangan é uma das 218 comunidades da indonésia abrangidas por um programa de pequenos financiamentos - até 50 mil dólares - do fundo ambiental mundial (gef, na sigla em inglês).

os pescadores, que antes depredavam os corais, agora cultivam-os. implantam pequenos ramos de corais em bases de cimento e depois cravam-nas em estrutura fixas no leito do mar, a poucos metros de profundidade. quando atingem um determinado tamanho, são retirados e armazenados em tanques construídos com o dinheiro do gef. uma parte é reinstalada numa zona de recuperação dos recifes. outra parte é exportada, por exemplo, para os estados unidos, nova zelândia e austrália. uma das utilizações é em aquários.

ninguém sabe concretizar ao certo qual é o rendimento que esta nova actividade dá à comunidade - onde 38 das suas 377 famílias estão directamente envolvidas no projecto. o ganha-pão dos residentes reparte-se em diferentes actividades ocasionais, da pesca artesanal ao turismo, numa zona onde convivem coloridos sarongues e turbantes, com roupas sintéticas de mergulho e barbatanas.

"todos têm os seus trabalhos, mas este é o seu futuro", afirma nael ginting, da telapak, uma organização não-governamental de bali que ajuda este projecto.

para o gef, projectos pequenos como este, realizados pelos residentes, trazem efeitos palpáveis sobre as comunidades. os pescadores de serangan dizem que já há mais peixe. e a exportação dos corais cultivados acabou por se revelar uma actividade sustentável.

a indonésia tem cerca de 85 mil quilómetros quadrados de corais - quase a superfície continental de portugal. o aquecimento global é uma ameaça séria à sua sobrevivência, pois o aumento da temperatura da água do mar descolora e mata os corais. na região norte de bali, este fenómeno de "lixiviação" já se começa a observar. em serangan, o perigo ainda não chegou, mas, na disciplina da adaptação, a população local já tem o trabalho de casa adiantado.

a semana decisivacomo em outras partes da indonésia, durante anos os corais de serangan foram explorados sem qualquer cuidado. eram extraídos em massa do fundo do mar, para uso na construção de casas e de templos. e os peixes ornamentais, um dos seus mais valiosos tesouros, eram capturados com recurso a técnicas suicidas, como a utilização de cianeto.

os próprios pescadores de serangan explicam como é que se fazia. borrifava-se uma solução com o veneno sobre os corais e os peixes, atordoados, não conseguiam esconder-se e eram apanhados. com o tempo, os corais foram morrendo.

um terceiro factor veio agravar a situação. nos anos 1990, serangan -uma pequena ilha então separada de bali - mais do que duplicou de tamanho à custa de sucessivos aterros para a construção de um pólo turístico promovido pelo governo. na dragagem das areias do fundo do mar, os corais vinham junto e acabavam pulverizados.

o empreendimento não chegou a ir adiante, mas o efeito da devastação foi sentido pela comunidade local. "há cinco anos a pesca estava muito mal", afirma made rampug, um dos residentes locais. para inúmeras espécies de peixes, os corais serviam de berçário, cantina e refúgio. sem eles, a abundância transformou-se em escassez. fala-se de uma quebra de 50 por cento na actividade.

agora, a situação está a mudar. desde 2002, serangan é uma das 218 comunidades da indonésia abrangidas por um programa de pequenos financiamentos - até 50 mil dólares - do fundo ambiental mundial (gef, na sigla em inglês).

os pescadores, que antes depredavam os corais, agora cultivam-os. implantam pequenos ramos de corais em bases de cimento e depois cravam-nas em estrutura fixas no leito do mar, a poucos metros de profundidade. quando atingem um determinado tamanho, são retirados e armazenados em tanques construídos com o dinheiro do gef. uma parte é reinstalada numa zona de recuperação dos recifes. outra parte é exportada, por exemplo, para os estados unidos, nova zelândia e austrália. uma das utilizações é em aquários.

ninguém sabe concretizar ao certo qual é o rendimento que esta nova actividade dá à comunidade - onde 38 das suas 377 famílias estão directamente envolvidas no projecto. o ganha-pão dos residentes reparte-se em diferentes actividades ocasionais, da pesca artesanal ao turismo, numa zona onde convivem coloridos sarongues e turbantes, com roupas sintéticas de mergulho e barbatanas.

"todos têm os seus trabalhos, mas este é o seu futuro", afirma nael ginting, da telapak, uma organização não-governamental de bali que ajuda este projecto.

para o gef, projectos pequenos como este, realizados pelos residentes, trazem efeitos palpáveis sobre as comunidades. os pescadores de serangan dizem que já há mais peixe. e a exportação dos corais cultivados acabou por se revelar uma actividade sustentável.

a indonésia tem cerca de 85 mil quilómetros quadrados de corais - quase a superfície continental de portugal. o aquecimento global é uma ameaça séria à sua sobrevivência, pois o aumento da temperatura da água do mar descolora e mata os corais. na região norte de bali, este fenómeno de "lixiviação" já se começa a observar. em serangan, o perigo ainda não chegou, mas, na disciplina da adaptação, a população local já tem o trabalho de casa adiantado.

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http://ecosfera.publico.pt/

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