Lula culpa lobby de petróleo por críticas a etanol

No fórum geral debatem-se temas sobre as energias renováveis e alternativeis que não se encaixem nos restantes sub fóruns.
Também serve para discutir formas de melhorar a eficiência energética.
Responder

Autor do tópico
Tó Miguel
Membro Platinium
Membro Platinium
Mensagens: 3727
Registado: terça mai 30, 2006 8:19 pm
Localização: Montijo/PORTUGAL

Lula culpa lobby de petróleo por críticas a etanol

Mensagem por Tó Miguel »

lula culpa lobby de petróleo por críticas a etanol

o presidente luiz inácio lula da silva disse nesta terça-feira na conferência da fao sobre a crise do preço dos alimentos que os "dedos apontados contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e de carvão".

no plenário da agência da onu para agricultura e alimentos, lula disse aos líderes mundiais que "para entender plenamente as verdadeiras razões da atual crise alimentar, é indispensável afastar a cortina de fumaça lançada por lobbies poderosos, que pretendem atribuir à produção de etanol a responsabilidade pela recente inflação do preço dos alimentos".

"esse comportamento não é neutro nem desinteressado", afirmou.

lula disse que um dos principais fatores da crise são as "absurdas políticas protecionistas na agricultura dos países ricos" e distanciou a produção brasileira de etanol da americana, que é baseada no milho.

segundo ele, o milho americano só é competitivo contra a cana-de-açúcar brasileira quando "anabolizado por subsídios e protegido por barreiras tarifárias".

"não sou favorável a que se produza etanol a partir de alimentos, como no caso do milho e outros. não acredito que alguém vá querer encher o tanque do seu carro com combustível, se para isso tiver de ficar de estômago vazio", disse.

discurso

a conferência da fao, que começou nesta terça-feira, tenta chegar a uma conclusão sobre o peso dos diferentes fatores que estão causando a alta do preço dos alimentos. lula discursou no plenário diante dos chefes de estado do japão, frança, espanha, irã e argentina, entre outros.

o presidente começou o discurso afirmando que seu governo liderou o combate à fome e criticou a comunidade internacional por não dar continuidade a ações negociadas em encontros.

"findas as reuniões e apagadas as luzes, parece que as pessoas voltam-se para seus afazeres do dia-a-dia. e aí a fome é esquecida, para ser lembrada apenas quando ocorre uma explosão como a das últimas semanas."

lula falou por quase 30 minutos, o que gerou uma manifestação de desconforto do primeiro-ministro italiano, silvio berlusconi.

após o discurso, berlusconi disse que quando karl marx pediu um mês para falar aos trabalhadores sobre a revolução do proletariado, recebeu apenas três segundos. "acho que cinco minutos é um tempo bom", disse o italiano.

protecionismo

o protecionismo dos países ricos à produção agrícola dos emergentes foi um dos alvos preferidos de lula em seu discurso.

"vejo com desolação que muitos dos que responsabilizam o etanol - inclusive o etanol da cana-de-açúcar - pelo alto preço dos alimentos são os mesmos que há décadas mantêm políticas protecionistas, em prejuízo dos agricultores dos países mais pobres e dos consumidores de todo o mundo", disse.

"baratear a energia e os fertilizantes e acabar com os subsídios intoleráveis da agricultura nos países ricos - estes são nossos maiores desafios hoje."

"é preciso reconhecer que, se a agricultura dos países em desenvolvimento tivesse sido estimulada por um mercado livre, talvez não estivéssemos vivendo essa crise de alimentos."

vilão

lula disse que a inflação dos alimentos é causada não só por um fator, mas por vários - como a alta do petróleo, as mudanças cambiais, a especulação nos mercados financeiros, as quedas nos estoques mundiais, o aumento do consumo em países em desenvolvimento, como china, índia, brasil e as políticas protecionistas dos países ricos.

"os biocombustíveis não são o vilão que ameaça a segurança alimentar das nações mais pobres", disse.

sobre o preço do petróleo, lula apresentou uma série de estatísticas. ele disse que o petróleo, que representaria 37% da matriz energética brasileira, seria responsável por 30% do custo final.

"aí, eu me pergunto: e quanto não pesa o petróleo no custo de produção de alimentos de outros países que dele dependem muito mais do que nós? ainda mais quando se sabe que, nos últimos anos, o preço do barril saltou de 30 para mais de 130 dólares."

lula também rebateu as críticas de que o etanol estaria invadindo outras lavouras ou que ela ameaçasse a amazônia, citando que toda a cana produzida no brasil estaria em apenas 2% da área agrícola do país.

"há críticos ainda que apelam para um argumento sem pé nem cabeça: os canaviais no brasil estariam invadindo a amazônia. quem fala uma bobagem dessas não conhece o brasil", disse lula.

"99,7% da cana está a pelo menos 2 mil quilômetros da floresta amazônica. isto é, a distância entre nossos canaviais e a amazônia é a mesma que existe entre o vaticano e o kremlin."

soluções

o presidente concluiu o discurso dizendo que sempre foi um otimista e que ainda confia na capacidade da humanidade de criar novas soluções diante de novos desafios.

"a solução não está em se proteger ou em tentar frear a demanda. a solução está em aumentar a oferta de alimentos, abrir mercados e eliminar subsídios de modo a atender à demanda crescente. e para isso é necessário uma mudança radical nas formas de pensar e atuar."

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/ ... 631736.asp
"ECOnomia também pode ser ECOlogia"
Sócio ANE Nº 16

Responder

Voltar para “Geral”