Quercus denuncia ameaça para habitats no Litoral Alentejano

[Tó Miguel]

quercus denuncia ameaça para habitats no litoral alentejano

a associação ambientalista quercus vai denunciar a inexistência da avaliação de alternativas para as áreas de desenvolvimento turístico (adt) do litoral alentejano à comissão europeia, considerando que a localização actual afectará uma grande área de habitats prioritários.
os ambientalistas já tinham criticado os planos de pormenor da adt2 (alcácer do sal) e adt3 (grândola), por considerarem que a sua aprovação «é incompatível com a conservação dos habitats e espécies naturais prioritárias no sítio de importância comunitária da rede natura 2000 comporta-galé».

em declarações à lusa, hélder spínola, da quercus, recordou hoje que a localização das adt nestes pontos «afectará 131 hectares de habitats prioritários pertencentes à rede natura 2000», o que considera ser «inconcebível».

a desafectação de seis por cento (três em cada município) da herdade da comporta da reserva ecológica nacional (ren), aprovada a 24 de janeiro pelo conselho de ministros, viabiliza a concretização das duas adt, com vista à construção de empreendimentos turísticos.

os projectos turísticos previstos para a zona, de iniciativa do grupo espírito santo, somam um investimento superior a mil milhões de euros e prevêem a ocupação de 742 dos 12.500 hectares da herdade, dos quais 365 no concelho de alcácer do sal e 377 no de grândola.

ainda a aguardar esclarecimentos adicionais decorrentes da análise dos documentos disponibilizados aquando da discussão pública dos pp, a quercus vai recorrer para já à comissão europeia para tentar travar o processo.

«vamos denunciar a situação, embora temamos que a comissão responda tarde demais», disse hélder spínola.

a associação ambientalista defende que a afectação destes habitats, com estatuto de protecção em termos europeus, apenas pode ser feita quando estejam em causa projectos que impliquem a salvaguarda da saúde ou da segurança humana. não sendo o caso, a quercus reivindica a realização de um estudo das alternativas.

para o ambientalista, o ideal seria que «o governo português fosse o primeiro a estar interessado em preservar estes valores naturais e em procurar alternativas para o desenvolvimento dos projectos sem afectar estes habitats prioritários».

pouco optimista contudo quanto a esta possibilidade, hélder spínola lembra que, noutros casos, semelhantes, «apesar dos apelos e da intervenção da associação, os projectos estão-se a desenvolver».

o ambientalista considera que o governo está na disposição de «utilizar todos os instrumentos que tem ao seu alcance para viabilizar esses projectos, independentemente dos valores naturais e das restrições ao uso do solo plasmadas no ordenamento do território».

diário digital / lusa

08-02-2008 9:58:33

[Tó Miguel]

parece que estes senhores têm vários pesos e várias medidas e se o cheque chegar a tempo, fica o estudo feito e aprovado.