apesar do mercado estar totalmente liberalizado desde 4 de setembro do ano passado, a edp continua praticamente sem concorrência no segmento industrial. situação que é ainda mais gritante quando se passa para os consumidores domésticos, onde a edp aparece como a sua própria rival, uma vez que é a única empresa que tem uma proposta para o mercado liberalizado.
um cenário que o presidente da maior petrolífera nacional, ferreira de oliveira, promete agora mudar. e o primeiro passo acaba de ser dado. a sua participada galpower recebeu da direcção geral de geologia e energia uma licença para comercializar electricidade e que lhe permite a compra e venda por grosso e a venda a retalho.
a existência de margens de comercialização negativas no mercado liberalizado fez com que as tarifas fixadas pelo regulador fossem mais atractivas. mas a galp acredita que a situação se vai agora alterar. até porque a tendência é de subida dos preços da electricidade e, em novembro, o regulador português deverá fixar o novo quadro regulatório das tarifas para o próximo ano.
a galp tem, porém, contra si um constrangimento que ferreira de oliveira pretende contornar no curto/médio prazo: a falta de produção própria de electricidade.
apesar da galpower estar focada na comercialização e geração de electricidade, a partir de centrais de cogeração, energias renováveis, sobretudo eólica e de centrais de ciclo combinado a gás natural, a empresa ainda não tem activos operacionais. nem tal deverá acontecer nos próximos tempos. só na semana passada é que o ministério da economia adjudicou ao consórcio ventinveste, onde a galp detém uma participação de 34%, a atribuição de 400 mw de potência eólica. por outro lado, a central de ciclo combinado a gás que tem programada para sines sofreu vários atrasos, tendo comprometido a data de arranque inicialmente programada para 2009. restam as centrais de cogeração que pretende instalar nas refinarias de sines e porto, com 160 mw de potência e uma eventual participação na gestão da barragem do alqueva. outra aposta serão os concursos para centrais hidroeléctricas que o governo vai lançar e que a galp promete estar presente em todos.
ferreira de oliveira deixa, porém, em aberto outras alternativas mais imediatas, como o aluguer a terceiros de centrais eléctricas e a compra de electricidade na bolsa espanhola para satisfazer os seus futuros clientes.
à decisão de avançar para o negócio da electricidade não é alheio o arranque da liberalização do sector do gás natural a partir de 1 janeiro de 2008. cenário que irá conduzir à perda de quota num mercado onde também é quase monopolista. e a edp também já fez saber que não dará tréguas nesta área. para compensar a erosão que vai sofrer a nível interno, ferreira de oliveira revelou que a galp vai, já a partir de setembro, iniciar a venda de gás natural em espanha.
confronto com a ren
o negócio da venda dos activos regulados do gás natural da galp à ren, uma imposição do governo de josé sócrates, poderá vir a acabar na barra dos tribunais. a petrolífera não aceita os 23,3 milhões de euros relativo ao acerto de contas que está a ser proposto pelos bancos e admite recorrer à arbitagem. a ren pagou à galp, em setembro de 2006, 526,3 milhões de euros. valor que resulta dos 995,9 milhões referentes ao valor dos activos, deduzidos de 469,6 milhões de dívida assumida. o acerto final de contas ficou então dependente da definição do quadro regulatório do gás por parte da erse, que só em maio fixou as condições e tarifas de acesso de terceiros a estas infra-estruturas, permitindo assim a privatização da ren. os 23,3 milhões de euros resultaram da média aritmética das três avaliações realizadas por bancos de investimentos. a ren e a transgás encontram-se, porém, a analisar as respectivas avaliações, bem como questões fiscais e de aplicação das tarifas de gás transitórias que a ren já admitiu poder vir a resultar num saldo credor a seu favor, de valor ainda por determinar. facto que a galp contesta.
desafios estratégicos
a galp vai definir, até ao final do ano, os novos desafios estratégicos da empresa para o horizonte de 2015-2020. o seu presidente, ferreira de oliveira, diz que os actuais objectivos, programados para o período de 2007-2010 e que envolvem um investimento global de 3.5 mil milhões de euros, já estão todos transformados em programas operacionais. resta assim, assegurou este mesmo responsável, apresentar uma nova ambição para a empresa que permita criar valor para os seus accionistas.
impostos polémicos
a galp está a perder entre 100 a 150 milhões de litros de venda de combustíveis por ano devido à diferença de impostos verificada entre portugal e espanha. o presidente da galp, ferreira de oliveira defende que portugal deve ter um imposto sobre produtos petrolíferos (isp) ao mesmo nível do que o país vizinho. a gasolina é, por cá, mais cara 26 cêntimos e o gasóleo, 22 cêntimos do que em espanha. este imposto e o iva pesam actualmente 14% na receita fiscal do estado.
ana maria gonçalves

retirei esta info do:
http://www.forumenergia.eu