Nova Iorque poderá receber Torre Dinâmica de David Fisher

[Tó Miguel]

nova iorque poderá receber torre dinâmica de david fisher


a cidade de nova iorque deverá ser a próxima a receber a torre dinâmica. uma construção giratória e auto-suficiente em termos energéticos que o arquitecto italiano david fisher já colocou em marcha no dubai e em moscovo.

o edifício, que permite aos seus habitantes modificar a orientação dos apartamentos para mudar de paisagem ou acompanhar a luz solar, inclui 80 andares com módulos que se organizam em torno de um eixo vertical.

um arranha-céus com 70 andares e construído nos mesmos moldes está previsto para moscovo. no dubai, a torre dinâmica terá 420 metros de altura e os seus apartamentos, entre 125 e 1.200 metros quadrados, serão vendidos por entre 3,7 e 36 milhões de dólares (2,4 e 23 milhões de euros).

basta falar que a casa muda de sítio

para os apartamentos girarem, basta uma ordem vocal do seu ocupante nesse sentido, já que as casas são equipadas com a mais recente domótica (tecnologia que visa a automatização de edifícios), além de gerarem a sua própria electricidade através de 79 turbinas geradoras instaladas entre cada andar.

como a torre recorre a módulos pré-fabricados, a sua construção será seis vezes mais rápida do que a de um arranha-céus tradicional. o custo terá uma redução de 10%, segundo david fisher, que aponta para os 700 milhões de dólares o custo final do empreendimento.

os edifícios no dubai e em moscovo deverão estar concluídos em 2010. de acordo com o arquitecto italiano, há já pedidos para construir outras torres na alemanha, canadá, coreia do sul, itália e suíça.

david fisher adiantou que, se a torre não for construída em nova iorque, sê-lo-á noutra cidade dos estados unidos.

http://jn.sapo.pt/paginainicial/tecnolo ... _id=962210

[Ferra]

até pode ser muito boa mas não era eu que comprava um andar nessa torre...

[Tó Miguel]

mas vai ser o futuro da construção, tudo aponta isso

[Nuno Oliveira]

a minha opinião profissional é que enquanto a microgeração aplicada á habitação colectiva a esta escala é algo de muito interessante e sub-explorado a parte em que o edificio roda com a luz solar é completamente mentecapta do ponto de vista do seu desempenho a será no máximo uma estratégia de marketing mirabolante.

gostava de ver as contas que apontam para a tal auto-suficiência energética uma vez que quase 50% da energia vai para o aquecimento de água e não percebi onde estão os colectores, para não falar de que tipo de consumos médios é que se estão a usar.

o maior inimigo da construção sustentável é a ignorância de alguns promotores e projectistas(mesmo quando bem intencionados)...

[Nuno Oliveira]

arquitecto.

entenda-se que a opinião se prende com a aplicação da micro geração em grande escala á habitação colectiva e ao facto de um edificio que gira não tem grande razão de ser fora das feiras populares.
em relação á restante tecnologia estou muito interessado em que profissionais de outros sectores partilhem a sua opinião.
será que a fachada geradora é algo deste tipo?


http://www.aerotecture.com/products_520h.html

cumprimentos

[Tó Miguel]

arquitecto.

entenda-se que a opinião se prende com a aplicação da micro geração em grande escala á habitação colectiva e ao facto de um edificio que gira não tem grande razão de ser fora das feiras populares.
em relação á restante tecnologia estou muito interessado em que profissionais de outros sectores partilhem a sua opinião.
será que a fachada geradora é algo deste tipo?


http://www.aerotecture.com/products_520h.html

cumprimentos

então na tua opinião, qual é a melhor maneira, de controlar a exposição de um edifício aos raios solares?

[Nuno Oliveira]

a solução mais comum, eficiente e económica é procurar uma solução de disposição da construção que, no caso de um programa de habitação como é o caso, os espaços comuns (cozinha, sala) estarão orientados a sul e os espaços privados a norte.

na fachada a sul deverá existir uma forma móvel de controlar a exposição solar, como estores mecânicos ou manuais de modo a que no inverno se tenha uma superficie envidraçada que se possa abrir totalmente considerável que capte luz solar e aqueça o interior (dependente de uma boa caixilharia dupla no caso de portugal) e no verão se possa encerrar de um modo que permita a passagem de luz mas que corte o ângulo de incidência elevado da luz de sul.

na construção tradicional portuguesa é possível observar esta lógica em muitos casos onde em frente ás janelas é colocada uma árvore ou outra planta caduca que funciona como estore natural, ou seja, as folhas sombreiam no verão e os ramos não obscurecem no inverno.

a fachada a norte, mais vulneráveis a arrefecimento têm uma luz mais repousante e associada ao descanso ou a períodos de trabalho contínuo mas terão que ter aberturas muito menores para controlar perdas de calor e maior isolamento.

as orientações este-oeste são indesejáveis por que são muito irregulares ao longo do dia- muito quentes de manha ou á tarde (cortantes mesmo) não permitindo um aquecimento natural eficaz e frios no resto do dia pelos mesmos motivos.
normalmente esta orientação existe devido a condicionamentos do local (ou rentabilização por parte do promotor...).

a cobertura é também fulcral por ser uma área onde se efectuam grande parte das trocas de calor com o exterior, existem inúmeros modos eficientes de a proteger desde criar um terraço ajardinado, um "telhado" convencional bem isolado ou coberto com paineis que tiram partido da radiação solar, etc. etc.

se estiverem a escolher ou a construir uma habitação aconselho-os a prestar atenção a estes factores, parecem lugares comuns mas garanto que são das coisas que mais irão influenciar o vosso quotidiano (ás vezes imperceptivelmente).

existem ainda muitas técnicas, demasiadas para enumerar, para tirar partido de uma boa orientação. devo dizer que no portugal litoral (clima e topografia) uma boa construção, isolamento, caixilharia e também uma boa implantação e distribuição do programa podem permitir atingir facilmente os níveis de conforto razoáveis sem recorrer a meios de climatização artificial.
é um país que com bons técnicos a trabalhar na habitação podia inutilizar a crescente penetração dos avacs no mercado (na minha opinião inúteis na maioria dos casos).

achei interessante o caso aqui colocado (apesar da solução bombástica e desnecessária de rodar o edificio), muitas vezes vemos aqui imensos casos da microgeração aplicada a habitação unifamiliar mas poucos aplicados á habitação colectiva mas muitas vezes vemos também em muitas áreas ideias bem intencionadas que ficam um pouco aquém.

[Tó Miguel]

então a crescente moda de vãos, que rasgam por completo as fachadas, independentemente da exposição destas aos raios solares ou a ventos predominantes, estão completamente contra as poupanças energéticas. assim sendo, uns de um modo, outros de outra, são factores que irão criar temperaturas indesejadas nas habitações.

[Nuno Oliveira]

então a crescente moda de vãos, que rasgam por completo as fachadas, independentemente da exposição destas aos raios solares ou a ventos predominantes, estão completamente contra as poupanças energéticas. assim sendo, uns de um modo, outros de outra, são factores que irão criar temperaturas indesejadas nas habitações.

precisamente! em muitos casos para se ter uma "vista" desejável ou fugir a outra indesejável sacrifica-se uma boa orientação mas ocorrem muitos casos de grandes vãos a norte ou insuficientes a sul e a responsabilidade é dos (maus) projectistas, sobretudo arquitectos. existirão em todas as profissões bons e maus profissionais e esquece-se muitas vezes que nem todas as janelas panorâmicas podem funcionar (quando funcionam são do melhor).

o problema é que para atingir os graus minimos legais de conforto (com um grau de subjectividade) basta muito pouco, não sendo obrigatório, quando possível, o aproveitamento da boa orientação e construção para obter aquecimento e arrefecimento natural e conforto luminico. muitas vezes falamos no forum de avacs e sistemas de aquecimento eficientes esquecendo que utilizando regras muito básicas de projecto em portugal muitas vezes não precisamos de meios mecânicos de climatização.
a parte em que uma pessoa fica indignada é quando se sabe que este é um país onde se morre de calor e de frio por muitos profissionais não saberem ou não quererem construir de outra forma...