
no mundo ideal, os carros são movidos a hidrogénio, as casas quase não gastam energia, o sol e o vento é que produzem electricidade e ninguém mais teme o aquecimento global. mas nos cenários da agência internacional de energia (aie), está tudo ao contrário.
o seu relatório anual sobre o futuro energético global (world energy outlook 2007), ontem divulgado, diz que a humanidade consumirá ainda mais petróleo e carvão em 2030 do que hoje. e qualquer solução para aliviar os problemas da dependência dos combustíveis fósseis passará pela china e pela índia, os dois “gigantes emergentes da economia mundial e do mercado energético”, como diz o documento.
é a primeira vez que a aie olha em detalhe para a possível evolução futura dos dois pesos-pesados do mundo em desenvolvimento. um dado novo: os cenários, hoje, indicam que a procura de energia em 2030 vai ser quatro por cento maior do que se imaginava há apenas um ano, no anterior relatório. esta variação aparentemente pequena corresponde a mais de um terço do consumo energético actual de toda a união europeia.
outra evidência do relatório é a de que a utilização do carvão - o mais sujo dos combustíveis fósseis - vai continuar a subir em flecha, cerca de 73 por cento entre 2005 e 2030, num cenário de referência, que conta apenas com as políticas que já estão em curso neste momento. mais uma vez, a china e a índia são as locomotivas: ambas respondem por 80 por cento deste aumento.
mesmo com os preços actuais a chegarem aos 100 dólares o barril, o consumo de petróleo também sobe no futuro. em 2030, poderá chegar aos 116 milhões de barris por dia, 37 por cento mais do que hoje.
o petróleo ainda continuará a ser a fonte de energia mais usada, embora o seu peso diminua. a agência internacional de energia afirma que as reservas de petróleo são suficientes para a procura em 2030. mas não põe de parte a possibilidade de uma crise por volta de 2015, “envolvendo uma abrupta escalada nos preços”.
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