A revolução do gás xistoso
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Autor do tópico - Membro Silver
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A revolução do gás xistoso
Iniciei este blog a comentar sobre os avanços na perfuração que desencadearam um novo paradigma no sector energético por permitir a extracção do gás natural preso em camadas de xisto no subsolo. À medida que se melhoram as técnicas de perfuração e se viabiliza a exploração de reservas não convencionais de gás natural o mundo assiste a uma redistribuição das quantidades relativas a que cada país tem acesso. Se em 2002 cerca de 75% do gás natural vinha da Rússia e do Médio Oriente (ver quadro) as reservas de gás xistoso (shale gas em inglês) existem em países como a Índia, África do Sul, Argentina e França (ver mapa-mundo). Este facto tem bastante importância por duas razões:
1. Gestão da produção
Com o crescimento da procura mundial por electricidade e o esgotamento das capacidades hidroeléctricas globais a utilização de gás natural torna-se vital para dar resposta às variações de consumo durante o dia. As centrais termoeléctricas a gás natural têm uma vantagem enorme sobre as centrais a carvão ou nucleares. Essa vantagem é o menor tempo de arranque ou paragem e até mesmo a capacidade de operarem sem ser na potência nominal. Essa característica torna-a particularmente flexíveis para cobrir variações de carga na rede, nomeadamente as provocadas pela intermitência das energias eólica e solar.
2. Segurança energética
Esta é provavelmente a maior razão pela qual a capacidade de extracção de gás natural contido em camadas xistosas é tão significativo. Até há pouco tempo o gás natural estava quase todo na posse de países politicamente menos estáveis e muitos deles com quezílias históricas com os países ocidentais. Por exemplo, 40% do gás natural consumido em Portugal vem da Argélia. Este cenário vai mudar o paradigma. Nos EUA, que estão a liderar a tecnologia e extracção de shale gas, cerca de metade da electricidade aí consumida é produzida queimando carvão. Sendo os EUA o maior consumidor de electricidade do mundo a substituição de todas as centrais a carvão por gás natural teria um impacto decisivo na qualidade do ar não só do continente americano mas de todo o mundo. E isso agora é possível com gás natural obtido dentro de fronteiras. Estima-se que as reservas americanas de gás natural com o contributo do shale assegurem, ao ritmo de consumo actual, o fornecimento durante 100 anos. A Energy Information Association (EIA) americana prevê que em 2035 cerca de metade do gás consumido nos EUA seja shale.
Também a Europa comunitária foi presenteada com reservas de gás xistoso. A Polónia, cuja produção eléctrica depende quase na sua totalidade de carvão, detém as maiores reservas europeias e já se diz que se pode tornar na Noruega (que é rica em petróleo) do gás natural. As segundas maiores reservas europeias pertencem à França, no entanto, não vão ser exploradas enquanto não se esclarecer melhor as dúvidas relativamente à segurança do fracking necessário para libertar o gás da sua prisão de xisto. Os receios dos franceses não são infundados, o hydraulic fracking envolve a injecção de água com areia e agentes químicos a alta pressão nas reservas para abrir fracturas na rocha e assim soltar o gás natural. Este método já originou contaminação de águas subterrâneas nos EUA e tem levantado questões sobre a sua segurança. Nenhuma forma de obtenção de energia é isenta de riscos, principalmente uma que ainda dá os primeiros passos. Estes casos verificados apontam para a necessidade de existência de legislação mais profunda e inspecções mais rigorosas para que o hydraulic fracking e o shale gas não tragam mais desvantagens do que benefícios. A reserva francesa em relação à exploração do gás xistoso terá que ver com a segurança do processo mas, provavelmente, também com a ameaça que a abundância de gás natural é para a expansão da energia nuclear.
http://luzligada.blogspot.com/2011/08/e ... olaco.html
1. Gestão da produção
Com o crescimento da procura mundial por electricidade e o esgotamento das capacidades hidroeléctricas globais a utilização de gás natural torna-se vital para dar resposta às variações de consumo durante o dia. As centrais termoeléctricas a gás natural têm uma vantagem enorme sobre as centrais a carvão ou nucleares. Essa vantagem é o menor tempo de arranque ou paragem e até mesmo a capacidade de operarem sem ser na potência nominal. Essa característica torna-a particularmente flexíveis para cobrir variações de carga na rede, nomeadamente as provocadas pela intermitência das energias eólica e solar.
2. Segurança energética
Esta é provavelmente a maior razão pela qual a capacidade de extracção de gás natural contido em camadas xistosas é tão significativo. Até há pouco tempo o gás natural estava quase todo na posse de países politicamente menos estáveis e muitos deles com quezílias históricas com os países ocidentais. Por exemplo, 40% do gás natural consumido em Portugal vem da Argélia. Este cenário vai mudar o paradigma. Nos EUA, que estão a liderar a tecnologia e extracção de shale gas, cerca de metade da electricidade aí consumida é produzida queimando carvão. Sendo os EUA o maior consumidor de electricidade do mundo a substituição de todas as centrais a carvão por gás natural teria um impacto decisivo na qualidade do ar não só do continente americano mas de todo o mundo. E isso agora é possível com gás natural obtido dentro de fronteiras. Estima-se que as reservas americanas de gás natural com o contributo do shale assegurem, ao ritmo de consumo actual, o fornecimento durante 100 anos. A Energy Information Association (EIA) americana prevê que em 2035 cerca de metade do gás consumido nos EUA seja shale.
Também a Europa comunitária foi presenteada com reservas de gás xistoso. A Polónia, cuja produção eléctrica depende quase na sua totalidade de carvão, detém as maiores reservas europeias e já se diz que se pode tornar na Noruega (que é rica em petróleo) do gás natural. As segundas maiores reservas europeias pertencem à França, no entanto, não vão ser exploradas enquanto não se esclarecer melhor as dúvidas relativamente à segurança do fracking necessário para libertar o gás da sua prisão de xisto. Os receios dos franceses não são infundados, o hydraulic fracking envolve a injecção de água com areia e agentes químicos a alta pressão nas reservas para abrir fracturas na rocha e assim soltar o gás natural. Este método já originou contaminação de águas subterrâneas nos EUA e tem levantado questões sobre a sua segurança. Nenhuma forma de obtenção de energia é isenta de riscos, principalmente uma que ainda dá os primeiros passos. Estes casos verificados apontam para a necessidade de existência de legislação mais profunda e inspecções mais rigorosas para que o hydraulic fracking e o shale gas não tragam mais desvantagens do que benefícios. A reserva francesa em relação à exploração do gás xistoso terá que ver com a segurança do processo mas, provavelmente, também com a ameaça que a abundância de gás natural é para a expansão da energia nuclear.
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- Membro Silver
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Re: A revolução do gás xistoso
Ora aí está uma boa alternativa à energia nuclear (que também é finita), e em Portugal também existem grandes reservas.
Conhecia-o mais Como gás argiloso, mas é a mesma coisa.
(...) E é aqui que entra a boa nova que vos trago: Portugal também tem uma grande reserva de gás xistoso, que começa por alturas de Fátima (Nossa Senhora de lá deu-nos esta prenda!...) e se estende pela zona marítima exclusiva.
Razão tinha, portanto, quando há pouco mais de um ano eu dizia que a "aposta estratégica no mar" de Portugal, depois de termos deixado de ter frotas mercante e pesqueira e Ultramar sob bandeira nacional, só fazia sentido se houvesse lá petróleo. Só tinha um pequeno erro, este vaticínio: não é petróleo que temos, é GÁS XISTOSO!
A ver se não o deixamos cair em mãos alheias!...» (...)
fonte e texto completo em:
http://ummundolideradopormulheres.blogs ... tugal.html
googlando por gás xistoso e argiloso aparecem várias noticias.
Também existe gás natural na costa Algarvia, que por ser praticamente plana e com apenas 70 m de profundidade é de ralativa facilidade a extração, mas o turismo opôem-se.
Conhecia-o mais Como gás argiloso, mas é a mesma coisa.
(...) E é aqui que entra a boa nova que vos trago: Portugal também tem uma grande reserva de gás xistoso, que começa por alturas de Fátima (Nossa Senhora de lá deu-nos esta prenda!...) e se estende pela zona marítima exclusiva.
Razão tinha, portanto, quando há pouco mais de um ano eu dizia que a "aposta estratégica no mar" de Portugal, depois de termos deixado de ter frotas mercante e pesqueira e Ultramar sob bandeira nacional, só fazia sentido se houvesse lá petróleo. Só tinha um pequeno erro, este vaticínio: não é petróleo que temos, é GÁS XISTOSO!
A ver se não o deixamos cair em mãos alheias!...» (...)
fonte e texto completo em:
http://ummundolideradopormulheres.blogs ... tugal.html
googlando por gás xistoso e argiloso aparecem várias noticias.
Também existe gás natural na costa Algarvia, que por ser praticamente plana e com apenas 70 m de profundidade é de ralativa facilidade a extração, mas o turismo opôem-se.
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Autor do tópico - Membro Silver
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Re: A revolução do gás xistoso
Com a entrada ao serviço das centrais nucleares de 4ª geração dentro de 15/20 anos as reservas de urânio darão para mais de cem anos. Isso faz da energia nuclear uma energia renovável. A humanidade não precisará de cem anos para dominar completamente a fusão nuclear que irá substituir completamente a fissão neste século.
Vou escrever sobre estas centrais no meu blog.
Para além disso, está a investigar-se centrais nucleares que usam Thorium como combustível (caso da Índia que tem grandes reservas) e que é 4 vezes mais abundante no mundo do que o Urânio.
A duração do combustível para as centrais nucleares não é um problema.
Vou escrever sobre estas centrais no meu blog.
Para além disso, está a investigar-se centrais nucleares que usam Thorium como combustível (caso da Índia que tem grandes reservas) e que é 4 vezes mais abundante no mundo do que o Urânio.
A duração do combustível para as centrais nucleares não é um problema.
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Re: A revolução do gás xistoso
Certo, mas a sua duração vai continuar a ser uma problema mesmo depois de se esgotar........bcarmona Escreveu:Com a entrada ao serviço das centrais nucleares de 4ª geração dentro de 15/20 anos as reservas de urânio darão para mais de cem anos. Isso faz da energia nuclear uma energia renovável. A humanidade não precisará de cem anos para dominar completamente a fusão nuclear que irá substituir completamente a fissão neste século.
Vou escrever sobre estas centrais no meu blog.
Para além disso, está a investigar-se centrais nucleares que usam Thorium como combustível (caso da Índia que tem grandes reservas) e que é 4 vezes mais abundante no mundo do que o Urânio.
A duração do combustível para as centrais nucleares não é um problema.
Cumps Inovadores
Vectrix VX1 Limited - 8 kwh - 20000 kms
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Autor do tópico - Membro Silver
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Re: A revolução do gás xistoso
Não vai esgotar.
E as centrais de 4ª geração não vão produzir quase resíduos nenhuns. E vão consumir os resíduos das actuais centrais.
No meu blog esta semana para quem estiver interessado.
E as centrais de 4ª geração não vão produzir quase resíduos nenhuns. E vão consumir os resíduos das actuais centrais.
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- Membro Silver
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Re: A revolução do gás xistoso
Mandem os resíduos para o espaço em direcção ao Sol, o custo será o do foguete e combustível e pelo caminho deixem uns satélites para rentabilizar, os russos e chineses até fazem promoções e a NASA está sem trabalho agora.
Dos Fracos Não Reza a História...
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Re: A revolução do gás xistoso
Dada a forma como te esforças para ridicularizar aquilo em que não acreditas, achas que consegues angariar leitores para o teu blog tão recheado do pensamento optimista e utópico tão característico dos defensores da energia nuclear?bcarmona Escreveu:Não vai esgotar.
E as centrais de 4ª geração não vão produzir quase resíduos nenhuns. E vão consumir os resíduos das actuais centrais.
No meu blog esta semana para quem estiver interessado.
(como vez, a mesma frase funciona de várias formas)

sergiomms
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Re: A revolução do gás xistoso
Não acreditas na Lei de Lavoisier, filosoficamente falando, “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Acho piada Homens da ciência não acreditarem nesta Lei, a fusão nuclear há-de trazer um malefício proporcional à enorme quantidade de energia produzida, como acontece com a fissão nuclear. Ainda por cima este tipo de sujeitos costumam ser anti-motores contínuos, como se só a impossibilidade em que acreditam seja possível.bcarmona Escreveu:Não vai esgotar.
E as centrais de 4ª geração não vão produzir quase resíduos nenhuns. E vão consumir os resíduos das actuais centrais.
No meu blog esta semana para quem estiver interessado.
Afinal mesmo que tivesse-mos reservas de petróleo, ou gás, para 2000 anos ías querer ter sempre um brinquedo nuclear!!
Não te dês ao trabalho transcrevo os escritos de um dos teus deuses:
China liga à rede eléctrica o seu primeiro reactor nuclear de neutrões rápidos
Enquanto alguns ecotópicos tentam fazer passar a ideia de que a energia nuclear é uma coisa do passado e fora de moda, a I&D nos reactores de 4ª geração, ou de neutrões rápidos, prossegue, nos países com os pés na terra e ambições de futuro.
Como em tempos expliquei, os reactores de neutrões rápidos "queimam" o urânio 238 e não o 235, assim como o plutónio resultante da desintegração de ambos. Assim, não só usam recursos centenas de vezes mais abundantes que o "combustível" das centrais nucleares actuais de neutrões lentos, como dão destino útil ao principal resíduo radioactivo destas centrais, e de maior longevidade, bem como ao imenso stock de Urânio 238 resultante do enriquecimento do "combustível" actual.
Um dos projectos futurísticos desta tecnologia é o reactor de ondas móveis da TerraPower e Bill Gates de que já dei notícia, mas há muito que se faz investigação experimental em reactores de 4ª geração - na verdade, os primeiros começaram a ser testados há mais de 50 anos!...
Vem isto a propósito de que há uma semana a China ligou à rede eléctrica, começando a gerar electricidade, o seu primeiro reactor de neutrões rápidos, de 4ª geração.
É um reactor experimental, produzindo apenas 20 MW de electricidade (65 MW de calor), mas os dois próximos, de 800 MW cada, começam a ser construídos no mês que vem, ao abrigo de um acordo de cooperação com a Rússia, e um outro de fabrico inteiramente chinês está já previsto, pela joint-venture Sanming Nuclear Power Co Ltd constituída em Abril de 2010.
Os dois reactores de 800 MW agora em construção são de concepção russa, os BN-800, e resultam do aperfeiçoamento dos BN-600 (na foto ao lado) de que há um (e único no mundo...) em exploração comercial em Beloyarks. Porém, a Índia terá também o seu, de 500 MW, em exploração no próximo ano...
É por estas e por outras que ontem mesmo o Público noticiava a contra-gosto (tanto que "contaminou" o mais que pôde a notícia...), que o Director da Agência Internacional de Energia Atómica da ONU afirmou que a produção de electricidade a partir da energia nuclear vai continuar a crescer no mundo, apesar do acidente de Fukushima (onde, recorde-se, ocorreram zero mortos e feridos). “Alguns países, como a Alemanha, reviram a sua política em matéria de energia nuclear. Mas muitos outros pensam que precisam dos reactores nucleares, especialmente para lutar contra as emissões de gases com efeito de estufa e o aquecimento global”, argumentou o referido Director.
Vendo isto, talvez compreendamos melhor o vaticínio de Robert Fogel, prémio Nobel da economia em 1993, segundo quem em 2040 o nível de riqueza per capita dos países da Ásia Oriental e do Sudeste será muito superior ao dos actuais países desenvolvidos...
Fonte: http://a-ciencia-nao-e-neutra.blogspot. ... o-seu.html
Cumprimentos e bons sonhos reactivos para o Bcarmona.
F.P.