LIXO = COMIDA

Para assuntos relacionados com o meio ambiente que não tenham nenhuma relação com energias.
Responder

Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

autoridades chinesas prometem legislação ambiental de reciclagem para 2007

a china vai aprovar em 2007 legislação ambiental para criar uma economia com base na reciclagem, disse hoje ye rutang, vice-presidente da comissão de protecção do ambiente e recursos naturais (cparn) da assembleia nacional popular chinesa.



"as leis que vão criar a economia circular, baseada na reciclagem, terão um papel chave no desenvolvimento social e económico na china ", disse o responsável da cparn, parte do órgão legislativo chinês, durante um seminário sobre a economia circular, ou economia baseada na reciclagem.

o objectivo é criar uma estrutura legal para incentivar e garantir o desenvolvimento da economia circular, sublinhou ye rutang, adiantando que a lei também deve cobrir todas as actividades sociais e económicas, desde o consumo à produção.

ye referiu também que a cparn está já a preparar o projecto de lei, em cooperação com outros departamentos e instituições governamentais, que não especificou.

o governo chinês tem vindo a prometer uma aposta cada vez maior em medidas de desenvolvimento sustentável como a reciclagem ou a maior eficiência energética dos edifícios, de forma suavizar as pressões sobre o ambiente e os recursos naturais domésticos e internacionais que o rápido crescimento económico da china tem vindo a provocar.

"devemos promover com vigor o desenvolvimento da economia circular para criar uma sociedade consciente da necessidade de poupar energia e proteger o ambiente", disse em março o presidente chinês hu jintao durante uma conferência sobre a população, recursos e ambiente.

em junho, o primeiro-ministro chinês wen jiabao reiterou também a importância da economia circular, prometendo acelerar o processo de criação legislativa e a promoção de formas de desenvolvimento sustentável para os diferentes sectores da economia.

segundo um relatório do governo chinês, divulgado na semana passada, a procura de petróleo na china vai aumentar cerca de seis por cento no próximo ano, contra um aumento da produção doméstica de 1,6 por cento.

a china, segundo maior consumidor de petróleo mundial, depende do carvão e do petróleo para satisfazer 90 por cento das suas necessidades energéticas.

http://www.rtp.pt/index.php?article=212900&visual=5
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

a. o esquema geral do processo econômico circular

o objeto de conhecimento

antes de iniciar sua pesquisa propriamente dita, o pesquisador freqüentemente acredita que seu primeiro dever é definir exatamente, antes de mais nada, seu objeto de conhecimento, delimitando-o cuidadosamente das matérias secundárias, para, então, lidar com total segurança com seu campo de trabalho. trata-se de uma idéia preconcebida completamente infundada em termos metodológicos.

simplesmente não há limites estabelecidos pela natureza entre objetos de conhecimento diferentes. quanto mais se vai ao fundo de uma matéria, tanto mais se pode também explorar sua latitude. até que ponto ir depende de cada caso individual, podendo cada um deles ser avaliado somente depois que a pesquisa tiver sido concluída. simmel bem que tinha razão quando aludiu ao fato de que "...é uma característica de nosso espírito que ele consiga construir um edifício seguro sobre alicerces inseguros em termos conceituais". o capítulo sobre o objeto tem, logicamente, de ser o último.

cabe, antes de tudo, uma referência vaga ao objeto, sem definições, uma descrição que seja possivelmente pouco conceitual mas, no entanto, o mais transparente possível.

nosso objeto de conhecimento é a economia em seu sentido mais amplo, isto é, em toda a diversidade imaginável do significado dessa palavra.

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

a finalidade na economia

trata-se de um processo no qual certos elementos têm relações definidas uns com os outros e se revezam em um fluxo constante. esses elementos são de natureza diferente: coisas, serviços, sensações etc.

mas então surge a pergunta: como podem esses elementos alheios uns aos outros formar uma estrutura homogênea? evitaremos aqui de propósito a questão acerca da finalidade e nos contentaremos com o problema da possibilidade. pois se a economia tivesse de depender também de uma finalidade mais sublime, teríamos assim de investigar primeiro a possibilidade objetiva do cumprimento da finalidade, bem como suas condições. mas se alguma finalidade for ela mesma eficaz no objeto de conhecimento, como, por exemplo, na forma de um "princípio econômico" ou de uma tentativa de satisfazer ao máximo as necessidades, então, nossa análise, que não é de natureza prática e sim puramente teórica, pode tomar por pressuposto o cumprimento da finalidade (em maior ou menor grau) e limitar-se ao "como".

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

técnica e economia

do ponto de vista da noção de processo circular, toda a discussão sobre a relação da "técnica" com a "economia" parece estar também além do limite do grupo de questões propriamente dito.

é realmente surpreendente como a maioria dos teóricos, apesar de todas as suas diferenças e até mesmo do antagonismo entre seus sistemas, concorda nesse ponto. é surpreendente como fazem da rigorosa separação entre técnica e economia um imperativo metodológico supremo e como se acusam diligentemente entre si de violá-lo.

há de se diferenciar aqui duas maneiras de abordar o assunto. primeiro, procura-se delimitar objetivamente um campo em relação ao outro, encarando-os como dois objetos distintos e incompatíveis, como se tudo que acontecesse em uma fábrica, em termos de processos mecânicos, fizesse parte da técnica e, em contrapartida, tudo aquilo que passasse pela cabeça das pessoas, em termos de considerações e avaliações econômicas, pertencesse à economia. a linha divisória ou bem passa próximo do psíquico (por exemplo, liefmann) ou é deslocada para o material.

a outra forma de abordagem tem um caráter lógico, ou melhor, teleológico: duas posturas, dois pontos de vista diferentes são confrontados um com o outro de forma que qualquer fenômeno possa ser observado tanto sob o primeiro quanto sob o segundo ângulo. a definição de gottl-ottlilienfeld diz, por exemplo: "a economia é uma organização do comércio com um propósito final; a técnica, uma maneira de fazer."2

no fundo, as duas maneiras deveriam encontrar-se em um certo nível. por essa razão há uma tendência para combiná-las. só que as tentativas de combinação padecem de artificialidade, falta de naturalidade. o motivo disso parece ser que nem um lado nem o outro conseguem alcançar o nível adequado. no caso de separá-los objetivamente, a "economia" teria de ficar reduzida à mera idéia (à maneira do objeto de conhecimento de rickert), isto é, ficaria privada de qualquer aspecto concreto, o que seria inaceitável para a forma objetiva de delimitação. no segundo caso, dever-se-ia, na verdade, colocar o ponto de partida dos diferentes pontos de vista em um plano bem acima da economia, mas isso parece ser também impossível, já que, nesse caso, desloca-se o ponto de partida para o homem, isto é, para o próprio objeto, à maneira de um "telos imanente".

para nós, tanto os fatos "técnicos" quanto os "econômicos" (no sentido da distinção objetiva) são dados constantes que serão usados como ponto de partida para nossa análise. e serão analisados da mesma forma, sem qualquer distinção, da mesma maneira que um físico, por exemplo, que, ao pesquisar as leis de flutuação e submersão, só leva em conta os pesos específicos dos diferentes corpos e não suas estruturas, natureza química e todas as suas outras características. somente depois de os próprios pesos específicos terem se tornado dados para a pesquisa pode ser considerada uma diferenciação adicional. uma análise sistemática — e para o nosso caso isso é de suma importância — é aqui impossível, devido justamente a essa inevitável diferenciação, já que a partir desse ponto as cadeias de causação tomam rumos bem diferentes.

se alguém quisesse analisar cada um dos elementos do processo econômico circular em sua forma específica, seria preciso então recorrer a um grande número de ciências sociais e naturais. as relações que ligam todos esses elementos em um todo homogêneo, à economia não são especificamente econômicas, e sim de natureza tão diferente como os próprios elementos: são físicas, biológicas, psicológicas, sociológicas etc. e quando o economista teórico, ao contrário do prático, não necessita para sua análise do processo econômico circular, de conhecimentos físicos nem biológicos, nem de quaisquer outros conhecimentos especiais, isso acontece exatamente porque ele considera a existência dessas relações como dada e não busca outras explicações. pode acontecer que a pesquisa específica de algumas relações não possa ser encontrada no âmbito de outras ciências. é o caso, por exemplo, da regularidade psicológica da satisfação das necessidades que só pôde ser explicada de forma muito limitada pela psicologia especializada. o economista pode começar por preencher as lacunas. mas com isso ele estará lidando com psicologia, da mesma forma que pode se valer de estudos meteorológicos e mesmo astronômicos (como antigamente jevons e mais recentemente moore) com o objetivo de esclarecer outras relações. em termos metodológicos, todas essas pesquisas — não interessa de que natureza, poderíamos chamá-las também de econômicas — ultrapassam os limites do problema propriamente dito.

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

custos e produto

a forma das relações que existem entre os diversos elementos do processo econômico é a única forma possível das inter-relações reais, ou seja, causal. alguns elementos são gerados por outros no processo de produção, para serem novamente usados e consumidos no decorrer da produção seguinte.

do ponto de vista da maioria das teorias, esse processo termina naturalmente no ato do chamado consumo final. para chegarmos a alguns conceitos básicos, evitaremos por hora essa questão controvertida e trataremos por enquanto da área "propriamente dita" da produção, no sentido mais restrito dessa palavra.

custos e produto são dois desses conceitos correlatos básicos. bens de custo são aqueles elementos econômicos cujo consumo no processo de produção origina produtos correspondentes.

os fatos parecem ser extremamente simples à primeira vista. para a produção de uma certa quantidade de pão é necessário um tanto de farinha, de carvão para o aquecimento etc.; para a produção de um saco de grãos, precisamos de um tanto de trabalho, de sementes, adubo e outros bens. acontece que, no primeiro caso, mais carvão pode ser consumido devido a um uso incorreto, da mesma forma que, no segundo caso, uma parte das sementes pode ser desperdiçada devido ao mau tempo. esse excesso de consumo é também parte integrante dos custos ou constituiria talvez um "consumo improdutivo"? poderíamos ir mais adiante e afirmar que o consumo produtivo de carvão de uma máquina a vapor é, por exemplo, limitado pelo equivalente termodinâmico de sua produção efetiva e que todo o resto (cerca de 70% a 80% do consumo total) acaba no ar, quer dizer, é utilizado de forma "improdutiva". em compensação, o oxigênio consumido no processo de combustão deveria, em termos físicos, representar um elemento de custo.

mas como nenhum dos dois exemplos se aplica a uma abordagem imparcial, é óbvio que há uma colisão entre a abordagem técnica e a econômica. o fato é que, nesse ponto, a teoria econômica costuma se valer de sua postura típica. aqui entra em ação o conceito de escassez, a diferença entre bens livres e bens econômicos etc. essa mudança de posição para um caminho completamente novo não nos parece necessária. tentaremos evitar qualquer ruptura para resolver, com base na realidade objetiva, essa questão aparentemente contraditória. encarado sob esse ponto de vista, o problema se apresenta na forma de escrita a seguir.

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

economia como processo circular

suponhamos que tudo que aconteça no campo dos chamados fenômenos econômicos já tenha sido total e absolutamente pesquisado em toda a sua complexidade, isto é, que todos os seus elementos, até os últimos e os mais sutis, já sejam conhecidos em suas relações legítimas. como seria possível delimitar objetivamente a área da economia em todos estes últimos elementos?

a solução seria mais simples no caso de todos os fenômenos investigados estarem ligados uns aos outros como se fossem elos de uma corrente causal. mas esse não é o caso. o processo econômico não segue tendência geral, mas de certa forma a atravessa. como mostramos, algumas linhas causais destacam-se do processo econômico e passam para o campo não-econômico.3

e, no entanto, existe uma possibilidade objetiva de separação, a saber: com a ajuda do conceito de processo circular.

antes de tudo, é preciso mencionar que os últimos elementos do processo econômico (ou melhor: da teoria econômica) se encontram em um nível muito inferior de abstração conceitual que os "últimos elementos" da análise minuciosa que acabamos de simular. (só por isso é que a teoria econômica pode se apresentar como um sistema distinto e especial.)

o resultado disso é a ambigüidade característica das relações nos fenômenos econômicos; por exemplo, vários bens de custo são usados para a produção de um bem e há diferentes possibilidades para o uso de um mesmo bem — o que, na realidade, representa, sob um ponto de vista "absoluto", uma interligação de linhas paralelas. dessa maneira, existe também a inter-relação interna dos processos econômicos, que deveria ser decomposta por uma análise levada "ao extremo". mas dessa forma não se conseguiria de modo algum uma delimitação externa, pois a fusão com a área não-econômica resultaria muito sólida devido exatamente à ambigüidade das relações.

é exatamente aqui que parece ser necessário introduzir um ponto de vista específico, sob a forma da noção do processo circular. das relações aqui em discussão só serão levadas em conta aquelas cuja análise nos levarem ao ponto de partida.

uma justificativa mais detalhada desse princípio será dada mais tarde. a seguir um exemplo de seu emprego: procurar observar a origem da força natural da água que coloca em movimento as turbinas de uma usina, a origem dos raios de sol — condição principal dos processos nos vegetais — ou a ação do vapor utilizado no cilindro de uma máquina a vapor. o caminho nos levará às áreas mais remotas do processo, sem jamais voltar ao ponto de partida. ao contrário, no caso dos bens de custo econômicos, sejam eles carvão consumido ou uma máquina usada, é possível seguir o processo de sua "reprodução" passo a passo.

de maneira concreta, pode-se apresentar todo o sistema das relações econômicas como uma longa estrada que faz um grande círculo e volta ao ponto de partida. em sua trajetória, ela se ramifica em um grande número de caminhos pequenos que se encontram parcialmente nas combinações mais diversas ou, então, se afastam totalmente. ao pesquisador só interessa aquelas direções que completem uma volta.

dessa forma, oferece-se a possibilidade de evitar o fosso entre os modos de abordagem "técnico" e "econômico". os dois pontos de vista não são opostos, mas, de fato, estão bem ligados um ao outro do seguinte modo: a estrutura técnica (no sentido objetivo) já tem de estar de pé para que se possa construir sobre sua base, ou melhor, com seus elementos, o sistema econômico (ou melhor, econômico-científico).

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

coeficientes técnicos

qualquer processo de produção é estabelecido, em primeiro lugar, qualitativamente, segundo o gênero de seus bens de custo e de seus produtos, e, em segundo lugar, quantitativamente, segundo a relação numérica que cada um desses bens tem um com o outro. sem grande esforço, é possível caracterizar claramente os bens de custo e os produtos com uma terminologia rigorosa. (queremos chamar a atenção aqui para o fato de que, sob o ponto de vista teórico, prescindiremos de toda e qualquer distinção entre os chamados materiais principais e materiais de apoio.)

é evidente que as relações quantitativas podem ser formuladas de diversas maneiras, dentro de um processo determinado qualitativamente. uma combinação dos seguintes números relativos — coeficientes técnicos — parece ser a mais adequada para esse fim:

(1) os coeficientes de custos: as relações que o número de unidades de bens de custo de qualquer espécie específica, que fazem parte de um determinado processo de produção, tem com o número de unidades de qualquer outro bem de custo envolvido na produção.
geralmente não se coloca no denominador um grupo particular de bens de custo, e sim o produto. mas, para o nosso fim, esse número relativo é inútil, já que depende do grau de produtividade, para o qual introduzimos um coeficiente independente.

(2) a relação quantitativa do produto para com o custo — o coeficiente de produtividade — é expressa pela razão entre o produto total, medido em sua unidade específica, e um dos grupos de bens de custo mencionados.

(3) e, finalmente, a distribuição do produto: seu uso em diferentes pontos do processo circular pode ser representado por um número relativo análogo ao coeficiente dos custos — poder-se-ia chamá-lo de coeficiente de distribuição. relacionam-se as unidades de produto investidas em um determinado uso ao seu número total.

não importa o tipo de bem de custo que se escolhe para divisor para calcular os dois primeiros coeficientes técnicos, pois o importante não é o tamanho absoluto dos coeficientes técnicos.

se, por exemplo, para a produção de seis unidades naturais do bem nº 1 são consumidas quatro unidades do bem nº 2 e 10 unidades do bem nº 3, então os coeficientes de custos do bem nº 1, se escolhermos como divisor o bem nº 2, serão iguais a 1 e 2 1/2. o coeficiente de produtividade será igual a 1 1/2. se o bem produzido se distribuir de forma que duas unidades sejam usadas em um processo de produção e as quatro restantes em outro processo, teremos então os coeficientes de distribuição 1/3 e 2/3, respectivamente.

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

novas combinações

até aqui consideramos o processo circular econômico como sendo um movimento de rotação que se repete eternamente. passaremos agora a analisar a possibilidade de mudanças. não se tratará, nesse caso, das causas ou forças motrizes, mas simplesmente das condições formais das transformações econômicas.

se o processo circular econômico fosse um sistema "técnico" completamente fechado, então seria naturalmente impossível que houvesse nele alguma mudança. ele seria uma espécie de perpetuum mobile que, posto em movimento, teria de repetir para sempre seu movimento contínuo. acontece que o processo econômico é apenas um aspecto de um grande complexo e, como tal, ele pode mudar seu conteúdo através da inclusão de novos e a exclusão de velhos elementos.

é objeto das ciências técnicas pesquisar as possibilidades objetivas de cada uma das mudanças específicas, assim como é tarefa da psicologia pesquisar as possibilidades subjetivas. do ponto de vista do processo circular econômico, podem-se, em princípio, considerar ilimitadas as possibilidades de mudança.

habitualmente rotula-se a mudança técnica de "nova combinação". não se trata de um termo errado, mas ele é tão vago que seria melhor não dizer nada do que usá-lo.

a combinação, por exemplo, de três teares, um trabalhador e um tanto de algodão produz uma certa quantidade de fio de algodão. com máquinas melhores, que trabalhem com menos sobras, uma quantidade maior de fios pode ser produzida. aconteceu aqui uma mudança técnica, mas a combinação permanece a mesma: três teares, um trabalhador e a mesma quantidade de matéria-prima como antes. poder-se-ia crer que se trata aqui de um mal-entendido, já que houve uma nova combinação no que diz respeito ao fator de produção "máquina".

realmente, se "decompusermos" os novos teares em seus elementos de custo, provavelmente ficará evidenciado que sua produção se efetuou com uma composição de custos diferente da antiga. isso significa que a "nova combinação" só pode ser "percebida" em um certo nível de refinamento conceitual.

por outro lado, vimos que todo objeto da "economia" está ele próprio associado a um certo grau de abstração. se esse limite for ultrapassado, as cadeias causais individuais serão desfeitas, e com isso também o objeto econômico-científico como tal.

quanto mais fundo o ponto, no qual a nova combinação ocorrer, tanto mais fina a rede das relações dos custos terá de ser imaginada em termos conceituais para se alcançar esse ponto. mas, como vimos antes, a decomposição econômica só consegue acompanhar os passos da decomposição "técnica" até um certo limite. se o ponto de mudança buscado estiver abaixo desse limite, a nova combinação realmente não poderá ser caracterizada como sendo de natureza econômica.

visto que a combinação dos elementos de custo se manifesta nos coeficientes dos custos e que, por outro lado, nem toda mudança econômica é necessariamente uma mudança exatamente desses coeficientes técnicos, o termo "novas combinações" é insustentável em sua acepção comum.

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

esquema elementar do processo econômico circular
para possibilitar uma análise exata, a noção do processo circular por nós até aqui usada tem de ser definida conceitualmente com maior precisão.

imaginemos que o processo econômico seja uma cadeia causal fechada. entre dois componentes adjacentes de uma cadeia como essa, na qual um deles aparece como causa e o outro como seu efeito direto, encontra-se um determinado intervalo de tempo infinitamente pequeno. vamos chamá-lo de período de produção elementar. durante esse pequeno período, um certo quantum, igualmente mínimo, de determinados elementos econômicos é consumido e produzido em cada ponto de produção. podemos chamá-los de produtos ou custos elementares. se relacionarmos essas grandezas infinitamente pequenas umas com as outras, surgirão números relativos finitos com os quais podemos perfeitamente operar. como de todas as grandezas elementares mencionadas (períodos de produção, custos e produtos elementares) só os períodos de produção permanecem os mesmos em todos os processos de produção, o mais apropriado é equipará-los a 1 e reduzir os diversos custos e produtos a essa base. se no curso de nossa exposição operamos daqui para a frente com números absolutos, isso só acontece por motivos de simplificação.

mais dois conceitos serão introduzidos aqui. o primeiro está relacionado ao caminho mais curto, nos períodos de produção que uma substância de bens (esse termo deve ser entendido aqui só como um símbolo, seu significado será explicado posteriormente) teria de percorrer, para dar uma volta completa, partindo de um ponto determinado do processo econômico circular, por um dos muitos e possíveis caminhos de produção, e voltando ao ponto de partida. denominaremos esse período "período mais curto de reprodução".

acontece, porém, que a mesma substância pode percorrer muitos outros caminhos, já que as trajetórias da produção se ramificam. o mais longo deles chamaremos de "período mais longo de reprodução". é óbvio que fica excluída qualquer repetição da mesma trajetória, por mais parcial que ela seja. não é necessário demonstrar que todos os elementos de produção podem ter períodos de reprodução de duração diferentes.

com a ajuda desse esquema podemos pesquisar toda a rede do processo econômico circular relativo a um elemento a qualquer, de forma que todos os elementos restantes podem ser divididos em grupos — zonas — conforme as suas distâncias mais curtas medidas por meio de períodos de produção na direção da produção, podendo cada grupo ser caracterizado por um índice de distância correspondente.

todos os pontos cujas distâncias de um ponto a0, calculadas na direção da produção, sejam iguais a um período de produção, isto é, todos aqueles pontos nos quais o elemento a é consumido como elemento de produção de custos, recebem a denominação a1, os pontos da próxima zona a denominação a2 e assim por diante (figura 1).




Imagem



sistemas similares podem ser elaborados para cada um dos pontos do processo econômico circular. se juntarmos em uma única fórmula todas as denominações que algum elemento qualquer recebe em todos esses sistemas, conseguiremos descrever com essa fórmula de forma clara e completa a posição desse elemento no processo econômico circular.

mas devemos ressaltar que a fórmula não pode ser facilmente invertida, porque as distâncias só podem ser medidas em uma determinada direção. para se evitar o uso de fórmulas de inversão complicadas (que podem ser calculadas mediante o ciclo mais curto de reprodução), pode-se simplesmente introduzir o conceito de distância negativa, e nesse caso a-1, por exemplo, denotaria todos os elementos de custo de a0.

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

etapas de produção

a rede das relações de produção dentro de um sistema de processo circular pode ser construída ou de maneira uniforme, isto é, de forma que a reprodução de cada um dos elementos dependa, estritamente falando, direta ou indiretamente da existência independente e simultânea de todos os outros elementos, ou de forma composta. nesse caso, o todo é constituído de vários grupos reproduzíveis independentemente, sendo cada um (direta ou indiretamente) suficiente para a produção de todos os outros e conseqüentemente também para a sua própria reprodução. nesse caso, trata-se na realidade de vários sistemas de reprodução completamente iguais que se sustentam um ao lado do outro com um certo deslocamento de fase.

por exemplo, no seguinte sistema de quatro componentes:4





Imagem



são os elementos a e b, de um lado, e c e d, de outro, que constituem tais grupos reproduzíveis independentemente. trata-se, portanto, na realidade, da duplicação do processo circular (a + b) ® (c + d) ® (a + b) ® (c + d) e assim por diante, com um deslocamento de fase tal que possibilite a existência simultânea de (a + b) e (c + d).

os grupos elementares independentes a, b e c, d podem ser caracterizados como diferentes etapas de produção.5 cada uma dessas etapas de produção pode evidentemente constituir por si só um sistema altamente complicado.

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

três fases da redução local da produtividade

com o auxílio do esquema elementar do processo circular podemos agora analisar o efeito de uma redução local da produtividade. pode-se dividir todo o processo em períodos individuais de produção:

período 0: a reprodução simples acontece aqui sem qualquer mudança.

período 1: no ponto a0, a produtividade baixa em 1/n de seu nível anterior. disso resulta a seguinte situação: em todos os pontos da primeira zona, que deriva seus bens de custo de a0, o consumo de a fica 1/n menor do que no período de produção 0. o resto todo permanece como no período de produção 0.

período 2: no ponto a0, a produção permanece no nível do primeiro período de produção, já que a entrega de bens de custo é igual à do período de produção 0. nos pontos da primeira zona a produção vai baixar de 1/n devido ao menor influxo de bens de custo. com isso, 1/n dos elementos complementares, os quais são consumidos aqui juntamente com a produção de a0, não são utilizados.

período 3: no ponto a0 e na zona a1 tudo permanece inalterado. as mudanças que prevaleciam na primeira zona, no decorrer do período anterior, se repetem na zona a2.

a mudança continua de forma análoga até começar a segunda fase do desenvolvimento. vimos que, paralelamente ao efeito progressivo da redução primária da produtividade do ponto a0 sobre as zonas a1, a2, a3 e assim por diante, o consumo de todos os outros elementos complementares fica reduzido na mesma proporção da do consumo do elemento a. mas, contanto que os pontos de produção desses elementos não tenham ainda sido atingidos pela onda de redução da produção, surge um excedente inútil de sua produção. mas esses acabam também sendo afetados, recebendo da mesma forma uma porção reduzida de bens de custo. o produto cai. a produção excedente desaparece.

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
o processo pode ser apresentado no seguinte esquema: a0 é o ponto de partida da mudança, ap e (ap - 1)aq são outros dois pontos de produção. os índices p, q e p - 1 denotam as relações existentes entre esses três elementos: se p > q , então p - 1 = q , já que a posição do terceiro grupo relativa ao segundo é denotada através do índice - 1. nesse caso, há duas zonas que sucedem a0 . se tivermos no entanto p < q , teremos então o caso discutido acima.4* a redução de consumo de (ap - 1)aq vai acontecer no período p, e o excedente da produção causado por ela durará q - p períodos até que seja compensado no período q por uma redução de produção igual.

período 4: agora vem a quarta fase. sua característica é que a onda de baixa de produção atinge novamente os pontos que já foram afetados por ela, uma vez, pelo caminho mais curto de reprodução. cada uma das partes do sistema será afetada por essa redução em momentos bem diferentes. enquanto alguns dos pontos de produção mal foram afetados pelas primeiras conseqüências da redução primária da produtividade, outros já poderão ter experimentado mais uma diminuição da produção.
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

aumento local de produtividade

permanecendo constantes os coeficientes de custos da primeira zona, um aumento local da produtividade não pode causar nenhuma mudança no sistema do processo econômico circular, ao contrário do caso de uma redução da produtividade. os elementos adicionais de produção que são gerados através do aumento da produtividade não poderão ser utilizados caso o aporte de bens complementares permaneça constante. eles ficam de fora do processo econômico circular.

variação dos custos

podemos, portanto, passar agora para o segundo tipo de mudança quantitativa, a variação dos custos, ou seja, a mudança nos coeficientes de custos.

se o coeficiente de custos de um elemento da zona a-1 no ponto de produção a0 aumentar de 1/n, a produção em a0 fica, com isso, reduzida em 1/n, pois, com a nova distribuição de custos, os fornecimentos do ponto a-1 para o volume de produção prévio não serão suficientes. mas, por outro lado, 1/n de todos os outros elementos da zona a-1 não serão utilizados.

a diminuição da produção no ponto a0, evidentemente, tem de ter o mesmo efeito que no caso de uma redução simples da produtividade.

no caso de uma variação oposta de custos, isto é, quando o coeficiente de custos de um elemento diminuir, a produção não sofrerá qualquer mudança, mas sobrará 1/n do bem de custo mencionado.

esse caso, portanto, pode também ser facilmente reduzido ao fenômeno já conhecido da superprodução local.

mudança dos coeficientes de distribuição

finalmente, uma mudança local dos coeficientes de distribuição tem de ter um efeito de subprodução nos pontos de produção cujo fornecimento recuou, e um efeito de superprodução nos outros pontos a favor dos quais o deslocamento ocorreu.

mudança combinada

é natural que se pesquisem agora as combinações das mudanças quantitativas elementares. os efeitos das mudanças que ocorrem no mesmo sentido (portanto só positivas ou só negativas) simplesmente se somarão. por outro lado, as mudanças que correm em sentidos contrários terão de se compensar. nesse caso, é fácil constatar que uma compensação total só é possível entre mudanças contrárias de natureza diferente, ao passo que mudanças de mesma natureza, mesmo que sejam contrárias, nunca podem ser completamente compensadas.

qualquer mudança na produtividade no ponto a0 pode ser compensada na zona a1 por uma variação contrária dos coeficientes de custos.

em contrapartida, mudanças contrárias de mesma natureza podem se compensar somente em combinação com uma variação correspondente dos coeficientes de distribuição.

depois de um crescimento local da produtividade, o processo econômico circular nunca pode ser definitivamente equilibrado por uma nova distribuição, mas, no caso de variações relativamente pequenas, é possível adiar uma superprodução aguda por alguns períodos de produção.

um exemplo simples pode ilustrar a problemática. imaginemos um sistema econômico constituído por três elementos que são produzidos inicialmente nas quantidades a, b e c.

digamos agora que no momento 0 a produção de a cresça em 1/10. vamos mostrar esquematicamente como acontecem as mudanças correspondentes na distribuição. só que a figura em forma de círculo que vínhamos usando até agora para ilustração gráfica não servirá, por isso usaremos uma apresentação na forma da tabela abaixo.

vê-se que, ao invés de uma evolução uniforme do processo circular após o aumento de produção citado, tem início um movimento pendular. aqui, a oscilação de um período de reprodução para o outro cresce constantemente, de forma que é impossível um aproveitamento total do bem afetado pelo crescimento da produção. em que período essa, digamos, "desproporcionalidade absoluta" se manifesta depende do tamanho da mudança primária da produtividade. em nosso exemplo, isso acontece no quarto período de reprodução. no caso de um crescimento de 50% da produtividade, um excedente será inevitável já depois do segundo período de produção, e se o aumento da produtividade for de 1%, a superprodução poderá ser adiada para até o décimo período de reprodução.

no caso de uma redução da produtividade, todo o processo se efetua de forma completamente análoga.

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

mudanças qualitativas

as mudanças qualitativas podem ser divididas da mesma forma que as quantitativas, isto é, em positivas e negativas: aparecimento de novos e desaparecimento de velhos tipos de elementos econômicos.

tomemos mais uma vez um exemplo elementar. em um certo ponto do processo circular, surge, sem que haja qualquer mudança dos custos, um produto de uma nova categoria nº 2 em vez do produto da categoria nº 1. se esses novos elementos (nº 2) não tiverem nenhuma ligação com os pontos de produção da próxima zona, isso é sinônimo de que haverá uma queda da produtividade para 0 no ponto de partida. o processo circular fica completamente destruído, como se, ao invés de nº 1, nada tivesse sido produzido.

se a composição dos elementos de custos mudar em qualquer ponto de produção de forma que um ou vários deles faltem, surgirá uma superprodução correspondente dos bens que se tornaram inúteis. vê-se que o efeito de qualquer mudança qualitativa acontece como um caso extremo de uma variação correspondente em termos quantitativos.

visão geral da mudança econômica

depois de termos abordado os elementos individuais da mudança econômica, tentaremos agora apresentar a visão completa de um processo circular mutável. presumiremos aqui que as possibilidades de uma mudança técnica sejam ilimitadas.

a formulação exata da questão é, portanto, a seguinte: em que tipo de mudança dos dados técnicos de um processo econômico este mantém as características do processo econômico circular? trata-se, por conseguinte, de formular ex definitione um esquema geral de mudança econômica.

mudança uniforme

seguindo o nosso pressuposto básico, temos de descartar primeiro toda aquela série de mudanças que não correspondam de forma alguma ao princípio de reprodução. acontece que existe um tipo de processo circular que satisfaz plenamente os princípios mencionados e que, apesar disso, passa por uma mudança uniforme.

ao analisarmos a redução local da produtividade, ficamos conhecendo um processo circular desse tipo. em face de uma invariável composição de custos de um conjunto fixo de elementos, a produção total de um período de produção para outro diminuirá continuamente. o equivalente a essa mudança regressiva é uma evolução progressiva análoga. é claro que esta última não pode, como vimos, ser desencadeada por um aumento local da produtividade, mas só por uma evolução simultânea e proporcional em todos os pontos do processo circular.

esse tipo uniforme de evolução pode ser facilmente entendido como caso especial de processo circular uniforme.



http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

mudança irregular

a mudança absolutamente irregular pode ser construída variando, primeiro, uma parte dos elementos de um processo de reprodução e deixando que os outros permaneçam imutáveis, e, depois, deixando os novos elementos imutáveis e submetendo os anteriores a uma mudança.

com esse tipo de mudança por etapas, o princípio do processo circular fica claro através da repetição de elementos iguais em todos os períodos adjacentes, mas, no entanto, é necessário que haja possibilidade ilimitada de mudanças a longo prazo.

esse esquema, aparentemente tão arbitrário, corresponde também à forma "prática" e imparcial de interpretação. se quisermos considerar a economia como sendo uma certa atividade racional e sistemática, então cada mudança tem de necessariamente estar vinculada a uma repetição parcial. precisamente sob esse ponto de vista, uma transformação ininterrupta e constante do processo econômico é totalmente incompreensível. de fato, um processo infindável e contínuo, como é o caso do processo econômico, só pode ser construído e conduzido de forma conscientemente racional como uma repetição permanente. tudo que é novo aparece como um meio novo para um fim antigo. uma máquina nova produz objetos "velhos". mesmo sendo nova, ela será usada para um fim antigo. não importa o tamanho do desvio, o fato é que ele tem necessariamente de ter um vínculo com o antigo trajeto. depois, esse novo por sua vez pode tornar-se um ponto consolidado. mas, por isso mesmo, é imprescindível que ele se repita.

a substituição dos custos
até agora analisamos o processo econômico circular da forma como foi apresentado em nosso esquema elementar. mas uma análise mais precisa de seus elementos mostra que esse esquema representa apenas um certo caso extremo. a relação de custos e produto tem, como qualquer outro conceito de inter-relação causal, uma certa elasticidade.

qual é o custo de 100 libras de pão? caso se conheça profundamente o assunto, é possível dar a essa pergunta um grande número de respostas bem diferentes, e todas elas estarão certas. uma seria: custa um tanto de massa, mais um tanto de carvão e de trabalho do padeiro; uma segunda pode ser: um tanto de farinha, fermento, água e carvão; e uma terceira resposta, igualmente correta, poderia finalmente ser: um tanto de semente, adubo, máquinas agrícolas, um tanto de terra hulhífera etc.

cada um dos elementos precedentes de uma cadeia causal pode ser considerado a causa de qualquer elemento subseqüente.

em conseqüência disso, podemos também modificar nosso esquema em qualquer direção. podemos, por exemplo, reduzir o número de elementos do processo circular, constituído originalmente de quatro elementos, para três.5a



substituindo 12 por seus custos (21 + 34):



da mesma forma, poderíamos eliminar um segundo elemento.6

com isso, surge um novo tipo de composição dos custos, na qual cada um dos elementos se diferencia dos outros não só qualitativa e quantitativamente, como também no que diz respeito à sua posição na seqüência de períodos sucessivos de produção: nosso novo esquema reduzido contém, por exemplo, não só períodos de produção simples, como também dobrados. isso tem de ser levado em conta também no caso da distribuição de grupos.

uma mudança no ponto que foi excluído ao se fazer a redução só pode se manifestar indiretamente no novo esquema. o processo, que pôde ser apresentado de forma bem curta e simples no primeiro esquema, se refletiria aqui só de uma forma extremamente complicada.

http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... iso&tlng=e
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

30 maneiras de aumentar o lucro da sua organização sendo bonzinho com as pessoas e o meio ambiente

dirigir a organização, seja ela de que setor econômico for, em busca da sustentabilidade socioambiental já não é mais uma iniciativa derivada da política de boa vizinhança ou uma decisão de executivos "bonzinhos", mas uma demanda inexorável do mercado e do ambiente social.

para atender as pressões da legislação, da opinião pública e os problemas globais como a pobreza, a degradação dos recursos naturais, a corrupção devastadora e os efeitos das mudanças climáticas, as empresas estão aprendendo a conviver com novas necessidades, nesta era da globalização e governança.

as respostas a estas demandas podem ser absorvidas pelos gestores de várias maneiras. a mais estúpida é não fazer nada – e organizações com este posicionamento já descobriram que estão perdendo tempo, mercado, respeito e dinheiro – estão se enterrando sozinhas. aquelas que reagem realizando programas de responsabilidade social – com maior ou menor profundidade e impacto coletivo – entendem que estão fazendo "a sua parte" e estão no caminho da cidadania. isto é um ótimo começo e merece ser incentivado, até mesmo porque, embora tenhamos pressa com as mudanças, precisamos ter paciência, porque será necessário re-educar uma geração inteira de gestores para os novos tempos.

http://www.radioagua.org/detalhe_noticia.php?id=201
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

um novo formato na economia

é necessário compreender que as empresas foram criadas em um ambiente de economia linear, com regras operacionais baseadas na extração agressiva de recursos, na maximização da produção (tirar o máximo de pessoas e máquinas), maximização do consumo e descarte inconseqüente de resíduos. o que acontecia antes e depois do processo industrial não era um problema do gestor. o lucro era uma conseqüência disto e os gestores eram avaliados pela competência em operar desta maneira. a

já a sustentabilidade exige que as empresas operem em um ambiente de economia circular, que se caracteriza pela extração eficiente de recursos, pela produção de mais com menos, pela reciclagem de resíduos, pelo consumo ético e "educado" e pela necessidade de assumir a responsabilidade por seus produtos e serviços no pós-consumo. quer dizer: agora o que acontece antes e depois do processo industrial faz parte deste processo e conseqüentemente é responsabilidade da empresa (e do gestor).

isto parece um peso excessivo, mas os novos gestores nesta economia circular, de feição sustentável, têm uma excelente noticia para incentivá-los: buscar a sustentabilidade socioambiental é um excelente negócio, dá lucro. gestores de empresas estão naturalmente focados em aumentar os lucros e crescer no mercado – e evidentemente têm que fazê-lo - mas muitos deles, por preguiça, desinformação, má vontade ou inércia, ainda imaginam justamente o contrário: pensam que adotar valores socioambientais pode tirá-los do foco e reduzir os lucros.

gestores assim são, digamos assim, tolinhos, porque o mercado mostra que os acionistas, os donos das empresas onde eles trabalham, estão cada vez mais interessados nisto por uma razão absolutamente racional: as ações das empresas sustentáveis se valorizam mais do que as que não o são! a prova está no retrospecto histórico de valorização de ações de empresas listadas em bolsas como na djs - dow jones sustainability, que apresentaram valores até 5% superiores a outras, por ano, nos últimos anos. este fato - que no brasil explica o interesse pela "fila de espera" de empresas para participar do ise-índice de sustentabilidade empresarial da bovespa – tem uma explicação absolutamente cartesiana: empresas com menores riscos, melhor governança e mais transparência, obviamente têm a preferência dos investidores.

http://www.radioagua.org/detalhe_noticia.php?id=201
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16


Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Re: LIXO = COMIDA

Mensagem por Tó Miguel »

como aumentar os lucros sendo sustentável

embora sempre fosse óbvio, não existiam relatos cartesianos sobre esta verdade. o canadense bob willard pesquisou o assunto e concluiu que ao adotar valores socioambientais uma empresa pode aumentar o lucro em até 38% e a produtividade em até 8% - na ponta do lápis! diretor da the natural step do canadá, bsc pela mcgill university e phd pela universidade de toronto, willard foi vice-presidente da ibm e dedicou grande parte de sua carreira de 34 anos pesquisando argumentos para engajar administradores de negócios com mentalidade cartesiana em programas de sustentabilidade. o resultado deste trabalho está em dois livros, sendo que o primeiro, "the sustainability advantages –7 business caso benefits of a triple bottom line", de 2002, ainda inédito em portugues, se tornou um best-seller corporativo e provocou convites para mais de 250 apresentações para corporações, universidades e governos nos tres continentes, nos últimos 3 anos.

o livro é resultado de uma ampla pesquisa, em sete tradicionais centros de custo das empresas, da qual participaram dezenas de líderes empresariais e pesquisadores universitários. o resultado final prova, de maneira clara, que quanto mais uma empresa for boazinha com as pessoas e com o meio ambiente, mais lucrativa ela será. veja porque, a seguir.

desde que comecei a trabalhar pioneiramente no brasil com consultoria para a sustentabilidade, há 15 anos, nunca vi no job-description de um executivo de uma organização com fins lucrativos, ou na descrição da missão empresarial, a expressão "salvar o planeta terra". nós sabemos que o foco dos gestores de empresas são o lucro, a produtividade, o retorno de capital, a busca pela liderança, a redução de despesas, a atração de novos talentos e assim por diante. eles vivem para isso e devem mesmo corresponder a estas expectativas, porque sem resultados lucrativos a empresa não sobrevive, não há geração de empregos nem crescimento econômico. o problema é como fazer isto – e uma gestão organizacional em busca da sustentabilidade oferece todas as respostas.

http://www.radioagua.org/detalhe_noticia.php?id=201
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16

Responder

Voltar para “Ambiente”