grandes obras são "incompatíveis" com protocolo de quioto, diz a quercus
22.01.2008
carlos pessoa
as grandes obras públicas anunciadas pelo governo são incompatíveis com o cumprimento do protocolo de quioto e portugal ver-se-á obrigado a comprar créditos de poluição para atingir aquele objectivo até 2012.
a denúncia é da associação ambientalista quercus, que considera haver uma contradição entre o discurso oficial a favor de uma gestão racional dos recursos energéticos e os planos no sector dos transportes que constituem uma fonte de elevadas emissões de dióxido de carbono. "não conseguimos perceber o que quer o governo fazer para lidar com o aquecimento global e o efeito de estufa", disse ao público francisco ferreira, dirigente da quercus.
o novo aeroporto, o comboio de alta velocidade, a terceira travessia do tejo em chelas e as novas auto-estradas são grandes obras que, na opinião da quercus, irão incrementar consumos energéticos e, consequentemente, provocar volumes acrescidos de emissões poluentes. esta realidade, diz francisco ferreira, é "incompatível" com a redução do volume de gases com efeito de estufa que portugal será autorizado a emitir até 2020, que será divulgada amanhã pela comissão europeia.
o que preocupa mais a quercus é que, mesmo sem esta última medida, a execução das medidas sectoriais destinadas a assegurar o cumprimento do protocolo já era avaliada há um ano de forma muito crítica:
"há uma derrapagem média de 5,8 milhões de toneladas por ano de co2 equivalente (unidade que integra os diferentes gases considerados no protocolo) entre 2008 e 2012. tal significa cerca de 6 por cento acima dos 27 por cento permitidos e obrigará a medidas internas extraordinárias (...) ou ao recurso aos mecanismos previstos no protocolo de quioto de compra de emissões ou de desenvolvimento de projectos associados à redução de emissões noutros países."
http://ecosfera.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1317356