Produção de lixo tende a estabilizar nas grandes cidades

[Tó Miguel]

produção de lixo tende a estabilizar nas grandes cidades

a produção de lixo tende a estabilizar nos cinco municípios servidos pela valorsul(amadora, lisboa, loures, odivelas e vila franca de xira), estando cada vez menos resíduos a ser incinerados na central que transforma os detritos em energia.
a incineradora da valorsul, uma das cinco unidades que constituem este sistema integrado de valorização de resíduos, tem funcionado aquém da sua capacidade para queimar anualmente 662 mil toneladas, mas material não falta, por enquanto.

entre 2005 e 2006, a quantidade de lixo recebida na valorsul passou de 790 para 808 mil toneladas, um aumento atribuível sobretudo aos resíduos encaminhados por particulares (como, por exemplo, hipermercados) e pela amtres, o sistema que serve os concelhos de cascais, sintra, oeiras e mafra, e que envia uma fracção dos resíduos rejeitados para a valorsul.

pelo contrário, as entregas directas dos cinco concelhos servidos pela valorsul diminuíram, passando de 648 mil toneladas em 2005 para 641 mil em 2006.

mesmo contando com a fracção recebida em regime de prestação de serviço (recolhas de matéria orgânica em que a valorsul se substitui aos municípios), as quantidades passaram de 653 para 651 mil toneladas, uma diminuição pouco significativa, mas que pode tornar-se mais relevante este ano.

até outubro de 2007, tinham sido recebidos na valorsul, 534 mil toneladas de resíduos encaminhados pelos municípios, um valor 2,2% abaixo do que foi registado no mesmo período do ano passado.

a redução da produção de lixo pode reflectir os efeitos da crise económica, mas pode ser também sinal da estabilização a nível da produção de resíduos ou revelar a perda de população nalguns destes concelhos a favor de zonas limítrofes, como sugeriu à lusa o ambientalista da quercus, rui berkemeier.

já anália torres, directora de estudos qualidade e informação da valorsul, admitiu que a produção de lixo estabilizou e que a variação anual rondará os valores actuais.

«na década de 90 e princípios deste século assistiu-se a um aumento da produção, mas a tendência é para estabilizar», afirmou a engenheira, adiantando que «se o padrão das entregas municipais for seguido a tendência será chegar ao final do ano com uma variação em torno de 1,3%».

a valorização energética de resíduos através da queima tem diminuído no sistema da valorsul que encaminha cada vez mais lixo para o aterro.

a incineradora queimou apenas 583 mil toneladas de lixo em 2005 e ainda menos (570 mil) em 2006.

este ano deverá ficar abaixo deste valor.

até outubro de 2007, tinham sido queimadas cerca de 420 mil toneladas de resíduos, um valor 8,5% abaixo do período homólogo do ano anterior.

anália torres declarou que a situação «tem a ver com a disponibilidade da incineradora».

«o aterro é o fusível da central e recebe os resíduos que não são passíveis de incineração, como os resultantes de limpezas de ruas e jardins. responde também aos períodos de paragens programadas ou parciais na central de incineração», explicou a técnica.

rui berkemeier, da quercus, tem outra interpretação:

«está muito abaixo do que devia estar, considerando que tem capacidade para tratar 662 mil toneladas, já contando com 90% de disponibilidade. ou os equipamentos têm problemas ou a gestão está a ser mal feita».

queimar uma tonelada de resíduos permite produzir 587 kilowatts por hora, sendo essa electricidade vendida à rede, o que torna a central de incineração na unidade mais rentável da valorsul.

muito significativo foi o aumento do lixo encaminhado para a estação de tratamento e valorização orgânica (etvo).

até outubro tinham sido já recebidas nesta unidade 23.977 toneladas de resíduos (mais 319 por cento do que no mesmo periodo de 2006), das quais mais de 17.000 foram enviadas pelos municípios, e as restantes pela amtres, mercado abastecedor da região de loures (marl) e outros particulares.

em 2006, a etvo tinha recebido apenas 8.486 toneladas de resíduos.

o lixo recolhido através da prestação de serviço também aumentou significativamente, passando de 4.805, em 2005, para 9.914 toneladas em 2006, metade das quais tiveram como destino o aterro.

o mesmo não aconteceu em 2007. até outubro, das 9.222 toneladas recebidas, 8.401 foram alvo de valorização e apenas 820 tiveram como destino final o aterro.

a justificação prende-se com o funcionamento da etvo.

«é próprio do arranque de um unidade deste género», explicou anália torres. a etvo iniciou a recepção de resíduos em fase experimental em 2005 e tem estado em fase de estabilização. como se trata de um processo de digestão anaeróbia, nem sempre foi possível assegurar o tratamento porque não havia capacidade«, justificou.

diário digital / lusa

30-11-2007 17:23:00