morte de bin laden reanima bolsas asiáticas e políticos europeus
02 maio '11
só bin laden podia, morrendo, fazer recuperar ao índice nikkei a pontuação que tinha perdido desde o acidente nuclear de fukushima. e só ele podia criar uma tal unanimidade entre os políticos europeus, divididos na sua resposta à crise. o chefe do terrorismo qaedista regista uma glória póstuma, como inesperado criador de consensos políticos e reanimador de mercados financeiros.
ao contrário das bolsas norte-americanas, que se encontravam fechadas quando foi conhecida a notícia da morte de bin laden, a de tóquio encontrava-se em plena actividade, com o índice nikkei a subir 1,5% para 9.992 pontos, e mesmo a ultrapassar por momentos a marca dos 10.000.
também relacionada com a notícia, e simultaneamente com a situação na líbia, foi a descida dos preços do petróleo, com o barril brent do mar do norte, contratado para entrega em junho, a perder 95 cêntimos do dólar, para o valor de 124,94 dólares. do mesmo modo, o barril da west texas intermediate descia, nesse caso ainda mais, perdendo 1,27 dólar, para o valor de 112,66 dólares.
reações europeias triunfalistas
os presidentes da união europeia e da comissão europeia, respectivamente herman van rompuy josé manuel durão barroso, consideraram a liquidação de bin laden "um acontecimento maior" da luta anti-terrorista e um factor positivo para a segurança futura do mundo.
entre as diversas reacções europeias, avulta naturalmente o comunicado do auswärtiges amt, o ministério dos negócios estrangeiros alemão, assinado pelo ainda titular da pasta guido westerwelle: "que se tenha posto fim às acções sanguinárias deste terrorista, é uma boa notícia para todas as pessoas do mundo que pensam livremente e são pacíficas".
a chanceler alemã angela merkel comentou que se trata de "uma vitória das forças da paz", mas teve o cuidado de matizar que "osama bin laden afirmava agir em nome do islão, mas na verdade espezinhava os valores fundamentais da sua religião e de todas as outras religiões", fazendo vítimas entre "homens, mulheres, crianças, muçulmanos e cristãos".
no segundo pilar da união europeia, o presidente francês nicolas sarkozy saudou, segundo a agência france press (afp) a "tenacidade dos estados unidos" na perseguição a bin laden e considerou a sua liquidação "um acontecimento maior da luta mundial contra o terrorismo". o mesmo comunicado da presidência francesa adverte no entanto que "o flagelo do terrorismo sofreu um revés histórico, mas não é o fim da al qaeda".
outros governos europeus reagiram entretanto jubilosamente. o ministro sueco dos negócios estrangeiros, carl bildt, também citado pela afp, afirmou que "um mundo sem ossama bin laden é um mundo melhor". também o seu homólogo belga, steven vanackere, considerou que a morte de bin laden "é uma etpa histórica na luta contra o terrorismo". um comunicado do governo espanhol considera a morte de bin laden como "um passo decisivo na luta contra o terrorismo internacional" e felicita pelo facto o presidente norte-americano.
o chefe da diplomacia italiana, franco frattini, optou por um tom mais apocalíptico, ao afirmar que "a morte de bin laden é uma vitória do bem contra o mal, da justiça contra a crueldade", e acrescentou: "trata-se de uma grande vitória para os estados unidos e para toda a comunidade internacional na luta contra a al qaeda e o terrorismo". mas também frattini, apesar do seu triunfalismo, apelou a "continuar em guarda na luta contra o terrorismo".
com idêntica preferência por uma linguagem de recorte escatológico, o primeiro-ministro italiano, silvio berlusconi, viu na liquidaçãod e bin laden "um grand resultado da luta contra o mal".
o ministro húngaro dos negócios estrangeiros, janos martonyi, afirmou também que "o governo americano obteve um sucesso importante com a eliminação do dirigente terrorista, mas isso não significa o fim da luta contra o terorismo". martonyi comentou ainda que "a questão é agora a de observar a reacção do mundo muçulmano, de ver como países em plena mudança reagirão e se esses países escolherão a via do extremismo ou pelo contrário da moderação".
prudência no vaticano, na rússia e no parlamento europeu
mais lacónicas e prudentes foram as reacções da rússia e do vaticano. o director do gabinete de imprensa do vaticano, padre federico lombardi, limitou-se a sublinhar a "muito grave responsabilidade" de bin laden na "divisão e ódio entre os povos", abstendo-se contudo de emitir alguma nota de regozijo pela morte do chefe da al qaeda. lombardi ressalvou que "face à morte dum homem, um cristão nunca pode contudo ficar contente, mas deve reflectir sobre as graves responsabilidades de cada um perante deus e os homens e deve esperar e empenhar-se para que cada acontecimento não ocasione um aumento do ódio e sim um reforço da paz".
o presidente russo dimitri medvedev saudou em comunicado "o sucesso importante obtido pelos estados unidos na guerra contra o terrorismo internacional", lembrando que a rússia tem sido um alvo prioritário do terrorismo fundamentalista. o comunicado do kremlin afirma nomeadamente que "a rússia é um dos primeiros países a terem enfrentado a ameaça colocada pelo terrorismo global".
no parlamento europeu, o presidente polaco, de tendência conservadora, jerzy buzek. congratulou-se com a notícia: "despertámos num mundo mais seguro". mas a presidente da sub-comissão dos direitos humanos, a deputada ecologista finlandesa heidi hautala, considerou que teria sido preferível que "ele fosse apresentado, vivo, perante a justiça". e sublinhou a sua convicção de que "a discussão vai continuar, no seio do parlamento europeu, sobre a necessidade que havia de matá-lo".
http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t= ... out=10&tm=
nota:
alegrem-se portugueses: a crise e o fmi em portugal acabaram com a morte do bin laden