combustíveis alternativos
pode o automóvel divorciar-se do petróleo? testámos oito soluções energéticas.
ideias para reduzir ou eliminar a actual dependência em relação ao petróleo e ao mesmo tempo defender melhor o ambiente não faltam.
neste trabalho submetemos as melhores soluções a uma prova de consumo. ao mesmo tempo avaliámos as emissões, as prestações, a economia, a autonomia e o prazer de utilização de cada uma delas.
o tratado de quioto e as “jogadas” políticas que tornaram a gasolina e o gasóleo mais caros do que nunca são factores mais que suficientes para repensarmos o futuro. a utilização de alternativas a curto e médio prazo é a melhor ideia para reduzirmos o consumo, a dependência, as emissões e, consequentemente, os encargos que temos com o combustível do nosso automóvel. este pode utilizar várias fontes de energia e, no que se refere aos motores diesel ou gasolina, a evolução é notável. para se perceber o que foi feito basta dizer que um vw carocha consumia, há 30 anos, mais de 12 litros aos cem e que o seu sucessor (o golf 1.4 tsi presente neste comparativo) gasta em média 7 litros (menos 41 por cento). é graças a este tipo de progressos que hoje 25 carros poluem menos que um único automóvel há 15 anos atrás.
do gás natural à gasolina
para além do vw golf 1.4 tsi que usa o princípio da injecção directa num motor a gasolina, reunimos neste trabalho várias ideias que vão desde um motor convencional a gasolina de injecção indirecta, representado pelo mercedes a150, até ao ford focus flexi-fuel, que tanto pode usar gasolina como uma mistura de 15 por cento de gasolina com 85 por cento de etanol (e85) num motor normal modificado, passando pelo gpl (subaru legacy), o gás natural (vw touran eco fuel), as duas soluções híbridas mais acessíveis (honda civic hybrid e toyota prius) sem esquecer a opção diesel com três por cento de biodiesel (uma mistura comum a todo o gasóleo vendido em portugal) aqui representado pelo renault mégane 1.5 dci de 85 cv, precisamente o que revelou ser o mais económico. o mais ecológico foi o ford focus quando funciona exclusivamente com o e85, enquanto a melhor ideia é a conjugação de interesses simbolizada pelos dois híbridos, que reúnem um pequeno motor a gasolina com um motor eléctrico. esta associação rende 110 cv no toyota prius e 115 cv no honda civic hybrid mas tem particularidades. o prius pode funcionar apenas no modo eléctrico, ao contrário do civic e ambos aproveitam a energia resultante das desacelerações e travagem para carregar as baterias situadas na mala.
o gpl (gás de petróleo liquefeito) e o gás natural não são ideias novas embora continuem a oferecer virtudes interessantes, como é o caso do preço (58 cêntimos para o gpl e 60 cêntimos para 1m3 de gás natural).
infelizmente, estas duas soluções, que do ponto de vista tecnológico têm sofrido progressos significativos, carecem de apoios mais consistentes como uma legislação de incentivo à diversificação das fontes de energia. enquanto o gpl já tem muitos postos de abastecimento, o gás natural só tem um posto em lisboa! esta é uma limitação bastante grande para o vw touran eco fuel, cujas quatro botijas de 18kg (26 m3) têm uma autonomia reduzida. o mesmo se passa com o depósito de 15 litros de gasolina que funciona como reserva.
diesel vence
durante o nosso ensaio, a autonomia do vw touran ecofuel não foi além dos 262 km (contra os 310 km anunciados), quase cinco vezes menos que o renault mégane que, com um consumo de 5,1 litros, ultrapassou largamente os 1000 quilómetros! o subaru também consegue ir longe sem visitar a bomba, uma vez que junta os 653 quilómetros de autonomia do depósito de gasolina com os 450 quilómetros do depósito de gpl. outra vantagem é que o recipiente para guardar o gpl deixou de ter o aspecto de uma botija de gás guardada na mala para passar a estar alojado no local do pneu sobressalente! o consumo médio deste subaru oscilou entre os 9,8 litros a gasolina e os 11,2 litros quando trabalha com gpl. mesmo assim, os custos de combustíveis são favoráveis à segunda fonte de energia. as despesas com o gás natural utilizado pela touran são muito semelhantes ao gpl (ver tabela) de acordo com o consumo de 7,5 kg (11,1 m3) aos 100 km.
no banco de potência do cepra o vw touran mostrou-se mais potente quando usa o gás natural em vez da gasolina, que só dá para percorrer pouco mais de 100 quilómetros! curiosamente, nenhum destes combustíveis alternativos revelou uma grande amizade para com o ambiente face aos níveis de co2 anunciados e registados. nesta matéria, o renault mégane 1.5 dci consegue proteger melhor o ambiente de co2!
mostrou ser o mais económico em tudo (preço, consumos, custos de combustível e autonomia) ao mesmo tempo que revelou mais potência (90 cv). o mais certinho em relação aos valores declarados pela marca foi o vw golf tsi de 140 cv, que apresentou uma média de consumo quase igual (mais 0,2 litros). é também o que proporciona o maior prazer de condução graças à grande disponibilidade de binário. o mercedes a150 não é tão agradável de utilizar nem tão económico.
a maior diferença nos consumos foi registada pelo ford focus flexi-fuel, com uma média de 10 litros a gasolina e 13,6 litros com e85. como este tipo de biocombustível não é vendido em portugal, considerámos o preço de referência praticado nos países escandinavos (86 cêntimos o litro). contas feitas, o custo de combustível desta opção energética é muito elevado.
nos híbridos a situação é mais económica, tendo em conta os benefícios ambientais. para além de reduzir o consumo e as emissões, a ajuda do motor eléctrico torna a potência e o binário mais expressivos e a condução mais agradável."
percurso - retrato do dia-a-dia
o trajecto escolhido para esta prova tentou retratar a utilização normal de um automobilista que vive na cidade, onde os consumos são mais elevados, mas que ao fim-de-semana se evade para o campo, onde a vida é menos agitada e a poluição menos intensa. o itinerário escolhido levou-nos a sair de lisboa à hora de ponta por uma artéria congestionada, a segunda circular, em direcção à ponte vasco da gama e ao alentejo, onde percorremos mais de 200 quilómetros, com passagem obrigatória pela cidade de évora. o “mix” de quilómetros percorridos entre trajectos urbanos, extra-urbanos e auto-estrada foi o utilizado pela norma sobre consumos correspondente ao consumo combinado.
texto:marco antónio
fotos:adelino gonçalves e josé bispo
metrologia:miguel gomes e cepra
comparativo publicado na revista turbo de março de 2007
ao todo, percorremos 350 quilómetros, chegando mesmo a fazer um inesperado troço de todo-o-terreno, quando nos confrontámos com o péssimo estado em que se encontrava a en1071 (leu bem, estrada nacional), que liga alcáçovas a alcácer do sal. por momentos pensámos que estávamos no lisboa-dakar!
em http://turbo.clix.pt/default.asp?cpcontentid=327422
dados do teste.


bom teste realizado pela revista turbo(com dados técnicos), que cada um retire as suas ilações